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Shirley Temple, a Menina de Ouro de Hollywood


Shirley Temple começou a atuar com 3 anos de idade, e logo se tornou uma das maiores estrelas de Hollywood, sendo talvez a mais bem sucedida atriz mirim da história do cinema. O talento e maturidade da pequena estrela gerou muitos boatos, incluindo o de que era uma mulher anã, de 30 anos de idade. A história era tão comentada, que o Vaticano destinou um padre para investigar se de fato ela era uma criança.



Shirley Jane Temple nasceu em Santa Mônica, em 23 de abril de 1928. Sua mãe queria fazer da filha uma estrela, e muito cedo a colocou em aulas de canto, dança e atuação. Em 1931, aos 3 anos de idade, Shirley foi matriculada em uma escola de dança em Los Angeles, e na mesma época sua mãe começou a cachear seus cabelos, que se tornaram sua marca registrada.

Foi na escola de dança que ela foi vista pelo diretor Charles Lamont, que estava trabalhando para a Educacional Pictures. Lamont chamou Shirley para um teste de elenco, e assustada, ela se escondeu atrás de um piano. Mas os produtores gostaram da menina, e lhe ofereceram um contrato, assinado em 1932.

Shirley Temple em 1931

Shirley Temple e sua mãe

Shirley Estreou no cinema no curta-metragem Runt Page (1932). Shirley atuou em diversos curta-metragens da série Baby Burlesks, que tinham cerca de 10 minutos, e satirizavam os eventos recentes ou filmes famosos.

Shirley Temple em seu primeiro filme


Shirley Temple imitando Mae West em Glad Rags to Richies


Emprestada para à Tower Productions, ela fez seu primeiro longa, The Red-Haired Alibi (1932). No ano seguinte, ela foi na série Frolics of Youth. Mas a Educacional Pictures não estava dando lucro, e para compensar os custos de produção, também colocava seu elenco mirim para trabalharem como modelos de cereais matinais e outros produtos.

Em 1933 ela começou a ser emprestada para grandes estúdios. Na Universal, atuou em Seu Primeiro Amor (Out all Night, 1933) e na Paramount fez o western Rixa Antiga (To the Last Man, 1933). 

Durante uma sessão de Frolics of Youth (1933), seu último filme na Educational Pictures, o compositor Jay Gorney a viu dançando no saguão do cinema, e a convidou para fazer um teste na Fox Film, que estava procurando uma menina para o filme Alegria de Viver (Stand Up and Cheer!, 1934).

Gorney escreveu o número musical Baby, Take a Bow especialmente para Temple. Na cena, ela dança tendo com parceiro James Dunn.





A Fox ofereceu um contrato de duas semanas para a menina, com um cachê de 150 dólares. Sua mãe também foi contratada, para ser a cabeleireira exclusiva da menina. O pai de Shirley comprou seu contrato com a Educational Pictures, que havia falido, por 25 dólares.

O contrato de Shirley na Fox foi estendido em dezembro, para um ano, mas com o mesmo cachê. Na Fox, a menina fez filmes como Carolina (Idem, 1934) e foi emprestada para a Paramount, onde fez Dada em Penhor (Little Miss Marker, 1934) e Agora e Sempre (Now and Forever, 1934).

Nos dois últimos filmes citados, Temple contracenava com a atriz Dorothy Dell, que havia sido eleita Miss Universo, em 1930. Temple e Dell ficaram grandes amigas, mas Dorothy Dell acabou falecendo em um trágico acidente de carro, com apenas 19 anos de idade.

Os produtores esconderam a morte da atriz de Shirley Temple, contando para ela apenas no set de filmagens, durante a gravação em quem Shirley precisava chorar. O diretor ligou a câmera e contou a notícia para a menina, que desabou de chorar. No filme, Shirley está chorando lágrimas verdadeiras.


Shirley Temple e Dorothy Dell

O filme Olhos Encantadores (Bright Eyes, 1934) foi o primeiro escrito especificamente para aproveitar os talentos da menina. O filme fez um enorme sucesso, e fez de Temple um dos maiores sucessos de bilheteria do estúdio. A partitura da música On the Good Ship Lollipop vendeu 500 mil cópias, e provou que Temple era uma grande fonte de renda com merchandising e produtos derivados.

Logo surgiam bonecas, livros, sabonetes, roupas e todo tipo de quinquilharia com a imagem da menina, que não ganhava nada com as vendas.






Seus pais então acharam que a menina não estava recebendo dinheiro suficiente, e contrataram um advogado para negociar seu salário. A Fox subiu seu salário para 1000 dólares por semana, e o de sua mãe para 250 dólares.

Em 1935 Shirley era o maior trunfo da Fox, que fez diversos filmes para explorar seu talento. Era o tempo da grande depressão, e o público adorava ver suas fantasias inocentes para esquecer a dura realidade do momento. Enquanto isto, nas telas, Shirley Temple cantava e dançava, e constantemente chorava também diante das maldades praticadas com suas personagens.

