Joan Crawford foi uma das maiores estrelas no firmamento de Hollywood. Sua vida é repleta de glórias a escândalos, como a sua famosa rixa com a atriz Bette Davis.
Porém, pouco comentada em sua biografia está a sua relação com o Brasil. Joan veio diversas vezes ao país, e em 1952 quase filmou Promissed Land por aqui. O filme ainda teria no elenco a brasileira Ruth de Souza.
Muitas de suas vindas estavam diretamente ligada a inaugurações de fábricas da Pepsi. E em uma destas viagens, Joan conheceu a estilista Zuzu Angel, de quem ficou amiga.
Em 27 de novembro de 1967 Joan veio ao Brasil (era a sua segunda viagem ao país), para inaugurar uma fábrica da Pepsi em Inhaúma (Minas Gerais). Em um coktail oferecido para a atriz, ela conheceu a estilista mineira Zuzu Angel.
Zuzu já era um renomado nome da alta costura nacional, e foi a primeira brasileira que conseguiu romper o monopólio da moda internacional, realizando desfiles no exterior, e vestindo estrelas como Margot Fonteyn, Kim Novak e Liza Minelli.
No primeiro encontro, a estrela de Hollywood e a estilista sensação do Brasil se tornaram amigas. Joan presenteou Zuzu com um anel, e encomendou 12 vestidos com a brasileira Zuzu. Ao longo dos anos, ela encomendaria guarda-roupas completos.
Uma das coleções, feita especialmente para a atriz, chamou-se Pepsi Ladies, em referência a marca de refrigerante, do qual Joan era acionista.
De volta aos Estados Unidos, a atriz manteve contato com a amiga, e tornou-se uma grande propagandista da estilista em Hollywood. Ela chegou mesmo a promover um desfile de Zuzu em Nova York, e hospedou a amiga em seu apartamento em Nova York. Nesta viagem, Joan Crawford confidenciou a amiga brasileira a famosa frase: "mulheres famosas são muito solitárias".
A amizade durou até o final da vida das artistas e rendeu outros encontros em Nova York.
Em 1971 o filho de Zuzu, Stuart Angel, desapareceu. O rapaz foi preso e torturado pelo regime militar, e o local onde depositaram seu corpo nunca foi encontrado. A partir de então, Zuzu Angel não mediu esforços para encontrar os restos mortais de seu amado Stuart.
Ela usou seus contatos internacionais para divulgar as atrocidades que ocorriam no Brasil, o que incomodou os militares. Joan foi uma das porta-vozes de sua luta.
Em 1976, durante uma visita do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissiger, Zuzu entregou ao político um dossiê sobre o caso de Stuart Angel. Pouco tempo depois, em 14 de abril de 1976 a estilista morreu em um suspeito acidente de carro, aos 54 anos de idade.
Dias antes, ela havia deixando uma carta à um amigo, dizendo "se eu aparecer morta, por acidente de carro, assalto ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho".
Joan Crawford faleceria no ano seguinte, em 10 de maio de 1977. Pouco tempo depois, sua filha Christina Crawford escreveria o livro Mamãezinha Querida, que foi adaptado para o cinema em 1982.
A vida de Zuzu Angel, que chegou a trabalhar no cinema, desenhando os figurinos do filme O Quarto (1969), também foi adaptada para o cinema, em um filme de 2006. Zuzu também foi figurinista da peça Marido, Matriz e Filial (1972), escrita por Sérgio Jockyman, e estrelada por Myrian Pérsia e sua filha, a então atriz Hildegard Angel.
"Roupa Não Tem Importância. Moda tem. É História, criação e liberdade."
Zuzu Angel
1 Comentários
Só uma correção no texto. A fábrica da Pepsi era em Inhaúma, bairro do subúrbio do Rio. Ficava na Estrada Velha da Pavuna, 1421.
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