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Johnny Eck, o Rei dos Freaks



Por Diego Nunes

Por muitos anos os "freak shows" (show de aberrações) faziam muito sucesso nos circos e show itinerantes. Essas exposições cruéis, onde "aberrações" eram exibidas ao público, eram estreladas por pessoas com deficiências e deformidades expostas para um multidão de curiosos.

Johnny Eck, chamado de "o rei dos freaks" durante os muitos anos em que se apresentou.



John Eckhardt Jr. nasceu em Baltimore, em 27 de agosto de 1911, e tinha um irmão gêmeo, Robert, com quem fez dupla artística por muitos anos.


Johnny Eck e seu irmão gêmeo Robert

O número de Ecky consistia basicamente em explorar a condição de "meio homem", uma espécie de pessoa cortada ao meio, que andava sobre as mãos. Na verdade, ele sofria de generalose sacral, uma deformação de nascença na coluna, que fez com seus membros inferiores ficassem atrofiados. O artista tinha pernas, deformadas, que escondia sobre uma roupa especial, que davam a ilusão de que ele apenas tinha a parte superior do corpo.



Eck era um homem muito culto, que aprendeu a ler aos quatro anos de idade, e era um exímio pintor e escultor, além de ser um marceneiro habilidoso. Na juventude, ele sonhava em ser pastor, mas logo viu que não teria chance de ser respeitado em ministério religioso.

Em 1923 ele e o irmão assinaram contrato com um mágico, onde faziam a ilusão de que ele era serrado ao meio. Seu irmão, que não tinha deficiência, fingia ser um voluntário para ser cortado ao meio na caixa, onde Eck já estava escondido.

Após o mágico cortar a caixa, Eck saia andando com as mãos, diante de uma plateia atônita.  E logo Johnny Eck tornou-se uma atração lucrativa dos shows de aberrações, trabalhando em circos famosos como os Ringling Brothes, Barnum e Bailey.




Durante uma apresentação no Canadá, um empresário viu Eck e o convidou para trabalhar em Los Angeles, sem lhe dar maiores detalhes. Johnny Eck acreditou que iria trabalhar em um circo, quando foi surpreendido com um contrato na MGM.

Eck foi um dos muitos artistas de shows de variedades contratados para atuar em Monstros (Freaks, 1932), de Todd Browning. Na época, ele ficou muito amigo do diretor, que queria que Eck estrelasse seu filme seguinte, onde viveria um cientista.


Johnny Eck em Monstros (Freaks)





Olga Baclanova e Johnny Eck em Monstros (Freaks)


Todd Browning e parte do elenco de Monstros (Freaks)


Mas o filme foi um fracasso de bilheteria na época, e acabou deixando o diretor em descrédito, e o filme estrelado por Eck nunca foi feito. Além disto, o ator ficou muito frustrado quando a censura cortou boa parte do filme, tirando cerca de 30 minutos da obra, o que reduziu em muito sua aparição nas telas.


Eck então conseguiu um novo papel no filme Tarzan, o Filho da Selva (Tarzan the Ape Man, 1932), onde interpretava um pássaro gigante.


Johnny Eck em Tarzan, o Filho da Selva


Ele voltaria a interpretar a bizarra criatura novamente em A Fuga de Tarzan (Tarzan Escapes, 1936) e O Tesouro de Tarzan (Tarzan's Secret Treasure, 1941). Estes foram seus únicos trabalhos no cinema.

Sem novos trabalhos em Hollywood, ele voltou para os circos itinerantes, normalmente trabalhando em números de mágicos. Ele também trabalhou um tempo no Ripley's Belive it or Nott!, onde era anunciado como "o homem mais notável vivo".




Sempre trabalhando com o irmão (eles só se separaram quando ele atuou em Hollywood), os dois também chegaram a ter uma pequena orquestra, onde cada um tocava diversos instrumentos.




Quando os shows de aberrações perderam popularidade, Johnny e Robert Eck montaram um fliperama em sua cidade natal. Eles também montaram um parque de diversões na década de 1950, e Johnny dedicou boa parte de seu tempo também a pintura.

Johnny Eck também era um entusiasta do automobilismo, e chegou a correr em competições em um carro em miniatura feito especialmente para ele.




Na década de 1980, com a chegada de Monstros ao VHS, o filme tornou-se cult, e muitos fãs procuravam Johnny Eck. Ele montou uma espécie de museu em sua casa, onde recebia os fãs mostrando seus álbuns de recortes e contando histórias.

Mas em 1987 ladrões fingindo serem fãs invadiram a casa dos irmãos, e roubaram diversos de seus pertences. Um dos bandidos, sentou em cima de Johnny Eck, que foi torturado e humilhado por horas.


Depois disto, ele tornou-se recluso, e não saia mais de casa. Em uma rara entrevista declarou "se você quiser ver aberrações, basta ir na janela e ver a sociedade lá fora".





Em 05 de janeiro de 1991 Johnny Eck morreu enquanto dormia, vítima de um ataque cardíaco. Ele tinha 79 anos de idade.

Seu irmão Robert faleceria em 1995, aos 83 anos.

Há muitos anos o ator Leonardo DiCaprio tenta produzir um filme sobre a vida de Johnny Eck.

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