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Morre o ator João Restiffe, pioneiro da televisão e parceiro de Mazzaropi

João Restifffe, Geny Prado e Mazzaropi, em 1950

Morreu no dia 17 de abril o ator João Restiffe, aos 97 anos de idade. Natural de Caconde, interior de São Paulo, João Restiffe era um pioneiro da televisão brasileira, sendo um dos últimos sobreviventes do show inaugural, em 18 de setembro de 1950, que ainda estava entre nós.

Na televisão, ele ficou marcado por atuar no programa Rancho Alegre, o primeiro programa humorístico da TV Brasileira, estrelado por Mazzaropi, Geny Prado e João Restiffe, que servia de "escada" para o famoso comediante. Ele havia conhecido Mazzaropi em 1948, no Bar Juca Pato, reduto frequentado pelos artistas paulistas da época.

O programa Rancho Alegre foi exibido ainda nas transmissões experimentais, e fez parte da programação do show inaugural da PRF3-Tupi, e ficou no ar até 1954, quando Mazzaropi desistiu de fazer televisão para se dedicar ao cinema.


Mazzaropi, Geny Preado e João Restiffe na Tupi

João Restiffe veio do teatro, ao contrário dos primeiros atores da TV Tupi, que eram grandes nomes do rádio paulista. Também empresário, ele negociou as primeiras aparições de astros dos palcos na TV, como Odete Lara, Tônia Carrero e Bibi Ferreira, que eram contratados para trabalhar, por temporada, nos teleteatros.

Sem vaidades, o ator aceitava todo tipo de papel, e foi um dos coadjuvantes mais atuantes dos primeiros dias da televisão brasileira. Ele foi astro do Teatro de Operetas, que levava a ópera para a televisão, e apareceu em diversos teleteatros. Também esteve no elenco de Sua Vida Me Pertence (1951), a primeira telenovela da história do Brasil

E ao lado de Gaetano Gherardi estrelou o seriado Berloque Kolmes (1953), um programa humorístico que parodiava o detetive Sherlock Holmes.



Em 1957 João Restiffe fez outro feito na história da TV, participando da transmissão inaugural da RTP, Rádio e TV Portuguesa, sendo o único artista a estar presente na estréia das televisões nos dois países. Na época, ele estava em Lisboa como um dos membros da companhia de Bibi Ferreira.

No cinema, atuou em A Queridinha do Meu Bairro (1953), A Um Passo da Glória (1954), Rebelião em Vila Rica (1957), O Cantor e o Milionário (1958), Moral em Concordata (1959) e Dona Violante Miranda (1959). Curiosamente, apesar de manter a amizade com Mazzaropi até o final da vida do artista, nunca trabalhou com ele no cinema, porém chegou a gravar cenas de Um Mineiro na Cidade Grande (1963), projeto de Mazzaropi que nunca foi finalizando.


João Restiffe, Dercy Gonçalves e Odete Lara em Dona Violante Miranda


Casado e pai de duas filhas, João Restiffe percebeu que o salário de ator não seria suficiente para sustentar a sua família. Ele então arrumou um emprego como funcionário público, e deixou a carreira artística no começo da década de 1960.


Cassiano Gabus Mendes, Dionísio Azevedo, João Restiffe e Lima Duarte


Sempre muito alegre, simpático e disposto, João Restiffe era um excelente contador de histórias, e era a memória viva da história da televisão. Ele foi um nome fundamental no Museu da TV, criado pela amiga Vida Alves, e particularmente era um amigo pessoal muito querido meu.

Eu, Diego Nunes, autor desta página, tive o prazer de homenageá-lo em 2015 quando lancei meu livro.



Diego Nunes e João Restiffe




Veja também: Entrevista com Miriam Simone, uma pioneira da televisão brasileira





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