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O breve Robert Walker, um astro atormentado


Lembrando principalmente como o frio e mimado Bruno Anthony de Pacto Sinistro (Strangers on a Train, 1951), de Alfred Hitchcok, Robert Walker foi um astro que conquistou muito em Hollywood em sua breve vida.

Morto aos 32 anos de idade, ele firmou-se como um talentoso ator, que esbanjava naturalidade e interpretou tantas vezes almas torturadas, que espelhavam os demônios que assombravam o ator em sua vida pessoal.




Robert Hudson Walker nasceu em Salt Lake City, Utah, em 13 de outubro de 1918. Seus pais se separaram quando ele era muito pequeno, fazendo com que Robert desenvolvesse ansiedade e depressão. Esta perda acabou marcando seus primeiros anos escolares, fazendo do jovem Robert Walker um menino agressivo e com constantes ataques de raiva, que fizeram com que ele fosse expulso de diversas escolas.

Para controlar sua raiva, sua mãe o colocou em um curso de atuação, onde ele poderia extravasar seus sentimentos em uma atividade saudável, que o ajudava a desenvolver mais confiança e permitia ao jovens momentos prazerosos.

Walker havia protagonizado uma peça amadora, quando foi convocado para se alistar ao exército, o que interrompeu brevemente a sua carreira. Ao dar baixa das forças armadas, uma tia pagou-lhe o curso de atuação na Academia Americana de Arte Dramática.

Lá, Walker conheceu a jovem Phillis Isley, sua colega de curso. Eles se apaixonaram e se casaram em janeiro de 1939. O casal aproveito a Lua de Mel para ir para Los Angeles, em busca de trabalhos no cinema.

Mais tarde Phillis mudaria seu nome para Jennifer Jones.


Jennifer Jones e Robert Walker

Em Hollywood, ele conseguiu algumas figurações nos filmes Carnaval em Marte (Winter Carnival, 1939), Estas Grã-Finas de Hoje (These Glamour Girls, 1939), e Adorável Impostora (Dancing Co-Ed, 1939). 


Robert Walker em Carnaval em Marte

Jennifer Jones também conseguiu alguns papéis, mas o salário dos dois não era suficiente para pagar as contas, e eles se mudaram para Nova York, onde conseguiram trabalho no rádio.

Foi também em Nova York que nasceram os dois filhos do casal, Robert Walker Jr. (nascido em 1940) e Michael Walker (nascido em 1941). Ambos também se tornariam atores.


Jennifer Jones, Robert Walker e os filhos do casal


Robert Walker Jr. e Michael Walker

Em 1943 a MGM procurava uma atriz desconhecida para estrelar A Canção de Benadette (The Song of Bernadette, 1943). O produtor David O. Selzinick acabou assistindo um antigo teste de Jennifer Jones, e mandou buscá-la em Nova York.

Jones assinou contrato com o estúdio, exigindo que seu marido também fosse contratado pela MGM.  Jennifer acabou ganhou um Oscar pelo papel, e Walker ganhou um bom papel em A Patrulha de Bataan (Bataan, 1943), um filme elogiado pela crítica, mas que foi pouco visto pelo público.


Robert Taylor e Robert Walker em A Patrulha de Bataan

Sezlnick não mediu esforços para transformar Jennifer Jones em uma estrela, e também procurava bons trabalhos para Robert Walker, mas com um custo pesado demais para o jovem ator.

Jones e Sezlnick estavam tendo um caso.

Walker foi elogiado pelo seu papel em Madame Curie (Idem, 1943), e foi protagonista da comédia Senhor Recruta! (See Here, Private Hargrove, 1943).


Greer Garson e Robert Walker em Madame Curie

David O. Selznick então contratou o ator para contracenar com sua esposa em Desde Que Partiste (Since You Went Away, 1944), onde eles faziam par romântico. Mas durante as filmagens, Walker descobriu que Jones e Selznick (produtor do filme) estavam tendo um caso desde o dia em que eles retornaram a Hollywood. O ator entrou com um pedido de divórcio, e pediu para ser desligado da produção. Seznick respondeu que o contrato que ele assinará praticamente tornava-o propriedade do estúdio, e ele tinha que obedecer as ordens. As filmagens tornaram-se um inferno, com muitas brigas nos bastidores.