Em 1935 ela estrelou A Mascote do Regimento (The Little Colonel, 1935), A Nossa Garota (Our Little Girl, 1935), A Pequena Órfã (Curly Top, 1935) e A Pequena Rebelde (The Littlest Rebel, 1935).


Shirley Temple e Bill Bojangles Robinson em A Mascote do Regimento


A Fox mantinha uma equipe de 19 roteiristas só para escrever os filmes da menina. Também construiu um enorme bangalô para ela usar de camarim. Adorada em Hollywood, ela foi a primeira criança a receber um Oscarette, o Oscar Infantil (em miniatura), e ainda em 1935 colocou suas mãos na calçada da fama.


Shirley Temple recebendo seu Oscar


Shirley seguiu estrelando filmes como Pobre Menina Rica (Poor Little Rich Girl, 1936), Princesinha das Ruas (Dimples, 1936) e Pequena Clandestina (Stowaway, 1936). Nesta época, surgiram inúmeros boatos a respeito da menina.

A Fox havia feito toda a estratégia de marketing dizendo que a menina nunca tinha feito aulas de dança ou canto, o que aumentou ainda mais a suspeita do público. Rumores diziam que Shirley Temple na verdade era uma mulher adulta, anã, de 30 anos de idade.

A história era tão forte que o Vaticano mandou um padre entrevistar a menina, para ver se ela realmente era uma criança. A história era reforçada também pelo fato de Shirley Temple nunca perder os dentes de leite, e nem aparecer banguela em público ou em seus filmes. Mas na verdade a menina usava uma coroa de porcelana que escondia a sua troca de dentição.

Também diziam que a menina não era loira natural, e que seus belos cachos na verdade eram peruca. Por causa deste boato, muitos fãs puxavam o seu cabelo, tentando arrancar a peruca. Anos mais tarde, Shirley declarou que adoraria ter usado perucas para não ter que passar por cansativos processos para modelar os cachos, que demoraram muitas horas, e a obrigava a dormir sentada para não desmanchar o penteado. Além disto, ela passava por enxágues semanais de vinagre, que queimavam seus olhos.




Em 1937 a Fox chamou o lendário diretor John Ford para dirigir um filme de Temple, Queridinha do Vovô (Wee Willie Winkie, 1937), que fez um enorme sucesso. Nele, ela contracenava com astros como Victor McLaglen, C. Aubrey Smith e Cesar Romero.




Entretanto, o escritor e critico britânico  Graham Green fez uma severa crítica sobre o filme, dizendo que a menina já havia perdido a graça, e não tinha mais nada de infantil. Ele foi ainda mais pesado quando disse que Temple agradava apenas "padres e homens de meia idade". Os pais de Temple o processaram, e depositaram o dinheiro da indenização ganha num processo em um fundo fiduciário para a atriz resgatar quando fizesse 21 anos de idade. Quando recebeu a quantia, a atriz doou para a construção de um orfanato.

Ainda em 1937 ela estrelou Heidi, outro grande sucesso de sua carreira. Mas seus filmes seguintes não fizeram tanto sucesso. Sonho de Moça (Rebecca of Sunnybrook Farm, 1938) e Miss Broadway (Little Miss Broadway, 1938) não foram bem recebidos pela crítica, e Anjo da Felicidade (Just Arond the Corner, 1938) foi o primeiro a dar prejuízo.

Para levantar o nome de Temple, Darryl Zanuck (o diretor da Fox) comprou os direitos do romance A Princesinha e fez uma superprodução em Technicolor. A Princesinha (The Little Princess, 1939) foi outro grande sucesso de sua carreira.




Acreditando que a menina faria uma boa transição para a carreira de atriz adolescente, Zanuck recusou a oferta da MGM que queria Temple como estrela do clássico O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939), que acabou sendo estrelado por Judy Garland.

Temple então estrelou Suzana (Susannah of the Mounties, 1939), que foi seu último filme a dar lucro. Em 1939 ela também foi retratada pelo pintor Salvador Dalí e foi retratada em uma animação da Disney.


Shirley Temple por Salvador Dali


Shirley Temple e o Pato Donald


Seu próximo filme, O Pássaro Azul (The Blue Bird, 1940), embora hoje seja cultuado, foi um grande fracasso de bilheterias na época. Caryll Ann Ekelund, sua colega de elenco, faleceu antes do filme ser lançado, com apenas 4 anos de idade. Sua fantasia para pedir doces no dia das bruxas encostou em uma vela dentro de uma abóbora que decorava uma casa.


Shirley Temple em O Pássaro Azul

Depois Temple estrelou Mocidade (Young People, 1940), seu último filme na Fox. Foi outro grande fracasso junto ao público. Seus pais então compraram o seu contrato com o estúdio, e a enviaram para uma escola apenas de meninas.

Ao deixar a Fox, a atriz, então com 12 anos de idade, foi para a MGM. O estúdio tinha planos de colocar Temple ao lado de Judy Garland e Mickey Rooney nos filmes de Andy Hardy. Mas logo a ideia foi descartada.


