Embora tenha trabalhado muito na televisão, Maria Gladys foi pouco aproveitada por este veículo (normalmente relegada a papéis de empregadas domésticas), mas é uma das atrizes mais atuantes do cinema brasileiro, tendo sido musa dos ciclos do "cinema marginal" e também do "cinema novo".
Ela também é avó da atriz Mia Goth, estrela dos novos filmes de terror de Hollywood.
Maria Gladys Mello da Silva nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de novembro de 1939. Maria Gladys nasceu no bairro de Cachambi, no subúrbio carioca, e veio de uma família humilde.
Com três anos de idade teve paralisia infantil, e aos quinze engravidou de seu primeiro filho, Glayson, que não foi assumido por seu pai. Nesta época, mudou-se para o Grajaú, onde fez amizade com Erasmo Carlos. Logo ela seria apresentada também para os amigos do rapaz, Carlos Imperial, Tim Maia e Roberto Carlos, que na época apresentavam o programa Clube do Rock, na TV Rio.
Maria Gladys então tornou-se bailarina do programa, e namorou com o cantor Roberto Carlos, brevemente, neste período.
No final da década de 1950 ela começou a fazer teatro, estreando na peça O Mambembe (1959). E enquanto ainda estudava para ser atriz, entrou para a companhia Teatro Jovem. Em pouco tempo, já era uma respeitável atriz teatral, e em 1962 chocou a sociedade carioca ao estampar o cartaz de divulgação da peça O Chão dos Penitentes (1962), onde aparecia com despida, mostrando os seios. No mesmo ano, também protagonizou a peça Sétimo Céu, montada por seu amigo Domingos de Oliveira.
Na época, sem ter telefone em casa, ia até a casa de Domingos de Oliveira ligar para os amigos, e também receber seus recados pessoais. A história inspirou o diretor a escrever a peça Maria Formiga, que foi encenada por Zezé Polessa.
Sem muitas condições financeiras, dividiu um apartamento com Betty Faria, e depois uma casa no morro do Vidigal, tendo Leila Diniz como sua colega de quarto. Sua mãe havia falecido, e seu pai voltou para o subúrbio, levando o primeiro filho de Gladys para criar.
Consagrada na nova geração do teatro carioca, a atriz também começaria a ser requisitada pelos diretores de cinema brasileiros.
Maria Gladys, Emiliano Queiroz e Napoleão Moniz Freire na peça Romina e Julian
Sua estreio no cinema foi no filme Por Um Céu de Liberdade (1961), depois, fez Bonitinha, Mas Ordinária (1963) e Canalha em Crise (1964), antes de atuar em Os Fuzis (1964), de Ruy Guerra. O filme fez um enorme sucesso, e ganhou o Urso de Prata em Berlim, na categoria direção.
Maria Gladys em Os Fuzis
Os Fuzis projetou o nome de Maria Gladys como uma das novas estrelas do cinema brasileiro, e embora tenha atuado na novela O Acusador (1964), na TV Rio (onde também atuou no programa Nossa Cidade, no mesmo ano), a atriz passou quase duas décadas trabalhando quase que exclusivamente no cinema.
Ela então fez Um Diamante e Cinco Balas (1966), e atuou no clássico Todas As Mulheres do Mundo (1966), do seu amigo Domingos de Oliveira.
Domingos de Oliveira (com o dedo na boca) e o elenco de Todas As Mulheres do Mundo. De pé: Joana Fomm, Hildegard Angel, Mario Carneiro, Irma Alvarez, Flavio Migliaccio, Nazareth, Ivan de Albuquerque, Isabel Ribeiro, Ionita. Sentados: Marieta Severo, Paulo José, Domingos, Ana Cristina, Norma Marinho, Vera Viana, Leila Diniz e Maria Gladys.
Maria Gladys também atuou em Copacabana Me Engana (1968), Edu, Coração de Ouro (1968), Como Vai, Vai Bem? (1968), O Anjo Nasceu (1969), Cuidado M(adame (1970), Sem Essa, Aranha (1970), É Simonal! (1970), O Meu Pé de Laranja Lima (1970), Sangue Quente em Tarde Fria (1971), O Capitão Bandeira Contra o Dr. Mouro (1971), Piranhas do Asfalto (1971), Lúcia McCartney Contra o Dr. Moura Brasil (1971), Anchieta, José do Brasil (1977), A Agonia (1977) e O Gigante da América (1980).
E em 1979 foi tema do documentário Maria Gladys, Uma Atrdiz Brasileira, que marcou a estreia de Norma Benguell como diretora.
