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Corey Haim, o garoto perdido


Na década de 80 e começo dos anos 90 o ator Corey Haim fez muitas adolescentes suspirarem. Astro de clássicos como Os Garotos Perdidos (Lost Boys, 1987) e Sem Licença Para Dirigir (License to Drive, 1988), Corey foi um talentoso ator mirim, e poderia ter seguido os passos de seus colegas Brad Pitt e Johnny Depp, que também começaram a carreira como jovens bonitos em comédias adolescentes, mas se tornaram grandes astros. Porém Corey sucumbiu aos perigos de Hollywood, falecendo com apenas 38 aos de idade.

 Corey Haim

Corey Ian Haim nasceu em Toronto, Canadá, em 23 de dezembro de 1971. Aos dez anos de idade começou a trabalhar com publicidade e estreou no cinema aos treze anos, atuando em Quando Se Perde a Ilusão (Firstborn, 1984), ao lado de Sarah Jessica Parker e Robert Downey Jr.. Em seu primeiro filme, Corey conheceu o primeiro abuso que sofreria ao longo de sua carreira. Após cumprimentar o ator Peter Weller por sua performance em uma cena, Weller (astro de Robocop) o jogou contra uma parede, dizendo que não admitia que falassem com ele após um take.

Após fazer pequenos papéis em Admiradora Secreta (Secret Admirer, 1985) e O Romance de Murphy (Murphy's Romance, 1985), ele foi escalado para protagonizar Bala de Prata (Silver Bullet, 1985), baseado em um livro de Stephen King. Ele vivia um adolescente paraplégico que tenta avisar que sua pequena cidade está sendo aterrorizada por um lobisomem.

 Gary Busey e Corey Haim em Bala de Prata

Corey Haim foi um dos artistas que mais recebeu indicações ao prêmio Young Artist ao longo de sua carreira. Sua primeira indicação foi como o filho de Liza Minelli em A Hora de Viver (A Time to Live, 1985), onde vivia um jovem com distrofia muscular.

Corey Haim e Liza Minelli em A Hora de Viver


Durante as filmagens, Corey, com 14 anos, começou a namorar uma mulher de 23 anos de idade. Nesta época, seu pai era seu empresário, e ele descartou o roteiro de A Costa do Mosquito (The Mosquito Coast, 1986), estrelado por Harrison Ford. Outro grande astro juvenil da época, River Phoenix, ficou com o papel. O produtor Sam Jaffe aconselhou Corey a mudar de empresário, e ele contratou um novo agente em Los Angeles.

Seu novo agente conseguiu dois papéis para Corey, e o ator teve que escolher um, pois as filmagens ocorriam na mesma época. Corey escolheu o filme Lucas: A Inocência do Primeiro Amor (Lucas, 1986), recusando o papel em Conta Comigo (Stand By Me, 1986), que também ficou com Phoenix. Ambos os filmes fizeram muito sucesso.

 Corey Haim e River Phoenix

Lucas: A Inocência do Primeiro Amor era estrelado por Charlie Sheen, Kerri Green e Wynona Ryder. Haim vivia o jovem Lucas, um rapaz inteligente e introvertido, apaixonado pela garota mais popular da escola (papel de Green), que por sua vez namorava o astro do time de futebol norte-americano (papel de Sheen). Haim se apaixounou por Green de verdade durante as filmagens, mas a atriz estava em um relacionamento com Charlie Sheen na vida real também.


Corey Haim, Charlie Sheen e Kerri Green em Lucas: A Inocência do Primeiro Amor

Foi durante as gravações deste filme que Haim começou a beber, e experimentou drogas pela primeira vez. Em 2017 o ator Dominick Brascia, amigo de Corey, declarou a revista The National Enquirer que Charlie Sheen abusou sexualmente de Corey nos intervalos de filmagens. Sheen, com 19 anos, teria introduzido Haim a maconha, e convenceu o ator de 14 a ter relações sexuais com ele, entre os trailers usados como camarim pelo elenco.

Após ter relações com o menor de idade Haim, Sheen teria passado a evitar-lo, inclusive o tratando com frieza durante o restante das gravações. Sheen nega as acusações.

O ator Corey Feldman, o melhor amigo de Haim, escreveu em sua biografia que o amigo havia sido abusado sexualmente por uma pessoa importante e influente em Hollywood durante a gravação deste filme, e que esta pessoa prometeu ajudar na carreira de Haim, mas nunca revelou o nome do autor. Feldman, entretanto, já deu inúmeras declarações falando de como não suporta Sheen. Já a mãe de Haim diz que não acredita que Charlie Sheen tenha abusado de seu filho, mas relatou que Brascia teria violentado Haim pelo menos duas vezes, e que numa delas ela teria agredido o ator com um taco de bilhar para proteger o filho.

