Em 1977, um ano após a morte da mãe, a estrela cinematográfica Joan Crawford, uma de suas filhas, Christina Crawford publicou um livro de memórias chamado Mamãezinha Querida (Mommie Dearest), que foi um grande sucesso de vendas. O livro mostrava uma Joan desequilibrada, obcecada por limpesa e extremamente abusiva, e virou um filme estrelado por Faye Dunaway, em 1981.
Christina Crawford nasceu em 11 de junho de 1939. Ela era filha de uma adolescente que engravidou de um marinheiro casado, e foi dada para a adoção ainda bebê. Negada pelo sistema de adoções tradicionais, a atriz recorria a um "agente de bebês", que era um homem que intermediava a adoção de bebês rejeitados por suas famílias tradicionais (muitas vezes em troca de compensação financeira).
Joan nunca teve filhos biológicos, e adotou cinco crianças ao todo, eram eles Christina (1939), Christopher (1942-2006), as gêmeas Cathy (1947-2020) e Cyntia (1947-2007). Ela também adotou outro menino, Christopher, em 1941, que depois foi reclamado pela mãe biológica.
De acordo com seu livro, a infância de Christina foi turbulenta, marcada pelas manias e o alcoolismo da mãe. Aos 10 anos, a menina foi mandada para colégios internos, onde praticamente não teve contato com a mãe, até sua formatura.
Após se formar, Christina começou a trabalhar como atriz, trabalhando no teatro, a partir de 1958. Foi nos palcos que sua carreira foi melhor sucedida, inclusive ganhando elogios dos críticos especializados. Em 1968 foi amplamente reverenciada por seu papel em Barefoot in the Park, estrelado ao lado de Myrna Loy, antiga estrela de cinema dos tempos de sua mãe.
Christina fez pouco cinema, atuando em apenas três filmes, o primeiro deles Force of Impulse (1961). No mesmo ano atuou em um pequeno papel em Coração Rebelde (Wild in the Country, 1961), estrelado por Elvis Presley. Ela ainda apareceria em Faces (1968), de John Cassavetes.
Christina Crawford também faria alguns trabalhos na televisão, e em 1968 ganhou o papel da enfermeira Joan Borman Kane na novela The Secret Storm. Mas em outubro de 1968 a jovem precisou fazer uma cirurgia de emergência, e descobriu assistindo a televisão que sua mãe havia se oferecido para continuar interpretando sua personagem durante a ausência da filha. Christina tinha 24 anos de idade e Joan 60.
Joan apareceu em quatro episódio interpretando o papel que era da sua filha, e elevou a audiência da novela. Porém, em cena, ela sempre aparecia bebendo, e aparentemente, estava atuando embriagada. No ano seguinte, Christina foi demitida da novela, e acusou Joan de ser a responsável por isto.
Em 1972 Christina desistiu de atuar, voltou para a faculdade, e depois fez mestrado em comunicação. Trabalhando em sua área, viveu longe dos holofotes, até a morte da mãe, em 1977. Mas quando o testamento de Joan foi aberto, Christina voltou a ser notícia.
A atriz havia deserdado Christina e Christopher, deixando todo seu patrimônio para as filhas gêmeas. No testamento, Joan escreveu que não deixava nada para os dois por "razões que são conhecidas por eles".
No ano seguinte, entretanto, Christina vingou-se da mãe, publicando o livro Mamãezinha Querida (Mommie Dearest). Além de relatar as crueldades mentais e físicas sofridas durante sua vida com a mãe, afirmou que Joan só adotava os filhos para obter publicidade, e sempre adotava uma criança quando algum filme seu tornava-se um fracasso.
Em 1981 o livro ganhou uma versão cinematográfica, estrelado por Faye Dunaway como Joan, e Mara Hobel e Diana Scarwid interpretando Christina (na infância e adulta). O filme foi duramente criticado, apesar de obter uma grande bilheteria. Foi eleito um dos piores filmes do ano, e afetou duramente a carreira de Joan Crawford.
Christina trabalhou como relações públicas, gerente de comunicações, e chegou a ter uma pousada, mas nunca se livrou do estigma da mãe. Ela escreveu outros livros a respeito da atriz, mas que não repetiram o mesmo sucesso, talvez devido a exaustão do tema.
Em 1981 ela sofreu um derrame, quase fatal, e ficou cinco anos fazendo reabilitação para recuperar os movimentos. Entre 2000 e 2007 trabalhou em um casino em Idaho, como gerente de entretenimento, e 2013 produziu um documentário sobre sua relação com a mãe.
Ela ainda mora em Idaho, e chegou a ocupar um cargo público, nomeada pelo governador, em 2009. Atualmente, ela tenta produzir um musical baseado no livro de sua autoria.
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