Com uma longa carreira no cinema e televisão, James Garner atuou em quase 100 créditos, durante quase cinco décadas. Carismático, ele é muito lembrado como o cowboy Bret Maverick, astro da série de televisão Maverick.
James Scott Bumgarner nasceu em Oklahoma em 07 de abril de 1928. A mãe de Garner morreu quando ele tinha cinco anos de idade, e seu pai enviou os filhos (incluindo o também ator Jack Garner) para morar com parentes.
O patriarca da família se casou várias vezes após ficar viúvo, e posteriormente buscou os filhos para morar com ele. James Garner não se deu bem com suas madrastas, principalmente uma de nome Wilma, que espancava os meninos. Aos 14 anos Garner se defendeu, e lutou com ela. Wilma então deixou a família e nunca mais voltou. Anos mais tarde, em uma entrevista, o ator disse que na ocasião achou que ela iria matá-lo.
Seu pai deixou os filhos novamente, e mudou-se para Los Angeles. Garner tinha 16 anos, e precisou trabalhar em diversos empregos ruins para se sustentar. Ele então juntou-se a Marinha, e foi convocado para lutar na Guerra da Coréia, onde foi ferido e posteriormente dispensando.
O ator retornou ao ensino médio, onde seu professor de ginástica o recomendou para trabalhar como modelo de roupas de banho. O emprego pagava bem, mas Garner detestou a experiência, e abandonou a carreira de modelo. Ele voltou para o ensino médio, mas desistiu no último ano, sem nunca ter se formado.
Em 1954 o produtor teatral Paul Gregoy, que havia estudado com Garner na escola, o convenceu a fazer um papel, sem falas, em uma peça na Broadway, estrelada por Charles Laughton. Gregory também pagou ao ator Henry Fonda para dar aulas de interpretação para o amigo.
Garner então voltou a trabalhar como modelo, desta fez fazendo comerciais na televisão. Ele chamou a atenção da Warner Brothers, que lhe ofereceu um contrato modesto. O estúdio o testou para ser o protagonista da série Cheyenne (1955-1963), mas acabaram escolhendo Clint Walker para o papel. Mais tarde, Garner faria algumas participações na série, em papéis diferentes.
A Warner o colocou em papéis de apoio em Rumo ao Desconhecido (Toward the Uknown, 1956), Impulsos da Mocidade (The Girl he Left Behind, 1956), No Rastro dos Bandoleiros (Shoot-Out at Medicine Bend, 1957) e Sayonara (idem, 1957).
O ator também apareceu em diversas séries de televisão produzidas no estúdio, e após atuar em um episódio da série Conflit, onde fez expressões faciais cômicas que não estavam planejadas no roteiro. O produtor Roy Higgins assistiu ao episódio e gostou do que viu, e teve certeza que ali estava o ator que iria protagonizar seu novo projeto, a série Maverick (1957-1962).
Bret Maverick, seu personagem, era uma espécie de anti-herói, debochado e apostador, ele conquistou o público, e seu programa chegou a bater programas de grande audiência, como o The Ed Sullivan Show e The Steve Allen Show.
Como muitos cowboys do cinema e televisão, Maverick também ganhou as páginas das histórias em quadrinhos.
Nos primeiros sete episódios da série Garner era a estrela absoluta, mas a produção dos episódios estava atrasando muito e a Warner acabou criando um irmão para o personagem, Bart Maverick, que foi interpretado por Jack Kelly. Isto permitiu que duas unidades gravassem episódios diferentes simultaneamente, onde nem sempre os irmãos se encontravam.
Após brigar com a Warner por causa de salário, Garner deixou a série na terceira temporada, e iniciou um longo processo judicial contra o estúdio. Ele acabou vencendo, mas ainda apareceu na série ocasionalmente. Em um destes episódios, lutou contra o novato Clint Eastwood, em um de seus primeiros papéis de destaque na carreira.
Devido a popularidade do ator em Maverick, o filme fez muito sucesso, e mesmo com as relações estremecidas, a Warner acabou dando ao ator boas oportunidades cinematográficas em Periscópio a Vista (Up Periscope, 1959) e Amor de Milionário (Cash McCall, 1960).
Mas a medida que o processo judicial transcorria, o ator foi colocado na lista negra do estúdio. Demitido da Warner, ele não ficou muito tempo sem emprego. O diretor William Wyler o chamou para atuar no polêmico e aclamado Infâmia (The Children's Hour, 1961), ao lado de Audrey Hepburn e Shirley MacLaine.
Ainda em 1963 o ator aceitou coadjuvar Steve McQueen no sucesso Fugindo do Inferno (The Great Escapade, 1963), que era baseado em uma história real. Foi o único papel coadjuvante de Garner em uma década.
