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A brasileira Florinda Bolkan, uma estrela internacional


A brasileira Florinda Bolkan trabalhou pouco no Brasil, mas tornou-se uma estrela internacional, atuando principalmente no cinema italiano, sob direção de mestres como Luchino Visconti, Vittorio De Sica e Damiano Damiani.


Florinda Bolkan nasceu Florinda Soares Bulcão, em Uruburetama, Ceará, no dia 15 de fevereiro de 1941. Filha do poeta, jornalista e político José Pedro Soares Bulcão (1873-1942) e de sua segunda esposa Maria Hosana Sousa Bulcão. Ela viveu algum tempo em Fortaleza e depois mudou-se para o Rio de Janeiro, onde já morava uma de suas irmãs.

No Rio, Florinda teve alguns empregos, até começar a trabalhar como comissária de bordo da Varig. Viajando constantemente para os Estados Unidos, começou a fazer trabalhos por lá, inclusive comerciais de televisão. Florinda então começou a frequentar o Jet Set internacional. Ela ficou amiga do playboy Porfirio Rubirosa, e sua esposa, a atriz Odile Rodin (depois Odile Rubirosa). No exterior, ela mudou seu nome pra Bulkan, porque Bulcão era impronunciável para os estrangeiros.

Em 1960, Florinda fez sua estreia como artista. Ela era uma das muitas moças brasileiras que distribuíam café no espetáculo Extravaganza Brasileira, no Radio City Music Hall, estrelado pela vedete Salomé Parísio.

Em 1968 Florinda estreou no cinema, atuando em Candy (Idem, 1968), uma co-produção entre norte-americana, rodada na França e Itália. O filme tinha um elenco estrelar, que incluía Marlon Brando, Ewa Aulin, Charles Aznavour, Richard Burton, John Huston, Walther Matthau, Elsa Martinelli, o Beatle Ringo Starr, John Huston, Anitta Pallenberg, e outros.

 Florinda Bolkan e Walther Matthau em Candy

Na época, a imprensa especulo que Florinda e Burton, então casado com Elizabeth Taylor, tiveram um romance, um dos muitos relacionamentos atribuídos a ela pela revistas de fofocas.

Elizabeth Taylor, Helmut Berger, Florinda Bulkan e Richard Burton

Em seu filme seguinte, Momentos Eróticos (Una ragazza piuttosto complicata, 1969), ela foi dirigida por Damiano Damiani. Depois, com Peter Falk e John Cassavetes, atuou em A Fúria dos Intocáveis (Gli intoccabili, 1969). Florinda Bolkan ainda atuou em Numa Noite... Um Jantar (Metti, una sera a cena, 1969), O Ladrão de Crimes (Le voleur de crimes, 1969) e O Soldo da Corrupção (Un detective, 1969), com Franco Neri e Adolfo Celi, ator italiano que foi casado com Tonia Carrero.

Por seu trabalho em Os Deuses Malditos a atriz ganhou seu primeiro Donatello, um dos maiores prêmios do cinema italiano, que foi dividido com Olivia Hussey e Leonard Whiting, os astros de Romeu e Julieta (Romeo and Juliet, 1968).

Em 1968 o jornalista Samuel Wainer, exilado em Paris, apresentou Florinda a condessa Marina Cicogna, produtora cinematográfica de filmes como A Bela da Tarde (Belle du Jur, 1967). Marina convidou Florinda para passar as férias em sua residência no interior da Itália, e lá a apresentou a seu primo, o cineasta Luchino Visconti. Ele se encantou com a moça, e a convidou para atuar em Os Deuses Malditos (La caduta degli dei, 1969), ao lado de Dirk Bogarde, Ingrid Thullin, Charlotte Rampling e Helmut Berger.


Helmut Berger e Florinda Bolkan em Os Deuses Malditos


Seu filme seguinte foi Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (Indagine su un cittadino al di sopra di ogni sospetto, 1970), de Elio Petri. Este é considerado por muitos seu melhor papel no cinema. Em 1970 ela ganhou seu segundo Donatello por O Anônimo Veneziano (Anonimo veneziano, 1970). Ela ainda ganharia mais um prêmio por seu desempenho em Caros Pais (Cari genitori, 1973), que ainda tinha Maria Schneider no elenco.