Selznick ainda obrigou o casal a repetir centenas de vezes, desnecessariamente, a cena de beijo entre eles. A pressão sobre Robert Walker era tanta que o ator começou a beber muito, enquanto Jones se casou com o produtor que havia transformado-a em estrela.


Robert Walker e Jennifer Jones em Desde Que Partiste

Apesar de toda a angústia sofrida nas filmagens, o filme fez de Walker um ator muito respeitado pela crítica, que via no ator uma sensibilidade e um charme rebelde e meio desajustado, no estilo de astros como John Garfield, e mais tarde, James Dean e Montgomery Clift.

Não faltaram convites para que Walker fizesse novos filmes, e ele apareceu no elenco de Trinta Segundos Sobre Tóquio (Thirtu Seconds Over Tokyo, 1944) e O Ponteiro da Saudade (The Clock, 1945).


Robert Walker e Judy Garland em O Ponteiro da Saudade


Ele também interpretou o compositor Jerome Kern em Quando as Nuvens Passam (Till the Clouds Roll By, 1946). Mas sua vida pessoal estava tão tumultuada que o vício em bebida perdeu o controle. Por precaução, os estúdios pararam de lhe dar papéis principais, e ele foi rebaixado a coadjuvante em Sonata de Amor (Song of Love, 1947).



Katharine Hepburn, Robert Walker e Paul Henreid em Sonata de Amor


Ele voltou a ser protagonista, embora o público só tivesse olhos para a beleza de Ava Gardner, em Vênus, a Deusa do Amor (One Touch of Venus, 1948). Robert Walker parecia estar recuperado, e ainda em 1948 se casou com a atriz Barbara Ford (filha do diretor John Ford).



Ava Gardner e Robert Walker em Vênus, a Deusa do Amor


Robert Walker e Barbara Ford


Mas o casamento com Ford durou apenas cinco meses, e no divórcio a atriz alegou que Walker jamais havia esquecido Jennifer Jones. Walker passou a beber ainda mais, e foi preso diversas vezes por dirigir embriagado.

Ele chegou a destruir uma delegacia durante essas prisões, visivelmente alterado, e foi mandando para uma clínica de reabilitação, onde permaneceu por quase um ano.


Quando enfim saiu, começou a fazer tratamento psiquiátrico, e só retornou ao cinema em Crê em Mim (Please Belive Me, 1950). Ele ainda atuaria em A Flor dos Maridos (The Skipper Surprised His Wife, 1950) e O Vale da Vingança (Vengeance Valley, 1951).



Robert Walker e Burt Lancaster em O Vale da Vingança 




Emprestador para a Warner, o ator esteve brilhante em Pacto Sinistro (Strangers on a Train, 1951), onde interpretou um psicopata que tentava obrigar Farley Granger a cometer um assassinato. 



Farley Granger e Robert Walker em Pacto Sinistro


Walker então começou a filmar Não Desonres o Teu Sangue (My Son John, 1952). Mas certa noite, em 28 de agosto de 1951, o ator teve um surto em seu apartamento. Sua governanta, assustada, chamou seu psiquiatra para acalma-lo.

O médico Frederick Hacker então foi até o local, e administrou uma dose de amobarbital no ator. Porém Robert Walker havia bebido, e acabou tendo uma reação alérgica ao remédio. O ator parou de respirar, e as técnicas de ressuscitação falharam, matando Robert Walker aos 32 anos de idade.


Robert Walker não havia terminado de filmar  Não Desonres o Teu Sangue, e suas cenas finais precisaram ser gravadas por um dublê, que foi dublado pelo diretor Leo McCarey.



Robert Walker em Não Desonres o Teu Sangue




Veja também: Tributo a Cary Grant



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