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Laird Cregar, o ator morto por pressões estéticas


Certa vez o jornalista John Chapman, do jornal Chicago Daily Tribune escreveu que "Laird Cregar se tornaria uma das maiores estrelas de 1942". E ele realmente foi bastante famoso no começo da década de 1940, mas sua obsessão para se encaixar nos padrões acabou interrompendo sua carreira (e vida) bruscamente. O ator morreu no auge da fama, com apenas 30 anos de idade.




Samuel Laird Cregar nasceu na Filadélfia em 28 de julho de 1914. Ele era filho de Edward Matthews Cregar, um jogador de críquete, que fazia parte de uma companhia chamada Os Cavalheiros da Filadélfia, que viajam o mundo fazendo apresentações do esporte.

Aos 8 anos de idade Laird Cregar foi mandando para estudar na Inglaterra, onde desenvolveu o sotaque britânico, apresentado posteriormente em muitos de seus filmes. E foi na Inglaterra, ainda garoto, que ele começou a atuar nos palcos.

Mas pouco tempo depois seu pai morreu, e sua mãe mandou que ele voltasse para os Estados Unidos. Aos 14 anos ele ingressou então em uma empresa de teatro amador, onde permaneceu até 1936, quando ganhou uma bolsa de estudos para a Passadena Playhose, uma famosa escola de teatro na Califórnia. E foi lá que o ator Thomas Browne Henry lhe deu o pior conselho de sua vida.

Gregar sempre foi um homem grande, acima do peso, e foi aconselhado por Henry "a não perder nenhum quilo, mas desenvolver a personalidade de um homem magro."

E|m 1940 Cregar fez um enorme sucesso ao interpretar Oscar Wilde no teatro. O veterano John Barrymore, após ver seu desempenho, declarou "que ele era um dos jovens atores mais talentosos que havia visto nos últimos 10 anos".

O sucesso nos palcos rendeu um contrato com a 20th Century Fox, que o colocou em pequenos papéis nos filmes Oh, Johnny, How You Cam Love! (1940), Granny Get Your Gun (1940) e O Renegado (Hudson's Bay, 1940).


Laird cregar em O Renegado

Em 1941 ele teve um papel melhor no filme Sangue e Areia (Blood and Sand, 1941), um grande sucesso estrelado por Tyrone Power. A Fox ficou impressionada quando o ator, que pesava quase 140 quilos, começou a receber diversas cartas de fãs, fazendo dele um galã improvável naqueles tempos de Hollywood.


Laird Cregar em Sangue e Areia

O ator então teve bons papéis em filmes da Fox, como A Tia de Carlitos (Charley's Aunt, 1941), Quem Matou Vicki? (I Wake Up Screaming, 1941), E As Luzes Brilharão Outra Vez (Joan of Paris, 1942), Ela Queria Riquezas (Rings on Her Fingers, 1942), e foi emprestado para viver o vilão em Alma Torturada (This Gun for Hire, 1942), um noir produzido pela Paramount, estrelado por Veronica Lake.


Robert Preston, Veronica Lake e Laird Cregar em Alma Torturada


Laird Cregar atuou novamente com Tyrone Power em O Cisne Negro (The Black Swan, 1942), e ainda em 1942 atuou no filme Dez Cavalheiros de West Point (Ten Gentlemen of West Point, 1942).


Tyrone Power e Laird Cregar em O Cisne Negro


Em Dez Cavalheiros de West Point Cregar contracenou com o jovem ator David Bacon, que foi assassinado em 1943, com apenas 29 anos de idade. O crime, que nunca foi solucionado, repercutiu muito na imprensa da época, e a imprensa levantou rumores de que Bacon e Laird Cregar em amantes.

Um jornal  chegou a publicar uma foto dos dois  saindo de um teatro, com a legenda "Laird Cregar, o bom amigo de Bacon". O produtor Darryl F. Zanuck logo providenciou um artigo na revista Modern Screen relatando o namoro de Cregar com a atriz Dorothy McGuire, para evitar o escândalo, já que o ator, apesar do excesso de peso, era muito popular entre as mulheres na época.

Laid Cregar jogando cartas (sentado, ao centro), com Tom Neal, a esquerda, e David Bacon (de pé, a direita), no intervalo das filmagens de Dez Cavalheiros de West Point


Passado o escândalo, o ator ainda foi visto em Aquilo, Sim, Era Vida! (Hello Frisco, Hello, 1943), O Diabo Disse Não (Heaven can Wait, 1943) e Palheta da Vida (Holy Matrimony, 1943).


Laird Cregar em O Diabo Disse Não


Em 1943 o ator foi anunciado pelo estúdio como protagonista do suspense O Ódio que Mata (The Lodger, 1944), como um personagem que pode ou não ser o Jack, o Estripador.

Feliz em fazer seu primeiro papel principal, o ator começou a fazer uma rigorosa dieta, desejando dar ao personagem uma "faceta mais romântica". O filme fez um enorme sucesso, mas Cregar estava cansado de interpretar vilões.


Laird Cregar em O Ódio que Mata


Cregar depois foi escalado para outro protagonista, desta vez no papel de um pianista que enlouquece em Concerto Macabro (Hangover Square, 1945). Inicialmente o ator recusou o papel, pois havia emagrecido muito, e não queria mais personagens atormentados, desejando ser aproveitado como um galã tradicional.

O ator foi punido pelo estúdio, sendo suspenso de qualquer produção. Ele então voltou atrás, e protagonizou o filme, ao lado de Linda Darnell, com quem havia feito Sangue e Areia.


Laird Cregar e Linda Darnel em Concerto Macabro


Mas a severa dieta que o ator estava seguindo comprometeu gravemente sua saúde. Ele passava muitas horas com fome, e passou a usar anfetaminas para controlar a vontade de comer. Como resultado, seu sistema digestivo entrou em colapso, e em dezembro de 1944 ele precisou se submeter a uma cirurgia abdominal.

Um dia após a cirurgia, ele sofreu um ataque cardíaco, e foi levado às pressas de volta ao Hospital, onde faleceu em 09 de dezembro de 1944, com apenas 30 anos de idade.

O filme Concerto Macabro foi lançado meses após a sua morte, e o público ficou estarrecido com o rápido, e mortal, emagrecimento do ator.






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