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O drama de Margaret Sullavan, a atriz que odiava Hollywood


Na década de 1930 e começo da década de 1940 Margaret Sullavan foi uma grande estrela de Hollywood, lembrada por atuar em comédias românticas e leves. como A Loja da Esquina (1940), que ganhou um remake com Tom Hanks e Meg Ryan na década de 1990 (Men@agem Para Você, 1998).

Sullavan também é lembrada por ter sido casada com Henry Fonda, mas por trás de sua imagem doce e delicada havia uma mulher com a saúde frágil e muitos demônios internos, que detestava Hollywood.

Certa vez, no auge da fama, declarou em uma entrevista "talvez eu me acostume com este negócio bizarro chamado Hollywood, mas duvido!".




Margaret Brooke Sullvan nasceu em Norfolk, Virginia, em 16 de maio de 1909. Nascida em uma família rica, Margaret teve uma infância solitária, devido a uma fraqueza muscular nas pernas, que a impedia de andar.

Até os seis anos de idade ela viveu praticamente isolada, sem contato com outras crianças. Mas após a sua recuperação, ela tornou-se uma menina aventureira, meio moleca. Ela gostava de ir brincar com as crianças de bairros mais pobres, o que incomodava sua família, que acabaram mandando a menina para um internato religioso.

Ao sair do colégio interno, ela se mudou para Boston, indo morar com uma meia-irmã, e lá começou a fazer aulas de dança e de atuação. Seus pais então ameaçaram cortar sua mesada, e deixar Margaret sem nada, mas ela não se intimidou e continuou fazendo os cursos, e acabou arrumando emprego como balconista para se sustentar.

No final da década de 1920 ela se mudou para Nova York, e conseguiu um empregou como corista em uma peça de teatro, em 1929. E foi nos palcos que ela conheceu o ator Henry Fonda, com quem se casou em 1931, mesmo ano em que fez seu primeiro trabalho na Broadway.

O crítico elogiavam seu desempenho no teatro, e ela recebeu ofertas para assinar contratos com a Paramont e a Columbia, mas recusou os convites porque não queria ficar presa a longos contratos, alegando que não seria possuída por nenhum estúdio.

Por fim, ela aceitou o convite do diretor John M. Stahl, que a queria como a estrela de seu filme Nós e o Destino (1933), e por fim assinou com a Universal. Margaret exigiu um contrato de apenas três anos (geralmente um ator era contratado de cinco a sete anos), com a obrigação de fazer apenas dois filmes por ano, para poder ter tempo de se dedicar também a trabalhos no teatro.




Margaret odiou a experiência, e procurou a Universal para romper o seu contrato. Ela ofereceu uma bela quantia em dinheiro, maior do que receberia nos três anos, mas o estúdio recusou a oferta.

Ela então convenceu o estúdio a produzir Vale a Pena Viver? (1934), um drama sobre uma família miserável na Alemanha, empobrecida após a Primeira Guerra Mundial. A Universal não queria fazer um filme sobre pobreza, principalmente porque os Estados Unidos viviam anos difíceis, causados pela Grande Depressão. Anos mais tarde ela revelou que foi o único filme em que gostou de atuar.


Douglas Montgomery e Margaret Sullavan em Vale a Pena Viver?

Depois, Margaret deixou a Universal, e assinou contrato com a MGM, onde estrelou a comédia A Boa Fada (1935), onde ela pode provar a sua versatilidade. Durante as filmagens, ela se casou com o diretor William Wyler.

Margaret Sullavan havia ficado casada com Henry Foda por apenas dois meses, embora só tenha assinado o divórcio em 1933. A relação dois dois foi bastante conturbada, com muitas brigas, com direito a atriz jogar uma jarra de suco na cabeça do ator, durante um churrasco com muitos convidados.

Curiosamente, após se divorciarem, eles viraram grandes amigos por toda a vida. Jane Fonda costuma dizer que Margaret Sullavan era uma mulher de personalidade forte, e que foi uma grande inspiração em sua vida. Já Peter Fonda batizou sua filha, a também atriz Bridget Fonda, em homenagem a Bridget Hayward, a filha de Sullavan.


Margaret Sullavan e Henry Fonda


Em 1935 ela estrelou também Noivado na Guerra (1935), onde interpretou uma jovem sulista que precisa amadurecer durante a Guerra Civil. O filme fez sucesso, e anos mais tarde fez com seu nome fosse um dos primeiros a serem sugeridos para interpretar Scarlett O'Hara no clássico ...E o Vento Levou (1939).


Margaret Sullavan em Noivado de Guerra


Em 1936, ela já estava divorciada de William Wyler, após apenas um ano de união. Ela então estrelou Amemos Outra Vez (1936), o primeiro dos filmes em que contracenou com James Stewart. James era um novato desconhecido, e a Universal não o queria como protagonista masculino, mas Sullavan ameaçou fazer greve.

O filme fez um enorme sucesso, e fez da dupla Sullavan e Stewart astros queridinhos da América.



