Kirk Douglas, um dos mais importantes atores da história do cinema,
nasceu Issur Danielovitch, em 9 de dezembro de 1916, em Amsterdã,
Holanda. Nascido em uma família muito pobre, ainda criança, migrou com a
família para os Estados Unidos, onde mais tarde nacionalizou-se
americano. Judeu, seu primeiro idioma foi ídiche.
Foi vendedor de sanduíches, entregador de
jornais, jardineiro e exerceu mais de 40 profissões diferentes entre a
infância e a adolescência. Durante o ensino médio, começou a atuar no
grupo de teatro amador da escola, mas não tinha dinheiro para
matricular-se na faculdade de interpretação ao final do curso.
Ele, então, procurou o reitor da Universidade St. Lawrence e mostrou
seu currículo com honras ao mérito e explicou sua situação. O reitor lhe
fez um empréstimo pessoal, que Douglas pagou trabalhando como servente
da propriedade do reitor. Posteriormente, ele conseguiu uma bolsa como
lutador de luta livre.
Kirk Douglas conseguiu uma bolsa para atuar na American Academy of Dramatics School, em Nova York. Lá conheceu uma jovem aspirante a atriz, que foi fundamental para o lançamento de sua carreira: Lauren Bacall.
Eles tiveram um breve romance, mas perceberam que seriam melhores como
amigos. Ao fim do relacionamento, Douglas se apaixonou por uma atriz
amiga de Bacall, Diana Dill, com quem ele se casou em 1943.
Lauren Bacall e Kirk Douglas
Kirk e Diana ficaram casados até 1951, e tiveram dois filhos, os atores Michael e Joel Douglas.
Em Nova York, Douglas passou por grandes
dificuldades financeiras. Chegou a ser preso por vadiagem por morar na
rua e seu único casaco para se aquecer no inverno fora dado por Lauren
Bacall, que pediu a um tio um casaco sobressalente para presentear ao
amigo.
Como ator, fez pequenos trabalhos no rádio e no teatro, além de atuar
em alguns comerciais para a televisão. Em 1943, ganhou destaque no
teatro ao substituir Richard Widmark em Kiss and Tell (1943). O ator não almejava o cinema, mas recebeu um convite vantajoso para ingressar na grande tela.
O produtor Hal B. Wallis convidou Kirk para um papel importante em O Tempo Não Apaga (The Strange Love of Martha Ivers, 1946), estrelado por Barbara Stanwick. Foi a amiga Lauren Bacall, já uma estrela, quem o indicou para o produtor.
Barbara Stanwick e Kirk Douglas em O Tempo Não Apaga
A carreira do ator foi crescendo rapidamente, e ele consagrou o estilo de homem durão.
O estrelato chegou ao protagonizar O Invencível (Champion, 1949), que lhe valeu sua primeira indicação ao Oscar. Em seguida, o ator atuou em Êxito Fugaz (Young Man with a Horn, 1950), ao lado de Doris Day e da amiga Bacall. Eles só trabalhariam juntos em mais um filme, Em Busca dos Diamantes (Diamonds, 1999), rodado quase 50 anos depois.
Doris Day, Kirk Douglas e Lauren Bacall em Êxito Fugaz
Em 1951, Kirk viveu o jornalista inescrupuloso em A Montanha dos Sete Abutres (Ace in the Hole, 1951), do diretor Billy Wilder. Entre seus maiores sucessos estão os filmes Assim Estava Escrito (The Bad and the Beautiful, 1952), que lhe valeu sua segunda indicação ao Oscar, e 20.000 Léguas Submarinas (20.000 Leagues Under the Sea, 1954).
Cada vez mais o ator procurava atuar em papéis desafiadores e em filmes
com histórias fortes, geralmente com críticas sociais.
Kirk Douglas em 20.000 Léguas Submarinas
Em 1955, ele montou a sua própria produtora, a Bryna Productions, que
recebeu o nome de sua mãe. Em sua produtora realizou filmes como Glória Feita de Sangue (Paths of Glory, 1956) e Spartacus (Idem, 1960), ambos com o então desconhecido diretor Stanley Kubrick. Em Spartacus,
Douglas enfrentou o Machartismo e contratou o roteirista Dalton Trumbo,
incluído na lista negra, para escrever o roteiro e usar seu nome
verdadeiro para assinar a obra. Curiosamente, Trumbo não gostou da
atuação de Kirk no filme, dizendo que ele exagerou um pouco no papel.
Kirk Douglas em Spartacus
Douglas recebeu sua terceira indicação ao Oscar por seu papel como Vincent Van Gogh em Sede de Viver (Lust for Life, 1956), mas nunca ganhou o prêmio. Em 1998, ele foi agraciado com um Oscar Especial pelo conjunto de sua obra. Assista ao vídeo, com legendas em português, aqui.