Maria Gladys e Wilson Grey em A Agonia
No final da década de 1970 a atriz foi contratada pela Rede Globo, onde fez diversos trabalhos nos anos seguintes, com exceção de Chapadão do Bugre (1988), produzida pela TV Bandeirantes.
Maria Gladys atuou em Plantão de Polícia (um episódio, 1979), Brilhante (11981), Bandidos da Falange (1983), Padre Cícero (1984) e Grande Sertão: Veredas (1985), mas seu maior sucesso na TV foi como a empregada doméstica Lucimar da Silva na novela Vale Tudo (1988).
Maria Gladys em Vale Tudo
Na década de 1980, apesar dos inúmeros trabalhos na televisão, continuou sendo uma presença constante nos filmes nacionais, estando no elenco de Rio Babilônia (1982), Bar Esperança (1983), Brás Cubas (1983), Os Bons Tempos Voltaram: Vamos Gozar Outra Vez (1985), Um Filme 100% Brasileiro (1985), Spray Jet (1985), O Bebê (1986) e Natal da Portela (1988).
Na TV, a atriz ainda faria Top Model (1989), Meu Bem, Meu Mal (1990), Delegacia de Mulheres (1990), Tereza Batista (1992), As Noivas de Copacabana (1992), Fera Ferida (1993), Salsa e Merengue (1996), Corpo Dourado (1998), Hilda Furacão (1998) e Mulher (1998). Nesta época, atuou menos no cinema, mas ainda fez os filmes A Grande Arte (1991), Matou a Família e Foi ao Cinema (1991), Grelado Voador (1994), O Monge e a Filha do Carrasco (1995) e Futurando (1996).
Maria Gladys em Salsa e Merengue
Relegada a papéis pequenos na TV, onde interpretou muitas empregadas domésticas, atuou também em Um Anjo Caiu do Céu (2001), O Beijo do Vampiro (2002), Senhora do Destino (2004), A Lua Me Disse (2005), Prova de Amor (2006), Guerra e Paz (2007), Negócio da China (2008), Beleza Pura (2008), Caminho das Índias (2009) e Aquele Beijo (2011). Também participou das séries As Canalhas e O Sexo e as Negas, ambas de 2014.
Até o momento, seu último trabalho na televisão foi na série Pé na Cova (2016), onde interpretou a Dra. Elizabeth Tacanha.
Maria Gladys e Debora Olivieri em Negócio da China
Nas telonas do cinema também atuou em A Breve Estória de Cândido Sampaio (2001), Liberdade Ainda que à Tardinha (2002), Apolônio Braasil, Campeão da Alegria (2003), Se Eu Fosse Você (2006), Meu Nome é Dindi (2007), Pequenas Histórias (2008), Casa da Mãe Joana (2008), Se Eu Fosse Você 2 (2009), A Alegria (2010), A Febre do Rato (2012), Tudo Que Deus Criou (2015), Duas de Mim (2017) e Me Tira da Mira (2022).
Por A Febre do Rato, recebeu uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro, e em 2018 recebeu o troféu pelo conjunto da obra no Festival de Cinema de Vitória.
Maria Gladys em Se Eu Fosse Você 2
Maria Gladys também teve uma filha, Rachel, que é mãe da atriz de fama internacional Mia Goth.
Mia Gypsy Mello da Silva Goth nasceu em Londres, em 25 de outubro de 1993. Seu pai é canadense e sua mãe é brasileira.
Mia Goth mudou-se para o Brasil com poucos meses de idade, onde morou com sua avó. Mas aos dez anos de idade foi morar com o pai no Canadá, e aos doze mudou-se para à Inglaterra, onde foi morar com sua mãe.
A pequena Mia Goth e a avó Maria Gladys, no Brasil
Aos 14 anos de idade ela foi descoberta pela fotografa de moda Gemma Booth, que a contratou para uma agência de modelos, aparecendo em anúncios publicados em revistas como a Vogue. Ela estreou no cinema em Ninfomaníaca: Volume 2 (Nymphomaniac: Vol. II, 2013). Ela foi casada com o ator Shia LeBouf, e estrelou diversos filmes em Hollywood.
Mia Goth em Pearl
Aposentada, Maria Gladys vive em um sítio no interior de Minas Gerais, onde leva uma vida simples, longe dos holofotes.
Maria Gladys atualmente
A atriz Maria Gladys e o cantor Robert Carlos, com quem namorou
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