Shirley Temple, Mickey Rooney e Judy Garland

A MGM então convocou Shirley para estrelar Kathleen (1941), uma história sobre uma adolescente infeliz. O filme não fez sucesso, e a MGM cancelou seu contrato. Temple então foi para a United Artists, onde fez Miss Anne Rooney (1942), onde deu seu primeiro beijo (nas telas e na vida real). O rapaz que primeiro beijou Shirley Temple foi o ex ator mirim Dickie Moore.


Shirley Temple e Dickie Moore

Mesmo assim, ela novamente não obteve sucesso, e retirou-se das telas por 2 anos, para concentrar-se em seus estudos escolares. E quando achava que já não atuaria mais, o produtor David O. Selznick foi atrás de Shirley Temple em 1944. Ela estava com 16 anos de idade.

Selznick queria devolvê-la ao estrelato, e a colocou em dois bem sucedidos filmes de guerra: Desde que Partiste (Since You Went Away, 1944) e Ver-te-ei Outra Vez (I'll Be Seeing You, 1944).


Shirley Temple, Claudette Colbert e Jennifer Jones em Desde que Partiste

Porém, após se envolver romanticamente com Jennifer Jones, o produtor logo perdeu o interesse em promover Shirley Temple, e começou a emprestá-la a outros estúdios.

Seus filmes seguintes não ganharam e nem perderam dinheiro, mas tinham um aspecto de filme "B", e pouco fizeram para projetar sua carreira. Temple fez ainda Ninguém Vive Sem Amor (kiss and tell, 1945), Amor de Duas Vidas (Honeymoon, 1947), Solteirão Cobiçado (The Bachelor and the Bobby-Soxer, 1947), Marcada Pela Calúnia (That Hagen Girl, 1947), O Gênio Vai Para a Escola (Mr. Belvedere Goes to College, 1949), e Têmpera de Vencedora (The Story of Seabiscuit, 1949).


Cary Grant e Shirley Temple em Solteirão Cobiçado

Em 19 de setembro de 1945 Shirley Temple se casou com John Agar, que era professor de educação física e membro de uma rica família de Chicago. A cerimônia lotada de estrelas de cinema foi paga por David O. Selznick, que ficou contente com toda a publicidade recebida.

Ele convenceu Agar, o marido de Shirley Temple a se tornar ator, e o colocou para contracenar com a esposa em Sangue de Heróis (Fort Apache 1948), que também tinha John Wayne no elenco. Agar e Temple ainda trabalharam juntos em Uma Mulher Contra o Mundo (Adventure in Baltimore, 1949).


Casamento de Shirley Temple e John Agar


Shirley Temple, John Agar, John Wayne e Henry Fonda em Sangue de Heróis

Mas nem o casamento e nem a carreira de Agar foram bem sucedidas. Ele tornou-se alcóolatra a medida que ganhava os holofotes, e a união se tornou insustentável. O casal chegou a ter uma filha, Susan (nascida em 1948), antes de se divorciarem, em 1949.



Shirley Temple e sua primeira filha, Susan

Em 1949 Temple atuou em A Kiss for Corliss (1949), que nem chegou a ser lançado no Brasil. No ano seguinte, após ser recusada em um teste na Broadway, anunciou sua aposentadoria.

David O. Selznick até a aconselhou a mudar-se para à Europa, e mudar seu nome artístico, para poder insistir na carreira, mas ela achou melhor se afastar.

Em 1950 ela voltou a se casar, em janeiro de 1950. Shirley Temple se casou com Charles Alden Black, um herói condecorado na Segunda Guerra Mundial, e membro de uma das famílias mais ricas da Califórnia.

Eles tiveram dois filhos, Charles Black Junior e Lori Black, que se tornou baixista da banda de rock The Melvins. Usando o nome de Shirley Temple Black, ela se tornou uma dona de casa, e em 1952 a família se mudou para Washington.

Mas em 1958 ela voltou para a mídia, quando passou a apresentar na televisão o Shirley Temple's Storybook (1958-1961), um programa infantil que apresentava montagem de contos de fadas clássicos. O programa até teve boa repercussão, mas acabou saindo do ar em 1961, devido a baixa audiência.

Além de apresentadora, ela também atuava em alguns episódios.


Shirley Temple's Storybook

Republicana e conservadora, ela concorreu ao congresso em 1967, mas não foi eleita. Porém, em 1974 o presidente Richard Nixon a nomeou embaixadora dos Estados Unidos em Gana (entre 1974 a 1976). Depois, no governo Gerald Ford, foi nomeada Chefe de Protocolo dos Estados Unidos.

Ela voltou a trabalhar como embaixadora quando George Bush a nomeou para o cargo de embaixadora na Checoslováquia (1989-1992)

 


Shirley Temple, embaixadora de Gana


Shirley Temple e o presidente Ronald Regan, em 1985

Shirley Temple e o ator Ronald Regan, quando contracenaram em Marcada Pela Calúnia


Shirley Temple e Jodie Foster



Shirley Temple faleceu em 10 de fevereiro de 2014, aos 85 anos de idade. Fumante a vida inteira, embora evitasse fumar em público, ela morreu de pneumonia e uma doença pulmonar obstrutiva crônica.









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