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O ator Richard Ney, o marido abusivo de Greer Garson


A atriz Greer Garson foi uma das maiores estrelas de Hollywood nas décadas de 30 e 40. Seu lendário discurso de 42 minutos ao receber o Oscar em 1943 virou lenda na história da premiação, e fez com que a Acadêmia passasse a limitar o tempo de discursos, para não atrasar a premiação.


Garson foi premiada por sua atuação no filme por A Rosa da Esperança (Mr. Miniver, 1942), que era sua terceira indicação ao Oscar. Foi também durante as filmagens de A Rosa da Esperança que ela conheceu o jovem ator Richard Ney, que interpretava seu filho nesta produção.

Teresa Wright, Richard Ney e Greer Garson em A Rosa da Esperança

Ney era estreante nas telas. O rapaz só tinha uma experiência como ator, tendo feito um pequeno papel na Broadway, na peça Life With Father (1940). Formado em economia pela Universidade de Columbia, Richard Ney decidiu tornar-se ator após ver uma demonstração da televisão, no stand da RCA montado na Feira Mundial de 1939.

Em 1940, após atuar no teatro, descobriu que seu antigo professor de francês da universidade, estava trabalhando como consultor de idioma na MGM. Seu professor o levou para fazer um tour pelas dependências do estúdio, e conseguiu para ele um teste com Louis B. Mayer.

Richard Ney

Mayer gostou do teste, e ofereceu um contrato de longo prazo ao ator, mas com um pequeno salário. Porém, por muito tempo Richard Ney ficou sem utilidade no estúdio, não sendo escalado para nenhuma produção.

Foi somente em 1942 que o diretor William Wyller resolver dar uma chance para o rapaz, chamando-o para um pequeno papel em A Rosa da Esperança, onde interpretaria o filho de Greer Garson. Durante uma festa promovida pelo diretor, para apresentar o elenco, Ney chamou Garson para dançar. Mais tarde, em uma entrevista, a atriz disse que Richard Ney era o homem mais bonito que havia visto em sua vida.

Ele flertou com ela, e logo eles começaram um romance. Mas o ator tinha 23 anos, e Garson, 37, o que era um escândalo na época. Além disto, a atriz ainda estava casada, e Richard Ney havia se divorciado da atriz Elden Hewitt, em 1939.

Louis B. Mayer proibiu o namoro, dizendo que pegaria mal uma atriz namorar um novato que interpretara seu filho nas telas. Mas em junho de 43 ela separou-se do marido, e no começo de julho se casou com Ney, mesmo prometendo ao estúdio que só se casaria com ele após o fim da Segunda Guerra Mundial.


Ney foi morar na mansão de sua esposa, e o casal posava feliz para a imprensa. A carreira da atriz continuava em alta, e ela foi indicada ao Oscar nos próximos três anos consecutivos, após o casamento.


Mas Richard Ney não atuava no cinema desde a época do namoro, quando fez um papel muito pequeno em Aço da mesma Têmpera (The War Against Mr. Hadley, 1942). Apesar de ter um contrato, o ator recusava todos os papéis oferecidos a ele, por achar que eram pequenos demais. Dizia que só voltaria as telas como protagonista, como a esposa, e usava a influência de Garson para poder enfrentar as ordens do estúdio.

Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos astros de Hollywood foram lutar no conflito na Europa, mas Ney, por ter se casado, não era obrigado a se alistar. Isto pegou mal no meio artístico, ainda mais diante dos esforços de Greer, que arrecadava fundos e entretia os soldados que iam para o front. Nos bastidores, os colegas do cinema o chamavam de preguiçoso.

Mas o casal ainda aparecia feliz perante o público. Mas em 1946 a atriz entrou com um pedido de divórcio, alegando grave angústia mental e psicológica, além de extrema crueldade. Não era segredo nos bastidores de Hollywood o que acontecia na casa do casal. Até a decoração da casa já havia sido motivo para discussões mais acaloradas, e Ney odiava o fato da mãe da atriz morar próximo a residência, e acusava a esposa de não se empenhar em sua carreira.

Dizem que a cena da briga de Garson e Clark Gable no filme Aventura (Adventure, 1945), havia sido inspirada em uma situação real, ocorrida entre o casal. Mas Garson retirou o processo, e deixou o ator voltar para casa.

Porém, na noite de natal de 1946, Garson lia o roteiro que estava filmando, deitada em sua cama. O ator entrou no quarto, furioso, acusando a atriz de o deixar sem dinheiro durante o período em que ficaram separados, o que teria obrigado-o a aceitar um papel insignificante em Tenho Direito ao Amor (The Late George Apley, 1947).