Por seu papel em Lucas: A Inocência do Primeiro Amor, Haim foi novamente indicado ao Young Artist Awards, e recebeu inúmeras críticas elogiosas. Em seguida o ator protagonizou a série Roomies (1987), que durou pouco. Depois viveu o adolescente fã de quadrinhos que caça vampiros em Os Garotos Perdidos (Lost Boys, 1987), de Joel Schumacher. Foi durante Os Garotos Peridos que ele e Feldman se tornaram grandes amigos. Eles haviam se conhecido quando Haim fez teste para Os Gonnies (The Gonnies, 1987), para o papel que ficou com Sean Austin. Feldman trabalhou nos Goonies, fazendo o personagem Bocão

"Os Dois Coreys" se tornaram as estrelas adolescentes mais bem pagas dos anos 80.

 Corey Haim e Corey Feldman em Os Garotos Perdidos


Os Coreys atuaram juntos novamente em Sem Licença Para Dirigir (License to Drive, 1988), um clássico dos filmes adolescentes na época. Haim vive um jovem que se mete em muitas confusões após ter a carta de condução negada pelo severo instrutor interpretado por James Avery.

Os Coreys no cartaz de Sem Licença Para Dirigir


Haim recebia milhares de cartas de fãs por semana, e era constantemente capa das revistas dedicadas ao público adolescente. Ao contrário de colegas como River Phoenix, Tom Cruise e Johnny Depp, ele não recusava o rótulo de galã. Ele começou a abusar das drogas, e frequentemente era visto alterado na Soda Pop Club Alphy, uma discoteca exclusiva para atores menores de idade em Hollywood.

Em 2017 Corey Feldman declarou em uma entrevista ao programa Dr. Oz que a casa noturna, situada em um luxuoso hotel em Los Angeles, era um local onde grandes figurões da indústria praticavam abusos contra diversos jovens artistas.


Em seguida ele estrelou o terror Watchers - O Limite do Terror (Watchers, 1988) e voltou a trabalhar com Feldman em Um Sonho Diferente (Dream a Little Dream, 1989). No filme sua personagem usava uma bengala, por ter sido atropelado acidentalmente pela mãe. Na vida real, durante uma noitada regada a drogas, Corey sofrera uma queda e quebrara a perna quatro dias antes do início das filmagens.

 Corey Feldman e Corey Haim em Um Sonho Diferente

Após o filme, ele viajou de férias para o Hawaii, e quando voltou declarou a imprensa que estava livre das drogas. Ele disse que devido ao vício havia largado a escola, e já não falava mais com sua mãe, e que queria retomar os estudos antes de fazer um novo filme. Ele estava escalado para Blue Moon, que acabou nunca sendo realizado devido a sua dependência química. No final de 1989, aos 18 anos, ele se internou na primeira das 15 reabilitações pela qual passou.

Corey tentou se manter limpo, e pediu para o ator Brooke McCarter o ajudar a administrar a sua carreira, que entrava em decadência devido ao seu comportamento.

Ele retornou ao cinema ao lado de Patricia Arquette em Rollerboys: A Nova Geração de Guerreiros (Rollerboys, 1990).

 Patricia Arquette e Corey Haim em Rollerboys: A Nova Geração de Guerreiros
 
Foi seu último filme importante. Depois ele começou a trabalhar em filmes diretamente lançados em vídeo, como A Máquina dos Sonhos (Dream Machine, 1991), A Primeira Vez de um Adolescente (Oh, What Night, 1992) e 00 Kid: Um Espião Especial (The Double 0 Kid, 1992). Também para o vídeo ele fez o suspense erótico Envolvidos com o Perigo (Blow Away, 1992), com a atriz Nicole Eggert, sua namorada na época. Neste filme ele voltou a trabalhar com Corey Feldman, e durante a gravação de uma cena, ele esfaqueou Feldman sem querer em uma cena de luta.

Durante uma entrevista, Corey Haim declarou que os médicos o ajudavam a comprar medicamentos com receitas durante as filmagens de Envolvidos com o Perigo, para que ele aguentasse terminar o filme.