Margaret Sullvan e James Stewart em Amemos Outra Vez


Em Vivendo na Lua (1936) ela contracenou com ex-marido Henry Fonda, e depois ficou dois anos afastada, retornando no drama de guerra Três Camaradas (1938), que lhe valeu uma indicação ao Oscar e lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz do New York Film Critics Circle.


Robert Taylor e Margaret Sullavan em Três Camaradas

Ela voltou a contracenar com James Stewart em O Último Beijo (1938), e depois contracenou com Joan Crawford em A Mulher Proibida (1938). Foi Crawford que escolheu Sullavan para interpretar sua cunhada suicida, sob protestos de Louis B. Mayer, o todo poderoso do estúdio.

Mayer disse a Crawford que Sullavan poderia ofuscá-la, mas na verdade tinha medo da fama de rebelde da atriz. Eddie Mannix, um capanga da MGM temido por todos os atores, escreveu em suas memórias que Margaret Sullavan foi a única pessoa que ele não conseguia intimidar, e que Louis B. Mayer tinha calafrios e ataques de pânico cada vez que a atriz entrava em seu escritório com exigências.

Já Joan Crawford, que também tinha fama de ser dona de um temperamento difícil, tornou-se amiga de Sullavan pelo resto de sua vida.


Margaret Sullvan e Joan Crawford em A Mulher Proibida

Em 1940 Margaret Sullvan contracenou novamente com James Stewart em A Loja da Esquina (1940), um dos filmes mais famosos de sua carreira. Eles viviam um casal que  começam um namoro  através da troca de cartas anônimas. Em 1998 o filme ganhou um remake com os atores Meg Ryan e Tom Hanks nos papéis principais, agora trocando e-mail no filme Mens@agem Para Você.


James Stewart e Margaret Sullavan em A Loja da Esquina

A atriz ainda atuou em Tempestades D'Alma (1940) e Náufragos (1941), e depois, processada pela Universal, foi obrigada a fazer mais dois filmes na Universal, por quebra de contrato (no começo de sua carreira). 

Na Universal ela foi escalada para fazer par romântico com Charles Boyer em Corações Humanos (1941) e Encontro de Amor (1941).


Margaret Sulvan e Charles Boyer em Corações Humanos


Após atuar em Aurora Sangrenta (1943), a atriz deixou a MGM, afirmando que finalmente estava "livre da prisão". Depois, passou a dedicar-se apenas ao teatro.

Ela também deixou o cinema porque queria se dedicar mais aos seus filhos Brooke, Bridget e Bill (então com 6, 4 e 2 anos de idade). Eles eram filhos do agente de elenco e produtor Leland Hayward, com quem ela havia se casado em 1935.



Margaret Sullavan e Lelland Hayward, com dois dos filhos do casal


Sullavan recebeu uma série de convites para retornar ao cinema, mas recusou todas as propostas. Mas em 1950 ficou encantada com o roteiro de Destino Amargo (1950), um drama sobre uma mulher com câncer, que procura uma nova esposa para seu marido, para que ela possa cuidar de sua filha pequena, vivida pela jovem Natalie Wood.


Natalie Wood e Margaret Sullavan em Destino Amargo


Na década de 1950 Margaret Sullavan estava cada vez mais em depressão, e em 1959, durante os primeiros ensaios da peça Sweet Love Remember, ela declarou que detestava atuar, e sentia que a profissão a deixava presa.

Sua vida pessoal estava em frangalhos, e ela estava separada de Leland Hayward desde 1947, e em 1955 havia perdido a guarda de seus filhos, que disseram no tribunal que não queriam ficar com a mãe. Sua filha Brooke, como muitas filhas de celebridades de Hollywood, escreveu um livro de memórias onde contava o casamento conturbado de seus pais.

Hayward queria deixar a atriz há muito tempo, e Sullavan vivia chorando pela casa, as vezes até mesmo na frente de visitas. Após o divórcio, ela quase não saia da cama, e tinha sérios problemas para dormir. Sua depressão era tão grave, que ela concordou em se internar em uma clínica psiquiátrica.

Para piorar a situação, a atriz sofria de uma doença degenerativa desde a juventude, que fazia com que ela perdesse a audição com o passar dos anos, estando quase que praticamente surda.


Margaret Sullavan e Ken Smith nos ensaios de Sweet Love Remember


Em 01 de janeiro de 1960 Margaret Sullavan foi encontra morta em um quarto de hotel, aos 50 anos de idade. A atriz havia cometido suicídio, tomando diversos remédios prescritos para a sua depressão.

Dez meses após a sua morte, sua filha Bridget morreu da mesma maneira que sua mãe, aos 21 anos de idade. Seu filho Bill também cometeria suicídio em 2008, dando um tiro em sua própria cabeça.

Sua filha Brooke Hayward escreveu um livro sobre o casamento de seus pais, que foi adaptado para a televisão. Haywire (1980) teve Lee Remick e Jason Robards como protagonistas.


Lee Remick como Margareth Sullavan em Haywire




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