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A triste história das Quíntuplas Dionne, confiscadas pelo Estado e exploradas pelos pais

 

Em 28 de maio de 1934 Elzire Dionne deu à luz a cinco meninas idênticas, algo até então inédito. As meninas eram filhas de agricultores canadenses, de origem humilde, e que já tinham cinco filhos para alimentar.

Logo a notícia se espalhou pela vizinhança, e começou a se espalhar pelo país, chamando a atenção de diversos curiosos. As pequenas Yvonne, Annette, Cécile, Émilie e Marie, nascidas prematuras, viraram uma atração internacional rapidamente.


Todos queriam ver o fenômeno, e o médico Allan Roy Dafoe, que havia feito o parto das crianças, também se tornou uma celebridade. Após quatro meses do nascimento, a família, sem condições de alimentar as crianças (eles tinham um filho apenas 11 meses mais velho), entregou a guarda das crianças para a Cruz Vermelha local.

A instituição criou um hospital particular para as meninas, com vitrines para apresentá-las ao público, cobrando ingressos, de tempos em tempos. Mais de três milhões de pessoas visitaram está espécie de zoológico infantil.


Vendo o sucesso financeiro das exibições, o governo canadense criou a Lei de Tutela das Quíntuplas Dionne, em 1935, que tornava as meninas propriedade do Estado até os 18 anos de idade. As meninas eram uma atração turística lucrativa.

Em fevereiro de 1935 elas foram enviadas para serem expostas na Feira Mundial de Chicago, nos Estados Unidos. Onde também chamaram muito a atenção do público. Além da venda de ingressos, as meninas também estamparam diversos produtos de merchandising, bonecas, álbuns de figurinhas, souvenirs, livros, cartões postais e todo tipo de produtos, altamente colecionáveis.  Elas também protagonizaram diversas campanhas publicitárias.

As pequenas irmãs Dionne se tornaram celebridades. Em 1939, até a Rainha Elizabeth I, da Inglaterra, foi conhecer as meninas.






Além disto, no complexo onde viviam, eram constantemente testadas, estudadas e examinadas. E eram mantidas em um estilo de vida rígio, tendo aulas particulares, e quase nenhum acesso a outras pessoas que não fossem seus tutores ou enfermeiras, e eram obrigadas a limparem o local onde viviam, a medida que ficaram um pouco mais velhas.


As irmãs chamaram atenção de Hollywood, e estrearam no cinema em O Médico da Aldeia (The County Doctor, 1936), feito pela Twenthy Century Fox. Com menos de dois anos de idade, elas apenas apareciam, brincado, dormindo, e fazendo suas atividades, enquanto o astro Jean Hersholt interpretava o médico que havia feito o parto das meninas, numa espécie de filme biográfico fantasioso. A produção foi dirigida por Henry King.


O filme fez um enorme sucesso junto ao público que não tinha a possibilidade de ver as meninas pessoalmente, no Canadá. E ganhou uma sequência, As Cinco Gêmeas da Fortuna (Reunion, 1936).

A Fox ainda faria um terceiro filme, 5 do Mesmo Naipe (Five of a Kind, 1938), que além de Hersholt ainda tinha no elenco astros como Claire Trevor, Cesar Romero e Jane Darwell.


Elas também apareceram em diversos cine jornais, e em um documentário chamado Five Times Five (1939), que foi indicado ao Oscar, em 1940.

Em 1943 os pais das meninas ganharam a guarda das mesmas, na época elas tinham 9 anos de idade. A família havia enriquecido com a publicidade das pequenas, e seu pai, Oliva, chegou a fazer diversos shows onde basicamente subia no palco para o público ver de perto o pais das quíntuplas. Nos espetáculos, ele também vendia quinquilharias com a imagem das filhas.


A família construiu uma mansão, onde passou a residir com as filhas. O complexo abrigava inclusive uma escola, para elas continuarem estudando distante da escola, porém, outras dez meninas da região passaram a estudar com as Dionne, pagando uma mensalidade bastante vultuosa para ser colega de classe das celebridades.

Elas sempre tinham de ser vestidas igualmente, e não tinham os mesmos privilégios que os outros irmãos. De acordo com o relato posterior das gêmeas sobreviventes, elas eram tratadas como uma unidade de cinco partes, sempre sendo tratadas de forma coletiva.

E apesar serem a principal fonte de renda da casa, pouco viam do dinheiro recebido. Em 1995, três das sobreviventes declaram que também foram vítimas de abuso sexual por parte do pai por muitos anos.

Quando completaram 18 anos de idade, em 1952, todas as irmãs abandonaram a casa de seus pais. Três delas se casaram. Marie teve duas filhas, Annette três filhos e Cécile cinco. Émille ingressou no convento, querendo ser freira, mas morreu com apenas 20 anos de idade, após sofrer uma convulsão sozinha em sua clausura.


Yvonne formou-se enfermeira, mas trabalhou como bibliotecária. Marie foi a segunda a falecer, aos 35 anos de idade. Sem notícias da irmã há dias, foram até seu apartamento para falar com Marie, que estava morta na cama, com um coágulo cerebral.

As três irmãs sobreviventes passaram a viver juntas em 1990, após se divorciarem. Yvonne morreu em 2001, e atualmente apenas Cécile e Annette ainda vivem.


Em 1994 foi feita a minissérie Crianças de Milhões de Dólares (Million Dollar Babies, 1994) e em 1998 o governo do Canadá pediu desculpas formais pela exploração das meninas, indenizando-as num montante de 2,8 milhões de dólares, para ser dividido entre as três sobreviventes.

Muitos documentários e livros sobre a tragédia das meninas foram feitos, inclusive um livro com depoimentos pesados das irmãs, lançando em 1965. Também existem dois museus dedicados ao fenômeno das quíntuplas Dionne, que persistiu por muitos anos.


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