Com medo, a atriz trancou-se no closet, enquanto Ney chutava e esmurrava a porta aos berros. Garson implorou para ele parar, e pediu para voltar para sua cama, pois tinha que acordar muito cedo para uma gravação, no dia seguinte. Mas assustada, acabou dormindo dentro de seu armário de roupas mesmo.

Após o incidente, a atriz abriu novamente o processo de divórcio, que se estendeu até 1948. Durante os depoimentos de ambas as partes, Garson relatou diversas situações, como esta ocorrida no natal de 46. A atriz também alegou que ele criticava sua atuação, dizia que ela não tinha talento e era feia. Richard Ney, por sua vez, quando depunha debochava da atriz, fazendo piadas com sua idade. Ney chegou afirmar que este era o preço que uma velha tinha que pagar para namorar um homem bonito como ele.

A imprensa adorou o escândalo, que era constantemente estampado nas páginas dos jornais. A publicidade negativa, entretanto ajudou o ator. A MGM o demitiu durante o divórcio, mas logo a Fox o escalou para atuar em Ivy, A História de Uma Mulher (Ivy, 1947), estrelado por Joan Fontaine.

Richard Ney, Joan Fontaine e Lillian Fontaine (mãe de Joan), em Ivy, a História de Uma Mulher

Em seguida ele atuou em Joana D'Arc (Joan of Arc, 1948), estrelado por Ingrid Bergman. E ainda atuou em O Leque de Lady Windermere (The Fan, 1949). Todos os papéis eram coadjuvantes.

Mas se Hollywood estava dando uma chance ao ator, o público não o perdoou. Garson era uma das atrizes mais queridas entre os fãs de cinema, e as críticas as chances a Ney eram constantes.

A Columbia ainda lhe deu uma grande chance, escalando-o em seu primeiro protagonista, na produção de baixo orçamento o Segredo de Saint Ives (The Secret of St. Ivens, 1949).


Em baixa com o público, as portas de Hollywood se fecharam. Sem emprego no cinema americano, ele foi para a Europa, onde estrelou o filme italiano Miss Itália (1950), com a novata Gina Lollobrigida. Ele ainda fez filmes na França e Alemanha, de menor repercussão.

Na Espanha, com Paulette Godard, atuou no filme de aventura Kyra, A Escrava de Bagdá (Babes in Bagdad, 1952). Com ela também fez Muchachas de Bagdad (1953), feito no México.

Richard Ney e Paulette Godard em Kyra, A Escrava de Bagdá

Ainda na década de 50, ele tentou voltar a Hollywood, mas só conseguiu alguns trabalhos eventuais na televisão. Em 1958 ele produziu e estrelou o musical Portofino, nos palcos da Broadway. A crítica considerou o maior equivoco teatral do ano, e o público simplesmente não compareceu.

Em 1960 ele conseguiu retornar ao cinema, em um pequeno papel no filme A Teia da Renda Negra (Midnight Lace, 1960), estrelado por Doris Day.

Richard Ney e Rex Harrison em A Teia da Renda Negra 

No mesmo ano de seu retorno inexpressivo as telas, Greer Garson recebeu sua última indicação (de sete) ao Oscar, por seu trabalho em Dez Passos Imortais (Sunrise at Campobello, 1960). Em 1962 Ney fez mais um filme, o último de sua carreira, o terror Obsessão Macabra (Premature Burial, 1962), dirigido por Roger Corman.

Richard Ney e Hazel Court em Obsessão Macabra

Ele ainda trabalharia em mais algumas ocasiões na televisão, mas abandonou a carreira artística definitivamente em 1967. Richard Ney então tornou-se consultor financeiro, alegando que fazia isto para o deixarem em paz.

Ele virou um famoso consultor de finanças de Wall Street, publicando diversos livros e constantemente aparecendo na televisão dando dicas de economia. Johnny Carson, o popular apresentador de um tradicional programa de entrevistas nos Estados Unidos, entretanto, o colocou na lista negra dos convidados do programa, que além de Richard Ney, incluía somente outro nome, de um político.


Greer Garson atuou até 1982, e faleceu aos 91 anos, em 06 de abril de 1996.

Richard Ney, que é pai de Rick Dufay, guitarrista do Aerosmith, e avô da atriz e cantora Minka Kelly, faleceu em 18 de julho de 2004, aos 87 anos.


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