Com Julie Andrews o ator fez outra comédia, Não Podes Comprar Meu Amor (The Americanization of Emily, 1964), que o ator considerava um de seus melhores trabalhos.
Ele ainda atuou em muitos filmes antes de ser escalado pela MGM para protagonizar a super produção Grand Prix (Idem, 1966), feito em Cinerama. Garner se apaixonou pelas corridas de carro durante as filmagens, mas o filme não foi bem de bilheterias.
O estúdio culpou Garner pelo mau desempenho, e isto prejudicou sua carreira.
Garner voltou ao Western interpretando Wyatt Earp em A Hora da Pistola (Hour of the Gun, 1967) e lutou com Bruce Lee em Detetive Marlowe em Ação (Marlowe, 1969).
Ao fim da série ele atuou no interpretou um xeirfe que combate uma gangue de dobermans em Eles Só Matam Seus Senhores (They Only Their Masters, 1972), e fez dois filmes da Disney: O Pequeno Índio (One Little Indian, 1973) e Um Cowboy no Havaí (The Castaway Cowboy, 1974).
Em 1978 o produtor Roy Huggins ressuscitou Maverick em novas séries. James Garner fez participações especiais em The New Maverick (em 1978) e Young Maverick (1979).
Mas seu trabalho mais famoso no período foi como Jim Rockford na série Arquivo Confidencial (The Rockford Files, 1974-1980). A série rendeu ao ator um prêmio Emmy.
Garner fazia todas as cenas, incluindo as de ação. Ele lesionou os joelhos e as costas nos inúmeros saltos e acrobacias realizadas. Em 1979 o ator precisou se afastar para tratar uma ulcera hemorrágica, e a série acabou sendo cancelada.
Na década de 1990 ele atuaria em 8 filmes baseado em The Rockford Files, todos feitos para a televisão.
Em 1981 ele contracenou com Lauren Bacall (com quem já havia atuado na Broadway) no terror O Fã: Obsessão Cega (The Fan, 1981) e no ano seguinte reencontrou Julie Andrews em Vítor ou Vitória (Victor Victoria, 1982).
Em 1981 Garner voltou a viver Maverick, ao lado do antigo colega Jack Kelly. Os veteranos interpretavam os mesmos papéis que na série clássica. A série Bret Maverick (1981-1982) apresentava primos mais novos dos velhos cowboys.
Na década de 1980 o ator fez muitos telefilmes, como A Morte no Cinema (The Glitter Dome, 1984), que causou polêmica por apresentar uma cena de fetiche sexual entre Garner e Margot Kidder.
No ano seguinte Garner recebeu sua única indicação ao Oscar pelo seu desempenho no filme O Romance de Murphy (Murphy's Romance, 1985), onde contracenou com Sally Field. O filme foi dirigido por Martin Ritt, o mesmo de Norma Rae (1979), filme que deu um Oscar para Sally Field. O diretor teve que brigar para que a Columbia aceitasse James Garner no papel, já que o estúdio queria que Marlon Brando fosse o protagonista.
Em 1988 ele voltou a interpretar Wyatt Earp em Assassinato em Hollywood (Sunset, 1988). O filme mostrava o lendário xerife do velho oeste, já envelhecido, trabalhando como consultor em Hollywood e dando dicas para o cowboy das telas Tom Mix (interpretado por Bruce Willis). Blake Edwards, marido de Julie Andrews, era o diretor.
Na década de 1990 o ator estava muito ocupado com os filmes de Jim Rockford, mas ainda atuou na série Man of the People (1991-1992), mas ainda esteve no elenco de Um Distinto Cavalheiro (The Sidtinguished Gentleman, 1992), Fogo no Céu (Fire in the Sky, 1993) e Fugindo do Passado (Twillight, 1998).
Ao lado de Jack Lemmon, estrelou a comédia Meus Queridos Presidentes (My Fellow Americans, 1996), onde ambos interpretavam ex presidentes norte-americanos.
Em 1994 ele atuou no filme Maverick (Idem, 1994), estrelado por Mel Gibson e Jodie Foster (com quem ele havia trabalhado nos tempos da Disney). Garner interpretou o Marechal Zane Cooper, que no final da trama é revelado como sendo o pai de Bret Maverick (Mel Gibson).
Foi sua despedida do personagem que o consagrou junto ao público.
No final dos anos de 1990 o ator precisou fazer uma cirurgia nos joelhos, e acabou reduzindo seus trabalhos depois disto. Mesmo assim, participou das séries Chicago Hope (2000), God, the Devil and Bob (2000) e esteve em Cowboys do Espaço (Space Cowboys, 2000), ao lado de Clint Eastwood.
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