Douglas também atuou em diversos filmes onde interpretou oficiais militares e em muitos westerns. Inclusive, ele considera o western Sua Última Façanha (Lonely Are the Brave,
1962) seu melhor filme. Também escrito por Trumbo, o filme recebeu boas
críticas, mas foi um fracasso de bilheteria por ter tido dificuldades
de distribuição devido à perseguição política a Trumbo.
Em 1963 o ator veio ao Brasil, acompanhado de sua esposa Anne Buydens. Por aqui, visitou Brasília, o Rio de Janeiro (onde pulou o carnaval) e São Paulo, além de se refugiar por uns dias no Guarujá. Já contamos esta história aqui.
Em 1963 o ator veio ao Brasil, acompanhado de sua esposa Anne Buydens. Por aqui, visitou Brasília, o Rio de Janeiro (onde pulou o carnaval) e São Paulo, além de se refugiar por uns dias no Guarujá. Já contamos esta história aqui.
O ator continuou atuando com muita frequência no cinema e televisão nos anos seguintes. Em 1973, dirigiu seu primeiro filme, As Aventuras de um Velhaco (Scalawag, 1973). Neste mesmo ano atuou em uma versão musical de O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde, 1973), feita para a televisão.
Na década de 1990, demonstrou ser um bom comediante atuando em filmes como Oscar - Minha Filha Quer Casar (Oscar, 1991) e Os Puxa-Sacos (Greedy,
1994). Em 1996, sofreu um acidente vascular cerebral, que o deixou com
dificuldades de fala. Em 1991, ele sobreviveu a um grave acidente de
helicóptero.
Ainda querendo atuar, fez tratamento para melhorar sua dicção. Retornou ao cinema no filme Em Busca dos Diamantes (Diamonds,
1999), onde interpretou um antigo pugilista que tentava se recuperar de
um AVC. Douglas sugeriu sua velha amiga Lauren Bacall para o elenco.
Kirk Douglas e Lauren Bacall em Em Busca dos Diamantes
Em 2003, seus filhos Michael e Joel Douglas produziram o filme Acontece nas Melhores Famílias (Runs in the Family,
2003). Kirk protagonizou a obra, coadjuvado por vários membros de sua
família, como o filho Michael, o neto Cameron e Diana Dill, sua primeira
esposa e mãe de seus filhos. Ele ainda faria mais dois filmes antes de
se aposentar definitivamente.
Acontece nas Melhores Famílias
Em 1954 Kirk Douglas se casou com a produtora Anne Buydens, que conheceu durante as filmagens de Sede de Viver.
O filme foi rodado na França, onde Anne, uma judia alemã, vivia desde
que fugiu do nazismo na década de 1940. Em maio de 2019, o casal
comemorou 64 anos de casados. Aposentado, ele dedica o seu
tempo a causas filantrópicas e desde 2012 mantinha um blog pessoal, sendo
creditado como o blogueiro mais velho do mundo em atividade.
E 07 de janeiro de 2018, o ator fez uma aparição surpresa na festa do Globo de Ouro, ao lado da nora, a atriz Catherine Zetha-Jones.
Kirk Douglas faleceu em 05 de fevereiro de 2020, aos 103 anos de idade.
Kirk Douglas e Catherine Zetha-Jones
Relembre os artistas que morreram em 2020
Leia também: Eric Douglas, o outro filho ator de Kirk Douglas, que morreu com apenas 46 anos de idade
Leia também: Quando Kirk Douglas veio ao Brasil
Leia também: A lendária Olivia de Havilland
Leia também: Susan Hayward e a luta para viver
Veja também: Tributo a Jeffrey Hunter
6 Comentários
Assisti os filmes do Kirk Douglas, sempre fui seu fã. Uma vida muito rica.👏👏👏
ResponderExcluirQuanto respeito e delicadeza na construção desta matéria e no vídeo homenagem. Emocionante. Parabéns!
ResponderExcluirFALTOU UM DOS MELHORES FILMES DE KIRK,, " CACTUS JACK O VILÃO"
ResponderExcluirOs anos noventa foram um lixo de época sendo inclusive que as múmias da velha Hollywood feito o finado Kirk Douglas por exemplo também não me fazem a menor falta.
ResponderExcluirPor falar nas múmias de Hollywood, o Peter Jackson ficou parecendo uma múmia ambulante depois que ele emagreceu sendo que ele já era feio pra cacete quando era gordo e ficou ainda pior depois que perdeu peso.
ResponderExcluirUma feminazi moderna de Hollywood que era muito bonita e que agora virou um bagaço depois de velha é a tal da Evangeline Lilly.
ResponderExcluir