Em 1971 ela voltou a trabalhar em uma produção americana, atuando em O Último Refúgio (The Last Valley, 1971), ao lado de Michael Caine e Omar Sharrif.

 Omar Shariff, Florinda Bolkan e Michael Caine em O Último Refúgio

Ela e Shariff ainda atuariam juntos novamente em O Direito de Amar (Le droit d'aimer, 1972). Florinda Bolkan atuou mais de 50 filmes, a maioria deles feitos na Itália, principalmente na década de 70. Ela contracenou com astros como Terence Stamp, Irene Papas, Giuliano Gemma, Kirk Douglas (na Itália), Romy Schnneider, Christopher Plummer, Maximillian Schell, Claudia Cardinale, David Janssen e Geraldine Chaplin.

Vittorio de Sica a contratou para estrelar Amargo Despertar (Una breve vacanza, 1973). O cineasta lhe disse: "Escolhi você porque seus olhos são de quem já conheceu a fome". Ao que Florinda respondeu: "Quem nasce no Ceará traz uma carga de verdade muito dura e forte".

 Florinda Bolkan em Amargo Despertar

Em 1975 ela atuou em outra produção norte-americana, O Heróico Covarde (Royal Flash, 1975), ao lado de Alan Bates e Malcolm McDowell. Em 1979 ela atuou em Manaos (1979), uma produção mexicana, filmada na Amazônia. Foi sei primeiro trabalho feito no Brasil, embora não seja uma produção brasileira.

A partir da década de 80 ela também começou a participar de produções da televisão italiana. Em 1987 ela finalmente atuou no Brasil, protagonizando a minissérie A Rainha da Vida (1987), ao lado do cantor Fagner, na TV Manchete. A série era um pouco inspirada em sua vida, uma mulher pobre que saiu do Ceará, para se tornar estrela do cinema na Itália, e que agora voltava famosa para o Brasil.


Florinda Bolkan e Fagner em A Rainha da Vida
Após estrear em uma produção brasileira, ela foi para os Estados Unidos, onde fez a comédia Essas Garotas (Some Girls, 1988), estrelada pelos então "adolescentes" Patrick Dempsey e Jennifer Connelly.


Florinda Bolkan (de vermelho) e o elenco de Essas Garotas


Ela ainda atuaria no mesmo ano em Prisioneiro do Rio (Prisoner of Rio, 1988), uma co-produção entre os Estados Unidos e Inglaterra, filmada no Brasil. O filme contava a história do assaltante inglês Ronald Biggs, que se refugiou no Brasil. No elenco, além de Florinda, vários artistas brasileiros como José Wilker, Zezé Motta, Breno Mello, Elke Maravilha e até o cantor Lulu Santos. Ronald Biggs também atuou no filme.

Após fazer uma série de filmes na Itália, França e Alemanha, ela retornou ao Brasil pelas mãos de Fábio Barreto em Bela Donna (1998). Em 2000, Florinda Bolkan voltou a atuar no Brasil, e também dirigiu seu primeiro (e único) filme, Eu Não Conhecia Tururu (2000). O filme conta a história de quatro irmãs, de uma família de classe alta cearense, que se reencontram depois de anos para o casamento de uma das irmãs.


Maria Zilda, Florinda Bolkan, Ingra Lyberato e Suzana Gonçalves em Eu Não Conhecia Tururu

Florinda ainda atuou em mais três produções italianas, e após muitos anos longe das telas do cinema, retornou ao cinema no italiano O Sonho de Uma Família (Magari, 2019).

Florinda Bolkan, atualmente

A atriz mora atualmente em Villa Voltarina, Itália, onde dedica seu tempo a obras de caridade para crianças brasileiras e italianas.

Embora tenham inventado inúmeros namoros para ela, e de ter vivido alguns anos com o ator Helmut Berger (apenas como amigos), Florinda Bolkan foi companheira da condessa Marina Cicogna por mais de 20 anos, e sempre falou abertamente sobre o relacionamento.

 Florinda Bolkan e Marina Cicogna

Sua irmã, Sônia Ribeiro Bogner, foi uma importante modelo e posteriormente estilista internacional. Ela casou-se em 1972 com o fotógrafo Willy Bogner Jr., e faleceu em 2017, aos 66 anos de idade.

Sônia Ribeiro Bogner




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