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A Verdadeira História da Pequena Sereia (cuidado, pode arruinar sua infância)



Muitos dos contos de fadas ficaram mundialmente famosos pelas adaptações pelos Estúdios Disney, e chegaram até nós em versões muito mais leves e felizes do que eram realmente quando publicadas originalmente.

Os contos de fadas originais são muito mais sombrios do que as histórias que ouvimos antes de dormir em nossas infâncias. No original de Cinderela, por exemplo, quando ela criança sentia-se tão obcecada pela companhia de seu pai, que aos oitos anos de idade, ajudada por uma empregada, Cinderela mata a mãe para ter a atenção exclusiva de seu genitor. Posteriormente ele se casa com esta empregada, o que nos faz entender um pouco melhor o porquê a madrasta é tão cruel com a enteada. 

A história original da Pequena Sereia, escrita por Hans Christian Andersen, em 1837, também não é tão adocicada quanto a versão apresentada na clássica animação da Disney de 1989.



O conto de Hans Christian Andersen teve influências de autores anteriores, e era basicamente uma releitura do conto alemão Undine (Erzählung), de Friedrich de La Motte Forqué. Undine é um espírito aquático que se casa com um humano a fim de ganhar uma alma.

Mas Forqué apenas romantizou a lenda de mais de 3000 mil anos, a da deusa assíria Atagaris, que matou seu amante acidentalmente seu amante, e se jogo em um lago por não suportar a culpa. Mas os deuses a pouparam, e transformaram-na em uma sereia. 

Andersen orgulhava-se de ter dado um final melhor para a história de Undine, mas ele não é tão feliz quanto o que a Disney nos contou.

No livro de 1837 A Pequena Sereia tem 14 anos de idade quando sua avó lhe conta que os humanos vivem bem menos que uma sereia, que vive por 300 anos. Porém, sua avó lhe diz que apesar da vida terrena curta, a vida dos humanos é eterna porque eles têm uma alma, ao contrário das sereias, que quando morrem viram espumas de sal no mar.

A Pequena Sereia, que não tem nome no livro (aliás nenhum personagem tem), resolve que quer se tornar humana para obter a vida eterna, e também para reencontrar o príncipe por quem ela se apaixonara após salvá-lo de um naufrágio.

A Pequena Sereia então procura uma bruxa do mar, que exige algo em troca do feitiço que lhe dará pernas. Ela então oferece sua linda voz, e a bruxa corta a sua língua para que a sereia não fale novamente. Mas o encanto que lhe deu pernas ainda tem um outro preço: seus pés irão doer e sangrar como se ela estivesse andando sobre facas afiadas. Além disto, ela nunca mais poderá entrar no mar, e sente como se tivesse sido atravessada por uma espada quando bebe a poção.

A jovem reencontra o príncipe, mas como não consegue falar, dança para ele, mesmo sentindo dores agonizantes. E ele adora vê-la dançando, fazendo com que ela dance constantemente. A Pequena Sereia ainda tem mais um preço a pagar para conquistar sua alma e vida eterna:  ela precisa se casar com seu amor verdadeiro, no caso o príncipe.

Caso ele contraia matrimônio com outra mulher, na madrugada da noite de núpcias, ela morrerá e se transformará em espuma. 

Mas o príncipe está prometido a uma princesa de um reino vizinho, e acredita que foi ela quem o salvou do mar. Ele então deixa A Pequena Sereia, e se casa com a princesa. Muda, a sereia não consegue contar que foi ela quem o salvou de verdade.

A Pequena Sereia se desespera, mas depois aceita que irá morrer. Mas enquanto aguarda pela morte ela reencontra suas irmãs, agora também com pernas humanas. Elas têm uma faca de prata enviada pela feiticeira, que conseguiram em troca de seus belos cabelos.




Se A Pequena Sereia matar o príncipe com a faca e cobrir suas pernas com sangue, ela irá voltar a ser uma sereia, e seu sofrimento irá acabar. Ela vai até o quarto do príncipe, e o encontra dormindo ao lado de sua esposa, mas não tem coragem para matá-lo.

Ela então se joga no mar e vira espuma, mas em vez de desaparecer, ela sente o calor do sol, pois havia se transformado em um espírito. Outros espíritos lhe contam que ela foi abençoada pelo seu esforço e dedicação em ter uma alma, mas terá que fazer 300 anos de boas ações para os humanos antes de ganhar uma alma definitiva.

Segundo Hans Christian Andersen este era um final feliz digno de um "felizes para sempre".


Veja também: As Adaptações de A Pequena Sereia



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