Em 2018 a norte-americana Meghan Markle ingressou na família real inglesa ao se casar com o príncipe Harry, neto da Rainha Elizabeth II. O casal real abdicou as atribuições da vida real em 2020, mas mesmo assim Meghan entrou para a lista de atrizes que se tornaram princesas na vida real.
Meghan foi estrela da série Suits (2011-2018), e fez pequenos papéis em filmes como De Repente é Amor (A Lot Like Love, 2005), Lembranças (Remember Me, 2010), O Pior Trabalho do Mundo (Get Him to the Greek, 2010) e Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, 2011).
Meghan Markle e Ashton Kutcher em De Repente é Amor
Em Hollywood, o caso mais famoso de atrizes que largaram a carreira na cinema para ingressar na monarquia foi o da atriz Grace Kelly, que se tornou Princesa de Mônaco em 1956. Mas ela não foi a primeira.
A Princesa Grace Kelly, de Mônaco
A Princesa Diana e a Princesa Grace Kelly
Foi Rita Hayworth a primeira atriz a se tornar princesa, embora não tenha deixado a carreira devido ao casamento. Em 1949 Rita casou-se com o Príncipe Aly Khan, filho de um sultão persa. A união não foi um conto de fadas, e eles não viveram felizes para sempre. Mas a filha do casal, Yasmin Aga Khan, herdou o título de princesa.
Rita Hayworht e Aly Khan
Rita, Grace e Meghan não são as únicas atrizes que se tornaram princesas reais. Porém, curioso é o caso da Princesa Soraya do Irã, que se tornou atriz após deixar um casamento real.
Soraya Esfandiary-Bakhtiari nasceu no Irã em 22 de junho de 1932. Ela era filha de uma nobre família persa, e seu pai havia sido embaixador na Alemanha na década de 1950.
Quando estudava em uma internato suíço, um parente a apresentou ao Xá Mohammed Reza Pahlavi, recém divorciado. O nobre a pediu em noivado, presenteando-a com um anel de diamantes de 22,37 quilates.
A união ocorreu em uma luxuosa cerimônia em 1951, com a jovem usando um vestido cravejado de pérolas, desenhado por Dior.
O Irã na época não possuía um termo para designar a esposa do Xá, mas a imprensa passou a chamá-la de Imperatriz. Mas a vida real não era tão bonita quanto nos contos de fada.
Infértil, Soraya não conseguia dar um herdeiro ao marido, e ele sugeriu um segundo casamento, com uma mulher que pudesse lhe dar um filho. Indignada, ele deixou o país, e foi morar na casa de sua família, na Alemanha.
Reza Pahlavi mandou diversas comitivas reais, em vão, para persuadir Soraya a voltar. Mas ela declarou que não suportaria dividir o marido com outra mulher. O divórcio foi oficializado em 21 de março de 1958, dia do ano novo persa.
No acordo de separação, ela ganhou o título de Sua Alteza Imperial, a Princesa Soraya da Pérsia, e radicou-se em Paris.
Era nítida a tristeza de Soraya, cuja história estampava as revistas do mundo inteiro. Os compositores franceses Marie Paulle Belle e Francoise Mallet-Jorris compuseram a canção Je Veux Pleurer Comme Soraya (eu quero chorar como Soraya), que fez muito sucesso na França.
A música na verdade era uma crítica a cobertura da imprensa, que se preocupava com o drama de uma princesa, ao invés de dar voz ao choro de uma operária de fábrica, cujas lágrimas não eram acompanhadas do luxo de Soraya ou Elizabeth Taylor, que também é citada na canção.
Em 1963 o produtor e diretor Dino de Laurentiis convidou Soraya para estrelar um filme sobre a vida de Catarina, a Grande (Imperatriz da Rússia), mas devido aos altos custos da produção, o projeto não foi para a frente. Em vez disto, usando apenas o nome Soraya, ela estrelou As Três Faces de Uma Mulher (I tre Volti, 1965), dirigido por Michelangelo Antonioni, Mauro Bolognini e Franco Indovina.
O filme era composto em três episódios, cada um dirigido por um cineasta, e Soraya era a protagonista das três partes.
Soraya e Alberto Sordi em As Três Faces de Uma Mulher
Durante as filmagens ela se apaixonou pelo diretor Franco Indovina, e passou a viver com ele. Apesar de ter recebido muita publicidade pela sua estreia no cinema, e até boas críticas pelo seu desempenho, ela preferiu não dar continuidade a carreira para viver seu novo grande amor. Mas o romance foi interrompido tragicamente quando Indovina morreu em um acidente de avião, em 1972.
Ele tinha apenas 40 anos de idade na época.
Algumas fontes indicam que a princesa Soraya também atuou em A Deusa da Cidade Perdida (She, 1965), estrelado por Ursula Andress, mas esta informação não procede. Na verdade, quem faz parte do elenco é a dançarina de dança do ventre Soraya Ravensdale, creditada também apenas como Soraya.
Soraya e Franco Indovina
Após a morte de Indovina ela se tornou reclusa, recebendo poucas pessoas, como seu irmão Bijan, ao longo dos anos. Soraya foi tomada por uma forte depressão, e em 1991 publicou sua biografia, chamada O Palácio da Solidão.
Após lançamento do livro, ela voltou a ser vista nas rodas sociais, depois de muitos anos afastada.
Bijan e Soraya
Em 26 de outubro de 2001 Soraya, a "princesa dos olhos tristes" foi encontrada morta em sua residência, em Paris. Seu corpo estava caído no chão, abraçado a sua autobiografia. Ela tinha 69 anos de idade, e a causa de sua morte nunca foi divulgada.
Sem filhos, seu irmão Bijan foi declarado seu herdeiro legal, mas ele faleceu uma semana depois da partida da irmã. Bijan também não deixou herdeiros diretos, e a fortuna de ambos foi dada ao motorista do príncipe, que o acompanhava desde 1980, conforme a vontade que o aristocrata havia manifestado em um bilhete escrito um dia antes de sua morte.
Ira von Fürstenberg, a princesa italiana que também se tornou atriz (e filmou no Brasil), foi uma das poucas pessoas da realeza a comparecer no funeral de Soraya.
Em 2003 sua vida foi retratada na produção italiana Soraya (2003), estrelado por Anna Valle.
Anna Valle no filme de 2003
Soraya e o ator Maximilian Schell
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