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O show de Marlene Dietrich no Brasil

Marlene Dietrich e Ângela Maria, nos Brasil

Houve um tempo que grandes estrelas internacionais se apresentavam nas casas noturnas mais elegantes do país, e aproveitavam sua estada brasileira para fazerem shows na nossa televisão.

Em setembro de 1959 foi a vez da atriz e cantora alemã Marlene Dietrich desembarcar por aqui. Então com 57 anos de idade, já avó, a estrela de O Jardim de Alá (Garden of Allah, 1937), chegava por aqui na mesma época em que May Britt estrelava o remake de O Anjo Azul (The Blue Angel), um de seus maiores sucessos cinematográficos.

A estrela cinematográfica, então com mais de 50 filmes em sua carreira, já estava em declínio em Hollywood, e seu último filme antes de chegar por aqui havia sido A Marca da Maldade (Touch of Evil), feito um ano antes. 

Sem muitos convites para o cinema (ela só apareceria em mais três filmes nos anos seguintes), Marlene iniciou uma turnê mundial, e fez sua estreia cantando na televisão nos palcos da TV Tupi do Rio de Janeiro.

Uma multidão de fãs se aglomerou no aeroporto para ver a estrela de cinema de perto.




Contratada por uma pequena fortuna para cantar no Grill Room do Copacabana Palace, a estrela alemã chegou ao Brasil com uma lista de exigências. Os fotógrafos deveriam ficar a uma distância de pelo menos três metros da atriz, e não poderiam fotografá-la em close, talvez para evitar mostrar a ação do tempo em seu rosto.

Marlene foi recebida pelo então presidente Juscelino Kubitschek, no Palácio do Catete, e se estressou com os repórteres que insistiram em que ela repetisse o aperto de mão ao presidente, para registar o melhor clichê.

Marlene Dietrich e JK


Marlene não só havia negociado um vultuoso cachê, mas também pediu participação na venda dos ingressos, o que lhe rendeu outra pequena fortuna por aqui. Em sua noite de estreia no Copacabana Palace, foram vendidos 700 ingressos, num local onde a lotação máxima era 400 pessoas. Muitos fãs se aglomeraram em pé para ver a diva do cinema.

Marlene contratou o produtor teatral Abelardo Figueiredo para que ele lhe fornecesse as coristas do espetáculo, e a atriz fez uma exigência, nenhuma bailarina poderia levantar a perna mais alta que ela.

No show, Marlene cantava e dançava (fazendo até um número de Can Can), e se emocionou quando levou a plateia a loucura cantando a antiga canção Lili Marlene. Ao final do primeiro show, emocionada, beijou o jovem pianista que a acompanhava na turnê (e no coração), o rapaz era Burt Bacharach.


Marlene Dietrich e Burt Bacharah

No show, ela cantava diversas músicas em inglês, algumas delas, antigos sucessos de sua carreira. Mas para o show brasileiro, incluiu uma canção em português, Luar do Sertão. Marlene havia aprendido a canção há alguns meses antes, quando conheceu o brasileiro Cauby Peixoto, quando esteve esteve por Hollywood. Foi Cauby que lhe ensinou os versos da música de Catulo da Paixão Cearense.

Leia mais sobre Cauby Peixoto em Hollywood aqui.

Cauby Peixoto e Marlene Dietrich em Hollywood

Marlene Dietrich cantando Luar do Sertão

A artista internacional também negociou a venda de seu show para a televisão, e a Tupi do Rio, Canal 6, transmitiu o show de Marlene Dietrich na TV, sob a apresentação de Jacy Campos.


Jacy Campos e Marlene Dietrich na TV Tupi

A repercussão foi tanta que a comediante Nádia Maria criou um quadro em um programa humorístico, na mesma TV Tupi, onde imitava a cantora alemã. O jovem Agildo Ribeiro fazia o papel de Jacy Campos.

Nadia Maria como Marlene Dietrich, e Agildo Ribeiro como Jacy Campos

Posteriormente, no começo de agosto de 1959 Marlene Dietrich viajou para São Paulo, para cantar nos palcos da TV Record, novamente com a casa lotada. Na emissora paulista, também foi apresentada a cantora Sarah Vaughan, que seria a próxima atração internacional apresentada por aquela televisão.



Marlene Dietrich em São Paulo

Marlene Dietrich, na Record

Infelizmente, os shows de Marlene Dietrich na televisão brasileira se perderam nos incêndios que ocorreram nas emissoras. Na Record, restaram apenas alguns segundos de imagem da atriz, desembarcando no aeroporto de São Paulo.

Mas Marlene gravou um disco chamado Marlene in Rio, onde canta o repertório apresentado por aqui. O disco é um show "fake", com a cantora gravando em estúdio, e o som dos aplausos foi colocado posteriormente, na edição, para dar impressão de ser uma gravação ao vivo.


Marlene seguiu fazendo uma turnê mundial, cantando em diversos países, até a metade da década de 1960.

Marlene Dietrich e Cyl Farney

Marlene Dietrich e o Marechal Lott
Alberto Ruschell, Marlene Dietrich e Odete Lara
Marlene Dietrich e Ângela Maria

Marlene Dietrich e Sarah Vaughan, no Brasil
Marlene Dietrich no camarim do Copacabana Palace

Você pode ler mais sobre Marlene Dietrich e os shows internacionais da TV Record em 1959 no site Brazilian Foreign Acts, neste link.



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