O seu vício em drogas era constantemente noticiado pela imprensa, que adorava expor sua situação. Sem convites para atuar, passou a produzir alguns de seus próprios filmes. Ele lançou sequências de antigos sucessos seus, como Um Sonho diferente 2 (Dream a Little Dream2, 1995). Em 1995 Joel Schumacher, diretor de Garotos Perdidos, um dos maiores sucessos de sua carreira, chamou Haim para tentar lhe dar uma nova chance, oferecendo para ele fazer um teste para interpretar o menino prodígio Robin em Batman, Etermanente (Batman Forever, 1995), mas Haim se saiu mal no teste, e perdeu o papel para Chris O'Donnell.

Em 1996 o ator estava falido. Ele havia começado a filmar Paradise Bar, mas foi demitido após seu formulário de seguro não ser aprovado, por ele não ter declarado o vício em drogas como condição médica pré-existente. Haim foi processado e teve de pagar 375 mil dólares de indenização aos produtores. Em 1997 ele entrou com um pedido oficial de falência.

Os papéis de Corey Haim foram ficando cada vez mais irrelevantes. Sem trabalho, Corey Feldman o convidou para atuar em Busted (1999), que ele estava dirigindo. Velhos amigos, Feldman acabou demitindo Haim do elenco, depois que ele se recusou a diminuir o uso de drogas nos set de filmagens. Durante um intervalo, Corey Haim chegou a entrar em coma no camarim. Anos mais tarde, Feldman declarou que demitir Haim foi a coisa mais difícil que teve que fazer na vida.

Dominick Brascia, Corey Feldman e Corey Haim em Busted.
 


Em 1999 Corey Haim voltou para o Canadá, onde fez mais alguns filmes inexpressivos, todos de baixo orçamento. Depois, voltaria para à Califórnia, onde continuou tentando se reerguer como ator. Entre 2007 e 2008 os Coreys estrelaram o reality show The Two Coreys, que mostrava o dia a dia dos atores e amigos Corey Haim e Corey Feldman. Na série, ele chegou a falar sobre ter sofrido diversos abusos sexuais na infância.

O reality acabou também devido ao vício de Haim.

Corey Haim e Corey Feldman em The Two Coreys

Em  10 de março de 2010 o ator estava com uma forte gripe. Ao levantar da cama, ele caiu no chão e teve um colapso. Sua mãe, com quem o ator havia voltado a morar, chamou uma ambulância, mas o ator chegou morto ao hospital. Inicialmente foi divulgado que ele havia sofrido uma overdose, mas a autópsia concluiu que ele morreu devido a conjunção de pneumonia, problemas cardíacos e respiratórios. O uso de drogas durante muitos anos haviam destruído seu sistema imunológico.

 Corey Haim, em 2010


"É uma perda trágica de uma maravilhosa, incrível e atormentada alma, que será para sempre meu irmão, minha família e meu melhor amigo", escreveu Feldman em suas redes sociais. 

Corey Haim morreu com apenas 38 anos de idade.  





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5 Comentários

  1. O que aconteceu com Corey Haim foi uma combinação de pais deslumbrados com a fama e o lucro que o filho passa a dar, e com isso acabam se preocupando somente em agenciar a carreira do filho e se esquecendo que cabe a eles cuidar e proteger. Até acredito que seus pais o amavam, mas ficaram tão deslumbrados com tudo que a carreira do filho poderia lhes proporcionar, que deixaram o caminho aberto para que os predadores de Hollywood pudessem agir. Corey não foi o primeiro e infelizmente quantos outros atores e atrizes mirins não estão passando pela mesma situação.

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  2. corey haim, pra mim um dos melhores atores dos anos 80
    é triste demais que ele tenha partido tão cedo, e uma pena que ele tenha sofrido tanto com drogas.

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    1. Pois é, não se esqueça que o que antecede às drogas e o que leva o Corey é o sentimento ao longo da vida pelo que sofreu com os abusos sexuais. Nas nossas vidas, acabamos por sofrer por situações de vida, pelo que foi o nosso passado. Só que Corey não teve a inteligência de se levantar e reerguer perante as adversidades. Paz à sua Alma. RIP.

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  3. Carreiras tão brilhantes, no meio do caminho entra as drogas😕se destroem pelo vício,deixando de ter um futuro propício,e país nunca vêem isso...

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  4. Sem dúvida um excelente ator. Mas muito mal assistido e protegido na tenra idade, o mundo do cinema só é glamoroso no filme na realidade é uma zona de altíssimo risco. Seus filmes fizeram da minha adolescência, triste fim... The end!!!

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