Na manhã de natal de 1977 o mundo se despediu do ator e diretor Charles Chaplin, um dos nomes mais icônicos do cinema. O criador do vagabundo Carlitos deixou mais que uma vasta carreira cinematográfica, tendo revolucionado a história da cultura pop do século XX.
Seu legado inclui também a sua trajetória, cuja biografia renderia (e rendeu) bons filmes. Porém, mesmo após a sua morte, ele voltou a ser um dos assuntos mais comentados do mundo, e não exatamente por sua obra.
Em 01 de março de 1978, dois meses após a sua morte, o cemitério onde Chaplin havia sido enterrado foi surpreendido com uma notícia estarrecedora. O seu túmulo havia sido escavado, e seu caixão havia sido roubado.
Chaplin havia sido enterrado na Suíça, país onde morava desde 1952, quando foi banido dos Estados Unidos durante a histeria do Macarthismo, que perseguia "artistas anti-americanos".
A viúva de Chaplin, Oona Chaplin (filha do dramaturgo Eugene O'Neill), logo recebeu uma carta com um pedido de resgate. Os ladrões queriam 400 mil libras para devolver o corpo de seu marido. Em valores atuais, o resgate seria de aproximadamente 12 milhões de reais.
Oona se recusou a pagar, e procurou a polícia. Na imprensa, ela declarou que seu marido "acharia pagar o resgate uma coisa ridícula". A viúva começou a receber diversas ligações, com ameaças contra os filhos do casal.
A imprensa mundial cobriu o caso com afinco, e houve especulação que seu caixão havia sido desenterrado devido ao fato de Chaplin ser judeu, e ter sido enterrado em um cemitério católico. E enquanto diversas teorias reverberavam, a polícia suíça montou um grande esquema investigativo.
Como Oona recebia telefonemas, centenas de telefones públicos passaram a ser monitorados, enquanto as linhas telefônicas da família Chaplin havia sido grampeada. Os esforços da polícia deram resultados, e cinco semanas após o furto do cadáver, os sequestradores foram presos.
Alguns dias depois, o caixão foi encontrado, enterrado em um milharal próximo a um lago de Genebra.
Dois homens foram presos, acusados de extorsão e perturbação da paz dos mortos. O mecânico polonês Ramon Wardas, de 24 anos, foi acusado de ter planejado o roubo. Durante o julgamento, ocorrido em dezembro, ele confessou que teve a ideia após ler um artigo de jornal narrando um caso semelhante, ocorrido na Itália.
O búlgaro Gantscho Ganey havia sido seu cumplice.
Ganev havia ajudado a desenterrar o caixão, mas depois não teve mais envolvimento no caso, não participando das tentativas de extorsão. Um laudo psiquiátrico o descreveu como "um homem musculoso, mas com um senso de responsabilidade limitado".
Ele acabou condenado a apenas 18 meses de prisão, mas sua pena foi posteriormente suspensa, pela sua incapacidade mental. Já Wardas cumpriu quatro anos e meio de prisão.
Já o corpo de Charles Chaplin foi reenterrado, mas desta vez, seu caixão foi enterrado sob uma grande camada de concreto. Oona Chaplin, que faleceu em 1991, foi enterrada ao lado do marido. Ela tinha 18 anos quando se casou com o ator (e ele 54).
Uma das netas do casal também se chama Oona Chaplin, e seguiu os passos do avô, ela é atriz e participou de Game of Thrones e será uma das estrelas de Avatar 3.
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