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A breve Véra Clouzot, uma estrela brasileira no cinema francês


Véra Clouzot, apesar do nome afrancesado, era carioca. A estrela de As Diabólicas (Les diaboliques, 1955), recebeu o sobrenome do marido, o cultuado diretor francês Henri-Georges Clouzot.

Vera Gibson Amado nasceu no Rio de Janeiro, em 30 de dezembro de 1913. Ela era filha do diplomata, jornalista e escritor sergipano Gilberto Amado, que era presidente do Comite de Direito Internacional na ONU. Vera também era sobrinha de Gílson Amado, fundador da TVE, e pai da também atriz Camila Amado.

Entre seus parentes ilustres também está o escritor Jorge Amado, de quem Vera era prima.

Véra Clouzot

Educada em Copacabana, Véra Clouzot estudou no tradicional colégio SION, frequentado pelos filhos da elite carioca. Filha de diplomata, passava longas temporadas na Europa, e foi lá que ela conheceu o ator francês Léo Lapara. Eles começaram a namorar. Incentivada pelo namorado, Véra estudou intepretação na Suíça, e em seguida ingressou na companhia teatral de Louis Jouvet, do qual Lapara fazia parte.

Eles se casaram em 1941, e no mesmo ano a atriz retornou ao Brasil, numa turnê da companhia de Jouvet. Mas o astro francês achava que seu sotaque brasileiro era muito forte, e ela fazia apenas pequenos papéis de figurantes. Mesmo no Brasil, permaneceu muda em cena, já que o espetáculo era apresentado em francês.

Apesar de ficar um ano atuando no Brasil, não recebeu nenhum convite profissional por aqui.

Em 1947 Véra e Lapara se separaram, mas ela continuou trabalhando com Louis Jouvet. Em 1950 Jouvet estrelou Miquette et sa mère (1950), dirigido por Henri-Georges Clouzot. Véra trabalhava no filme, ajudando os atores a passarem suas falas.

O diretor se encantou por ela, que chegou a declarar em entrevistas que num primeiro momento não  se interessou por Clouzot, achando ele feio e um pouco arrogante. Mas a brasileira acabou se rendendo aos galanteios do diretor, e eles se casaram ainda em 1950.

Véra Clouzot e George-Henri Clouzot


Sob direção do marido, ela estrelou o filme O Salário do Medo (Le salaire de la peur, 1953), ao lado de Yves Montand. O filme fez um grande sucesso internacional, e valeu a Véra Clouzot críticas elogiosas e alguns prêmios em festivais pelo mundo. Ela começou a receber muitos convites para o cinema, mas dizia que só se sentia a vontade trabalhando com o esposo.

 Yves Montand e Véra Clouzot em O Salário do Medo

O filme fez muito sucesso no Festival de Cannes, onde a atriz conheceu o pintor Pablo Picasso, de quem se tornou grande amiga e confidente. No mesmo festival, ela também ficou amiga da brasileira Vanja Orico.

No Brasil, a atriz foi severamente criticada pela imprensa especializada, algo comum na época com brasileiros que faziam sucesso no exterior.

 Véra Clouzot,  Henri-Georges Clouzot e Pablo Picasso no Festival de Cannes, em 1953

Ela retornou ao cinema no thriller As Diabólicas (Les diaboliques, 1955), ao lado de Simone Signoret. As atrizes interpretavam duas professoras, amantes, que planejavam um assassinato. O suspense francês era considerado por Alfred Hitchcok como um de seus filmes preferidos.

No filme, Véra Clouzot interpretava uma personagem com problemas cardíacos, que se cansava e passava mal constantemente. Na vida real, a atriz também sofria do coração. Aos 15 anos de idade ela havia sido diagnosticada com estreitamento mitral, e desde então vivia com esta limitação física.

Para fazer a cena em que sua personagem morria, sabendo da condição de saúde da esposa, Clouzot exigiu o menor número de pessoas no set. Quando as pessoas desnecessárias saíram, uma equipe médica entrou no estúdio, para estarem de prontidão para qualquer emergência.

 Véra Clouzot e Simone Signoret em As Diabólicas

Em 1956 ela foi submetida a uma cirurgia no coração às pressas. O médico disse que se ela não tivesse operado, teria apenas mais dois anos de vida.

Apesar de sua frágil saúde, ela ainda atuou em Os Espiões (Les espions, 1957), também dirigido por seu marido. No filme, ela interpretava uma mulher muda, atuando apenas com expressões faciais.

 Véra Clouzot em Os Espiões

O filme foi muito desgastante para a atriz, que anunciou que estava encerrado sua carreira na atuação. Mas Véra não deixou o cinema. Junto com o marido ela escreveu o roteiro do filme A Verdade (La vérité, 1960), estrelado por Brigitte Bardot. Durante as filmagens, surgiram boatos de que o diretor e a estrela francesa Bardot estavam tendo um caso, e que, deprimida, Véra Clouzot tentou cometer suicídio. Na verdade, ela havia sido internada para uma nova cirurgia cardíaca.

No dia 30 de novembro de 1960 o coração da atriz parou. Véra Clouzot morreu em luxuoso quarto de hotel em Paris, cercada por enfermeiras, duas semanas antes de completar 47 anos de idade. Clouzot, que estava filmando, chegou minutos após a sua morte.

Gilberto Amado, seu pai, pediu licença da vida diplomática e mudou-se para Paris. Ele se recusou a ir no funeral de Vera. Mas durante anos, todos os dias, ia até o seu túmulo no cemitério de Montmartre, em Paris, onde plantou um canteiro de rosas para sua filha.


As Diabólicas foi refilmado com o título de Diabolique (Idem, 1996), tendo como estrelas Isabelle Adjani e Sharon Stone.




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2 Comentários

  1. Somos invejosos. Na mesma época ieso amalfi fazia sucesso no futebol francês e aqui a imprensa o ignorava. Villa lobos fazia carreira na França e EUA mas aqui mal se apresentava. E tom jobim teve que estourar no mundo inteiro e mesmo assim não ser nem tocado nas rádios!!!!

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  2. Michael Carvalho Silva5 de abril de 2022 às 14:47

    Nunca achei Vera Clouzot suficientemente bela e talentosa o bastante para ter se tornado uma estrela internacional e se sobretudo à compararmos com a morena e lindíssima atriz espanhola Angela Molina que foi justamente o grande e espetacular símbolo sexual artístico e mediterrâneo do cinema europeu e mundial das décadas de setenta e oitenta do século vinte além de ser uma atriz profissional extraordinariamente talentosa e carismática ao extremo como ela mesma sempre foi desde o início, podemos constatar seguramente que a própria Vera além de feia e insossa também era uma péssima e antipática atriz. Victoria Abril também jamais chegou aos pés da belíssima e inigualável Angela Molina em termos de beleza, sensualidade, elegância e carisma de modo que a fama mundial da própria Victoria como símbolo sexual e artístico e sobretudo como mito erótico e cinematográfico é completamente injustificável além de imerecida também pois ela jamais foi bela e nem atraente o suficiente para isso além de nunca ter tido talento e nem carisma o suficiente para fazer sucesso no cinema por tanto tempo assim.

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