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Do inferno à redenção, a história de Carré Otis, a estrela de Orquídea Selvagem



Nas décadas de 1980 e 1990 Carré Otis era uma das mais famosas modelos do mundo, e como muitas estrelas das passarelas, ela também migrou para o cinema, estrelado Orquídea Selvagem (Wild Orchid, 1989), ao lado do então astro Mickey Rourke, com quem viveria uma turbulenta relação.


Mickey Rouke e Carré Otis no cartaz de Orquídea Selvagem

Carré Brennan Otis nasceu em São Francisco, Califórnia, em 28 de setembro de 1968. Vinda de um lar disfuncional (seu pai era alcóolatra), ela acabou fugindo de casa aos 16 anos de idade. Um ano depois, estava morando com um namorado em Nova York, onde novamente encontrou um lar abusivo e violento.

Ela havia começado a trabalhar como modelo aos 14 anos de idade, quando foi descoberta por um olheiro de uma agência, e aos 16 assinou contrato com a famosa Ellite Model, que a enviou para Paris um ano depois.

Na França, a agência a colocou morando no apartamento de Gérald Marie, o todo poderoso da Ellite na Europa, embora Carré precisasse pagar aluguel. Usuária de álcool e drogas desde a infância, nesta época a modelo cheirava cocaína todas as noites com Marie. 

Em sua biografia, publicada em 2011, a modelo e atriz contou que foi abusada sexualmente por Gérald Marie diversas vezes, quando tinha 17 anos de idade. Em 1999 o agente badalado do mundo da moda foi desmascarado por um documentário da BBC, que revelou que ele era um grande predador sexual. Além de Otis, outra top model da época, Karen Mulder, também revelou que os constantes estupros sofridos a obrigaram a fazer tratamento psiquiátrico.



Carré Otis como modelo

A primeira vez que Carré apareceu no cinema foi estampando um poster no quarto do adolescente Rusty Griswold em Férias Frustradas de Natal (National Lampoon's Christmas Vacation, 1989). Porém, no mesmo ano foi escalada para contracenar com Mickey Rourke em Orquídea Selvagem (Wild Orchid, 1989), um drama erótico dirigido por Zalman King.

King havia produzido 9 1/2 Semanas de Amor (Nine 1/2 Weeks, 1986), um filme estrelado por Mickey Rourke que havia feito um enorme sucesso na época. 

O filme foi rodado no Brasil (com cenas filmadas em Salvador e no Rio de Janeiro), e as filmagens foram tumultuadas devido ao comportamento de Rourke, então um dos maiores astros de Hollywood do momento.

As gravações ficaram marcadas por causa das inúmeras brigas do ator com a imprensa, com direito a fotógrafos agredidos pelo ator e seus seguranças, e detenções em delegacias.

Além das confusões criadas pelo ator, o filme ganhou uma repercussão escandalosa diante dos burburinhos de que o casal realmente estava fazendo sexo nas cenas mais tórridas.



Mickey Rourke e Carré Otis em Orquídea Selvagem


Em sua biografia, a atriz também relatou o sofrimento que passou durante as gravações.

Fui assediada, abusada e explorada sexualmente pelo diretor e pelos produtores. Foi muito difícil. E não tinha ninguém a quem telefonar ou denunciar o abuso. Estava realmente sozinha em uma terra estrangeira. Não sabia como os filmes funcionavam. Fui muito ingênua”.

Desde que havia fugido de casa, Carré Otis não contava mais com o apoio da família, e não tinha com quem confidenciar toda a violência sexual sofrida durante a sua carreira.

Orquídea Selvagem não foi bem aceito pela crítica, e valeu a Otis um Framboesa de Ouro de Pior Atriz do ano.

Otis e Rourke continuaram namorado após retornarem aos Estados Unidos. Mas ela terminou a relação com o astro em 1991, quando ela foi baleada acidentalmente por uma arma que Rourke havia escondido em sua bolsa.

Quando Carré Otis chegou em casa, e colocou a bolsa sobre a mesa, a arma disparou, atingindo seu ombro, a menos de cinco centímetros de seu coração. Mickey Rourke ao invés de socorrer a namorada, obrigou ela limpar o sangue do chão, mesmo ferida.

Mas dois meses após se separarem, Rourke a procurou com um pedido inusitado de casamento. Ele trazia um anel e uma espada samurai, com a qual jurou que iria se matar caso ela não aceitasse o pedido. Otis aceitou, e ficaram juntos por seis anos.



Mickey Rourke demonstrava-se cada vez mais ciumento e abusivo. Ele a fez recusar diversas ofertas de trabalho, tanto de modelo como de atriz, e a obrigou a negar a oferta milionária de se tornar o rosto oficial da linha de cosméticos Helena Rubenstein

Ele também a agrediu após ela fazer um ensaio sensual para a revista Vanity Fair, além de ter contratado capangas para ameaçar o fotógrafo Steven Meisel, que havia realizado o ensaio, mesmo ele sendo assumidamente gay.

Em 1994 Rourke foi preso por violência doméstica, embora Otis tenha retirado a queixa pouco tempo depois.

Carré Otis também se tornou viciada em heroína durante o casamento com o ator. Sua carreira entrou em declínio, e ela só conseguiu retornar ao cinema no inexpressivo Exit in Red (1996), feito ao lado de seu marido, cuja carreira também estava em decadência.

Desesperada, a modelo então buscou apoio psicológico, e aos poucos, criou coragem para fugir da casa do ator, de quem se divorciou oficialmente em 1998.

Dois anos depois, aos 32 anos de idade, ela sofreu um ataque cardíaco, que quase a matou. O abuso de drogas somado com seus distúrbios alimentares (ela tinha anorexia e bulimia desde os 16 anos de idade) haviam sido demais para o seu coração. Medindo 1,78, Carré Otis pesava 45 quilos.

Após meses de tratamento, ela ganhou peso, e divulgou uma nota para as agências de moda que agora usava manequim 44, e não iria fazer nada para perder peso. E para sua surpresa, ela recebeu diversos novos convites para voltar a modelar. 

Ela também foi convidada para ser a garota propaganda da marca de cosméticos Marina Rinaldi, e tornou-se porta-voz de uma associação de conscientização de transtornos alimentares.


Carré Otis em 2003


Ainda em 2000, após sua cirurgia cardíaca, ela recebeu novos convites para atuar, aparecendo no filme Simon Says (2000) e no drama de guerra De Volta ao Inferno (Going Back, 2001).


Carré Otis em De Volta ao Inferno


Ela também abraçou novas causas, como a proteção animal e o vegetarianismo, além de virar consultora de uma agência de suporte e apoio emocional a jovens modelos.

Em 2005 ela tornou-se empresária, criando sua própria linha de joias, e no mesmo ano voltou a se casar, agora com o engenheiro químico Matthew Sutton, com quem teve duas filhas.

Há uma década, ela vive com sua família em uma bucólica fazenda na Califórnia, onde leva uma vida simples longe dos holofotes, e atualmente, é professora de yoga.


Carré Otis atualmente

Carré Otis em família






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