Por Diego Nunes
Dirigido por Héctor Babenco, e aclamado pela crítica internacional, Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980) é um dos filmes mais importantes da história do cinema brasileiro. O menino Fernando Ramos da Silva, seu protagonista, gozou de fama imediata após o sucesso da obra, mas isto não foi suficiente para mudar seu trágico destino.

Fernando Ramos da Silva nasceu em São Paulo, em 29 de novembro de 1967. Ele tinha 12 anos de idade, e nhenhuma experiência com atuação, quando foi escolhido por Héctor Babenco para estrelar Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980).
Fernando usou muitas de suas experiências como um menino da periferiferia de Diadema para dar vida a Pixote, um menino de rua corrompido e marginalizado pela criminalidade. O filme fez um enorme sucesso, e foi aclamado em festivais de cinemas estrangeiros, e concorreu ao Globo de Ouro de Melhor Filme em Língua Estrangeira.
Um ano após o lançamento do filme, o menino foi convidado para atuar na novela O Amor É Nosso (1981). Fernando Ramos da Silva sofreu preconceito nos bastidores das gravações, com colegas do elenco dizendo que temiam serem roubados pelo "menino de rua".
A novela foi um fracasso de bilheteria, e acabou tendo suas fitas jogadas no lixo pela emissora, na única vez que a Rede Globo fez questão de descartar uma novela produzida.
Maas a participação de Fernando na novela foi curta, pois ele logo foi demitido. Semianalfabeto, o garoto não conseguia decorar os textos do roteiro.
Ele ainda trabalharia como ator, mas de volta ao cinema. Ainda em 1981 atuou em outra obra fundamental da cinematografia nacional, Eles Não Usam Black-Tie (1981). Depois, também atuaria no longa Gabriela (1983), que contava com o astro italiano Marcello Mastroaini no elenco.
Sem conseguir emplacar na carreira de ator, ele retornou à Diadema, onde passou a viver uma vida de miséria e precaridades. Fernando Ramos da Silva foi preso duas vezes, uma por roubar uma televisão, e a outra por porte de arma. Mas nenhuma das prisões se extendeu por mais de uma semana.
Em uma entrevista, o antigo astro mirim que impressionou o mundo, declarou que era constantemente perseguido pela polícia, que não conseguia separar sua vida real do personagem encarnado no cinema.
No dia 25 de agosto de 1987 o ator foi executado em uma controversa operação policial, com apenas 19 anos de idade. Ele foi morto com oito tiros à queima roupa, enquanto se escondia embaixo de sua cama. Dois políciais militares acusaram Fernando de ter participado de um assalto, e o mataram dentro de sua casa. As últimas palavras do ator foi "não atirem, eu tenho uma filha pra criar". Um dos policiais disse "agora te peguei Pixote".
A investigação foi cheia de mentiras, e os policiais admitiram que plantaram uma arma no local do crime. Toda a fraude processual foi amplamente divulgada pela imprensa internacional, mas os polícias nunca foram presos pela ação. No mesmo dia, os polícias também mataram o adolescente, de 16 anos, Marcelo Bicalho, que também havia atuado na novela O Amor é Nosso, e também morava na periferia de Diadema.
Sua esposa, Cida Venâncio, escreveu o livro Pixote Nunca Mais, que inspirou o filme Quem Matou Pixote? (1996), tendo o ator Cassiano Carneiro no papel de Fernando Ramos da Silva.
Dois irmãos de Fernando Ramos da Silva também foram assassinados, e ninguém nunca foi punido por estes crimes.
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1 Comentários
Brasileiro é triste quando não sabe separar realidade com a ficção
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