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Ricardo Montalbán, Um Galã Latino na Ilha da Fantasia




Ao longo de quase setenta anos de carreira, Ricardo Montalbán teve uma rica carreira, com inúmeras fases. De galã latino na MGM da década de 50, Montalbán voltaria ao estrelato na televisão, com a série Ilha da Fantasia (Fantasy Island, 1977-1984).


Ricardo Gonzalo Pedro Montalbán y Merino nasceu na cidade do Mécido em 25 de novembro de 1920. Quando nasceu, Ricardo Montalbán teve malformação arteriovenosa, uma doença neurológica que afetou sua medula espinal, deixando o ator com uma perna mais curta que a outra. Durante toda a vida, Montalbán mancava de uma perna, e usava sapatos especiais para disfarçar. Mas quando dançava, ninguém lembrava de sua deficiência física.

Quando adolescente, Montalbán mudou-se para Los Angeles com o irmão Carlos Montalbán, ambos em busca da carreira de ator. Em 1941 ele atuou em diversos sondies (curtas-metragens musicais, espécie de antecessor dos videoclips) que era exibido apenas em Jukeboxes especiais para estes filmes. Nestes filmes, era creditado apenas como "Ricardo".

Quando começava a despontar na carreira, sua mãe ficou gravemente doente, e ele retornou ao México para cuidar de sua saúde. Em seu país natal Montalbán estreou no cinema, atuando em um pequeno papel em Os Três Mosqueteiros (Los tres mosqueteros, 1942), estrelado por Cantinflas.

Após fazer pequenas participações no cinema mexicano, ele estrelou Santa – O Destino de uma Pecadora (Sublime Sacrificio, 1943), remake de Santa (Idem, 1931), primeiro filme sonoro do México, estrelado por Lupita Tovar.


Em 1944, já consagrado como astro em seu país, ele atuou em Five Were Chosen (1944), uma obra norte-americana filmada no México. O filme era produção de baixo orçamento, mas o jovem galã mexicano chamou a atenção dos produtores de Hollywood. Montalbán começou a receber diversos convintes de estúdios americanos, mas inicialmente recusou todas as propostas, preferindo dedicar-se a carreira em seu país.

Após muita insistência o ator assinou contrato com a MGM, que o queria como astro em Festa Brava (Fiesta, 1947), estrelada por Esther Williams. O estúdio queria lançá-lo com o nome de Ricardo Mantall, mas Montalbán recusou. No filme, ele interpretava um toureiro, irmão de Esther Williams. Logo tornou-se um astro, um novo galã latino, nos moldes dos antigos astros Rudolph Valentino e Ramon Novarro.

 Cyd Charisse, Esther Williams, John Carroll e Ricardo Montalban em Festa Brava

Logo a MGM o escalou para novos musicais. Montalbán retornou as telas novamente ao lado de Esther Williams em Numa Ilha com Você (On an Island with You, 1948), que também tinha Cyd Charrise no elenco. Além da menina Kathryn Beaumont, que futuramente tornaria-se a modelo da animação Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 1951).

Depois atuou em Beijou-me um Bandido (The Kissing Bandit, 1948), estrelado por Frank Sinatra e Kathryn Grayson. Novamente atuando com Esther Williams estrelou A Filha de Netuno (Neptune’s Daughter, 1949).

 Ricardo Montalbán e Esther Williams em A Filha de Netuno

O sucesso na MGM  fez de Montalbán o primeiro homem latino a aparecer na capa da famosa revista Life, em 1949.



Fazendo par romântico com Jane Powell, ele estrelou Quando Canta o Coração (Two Weeks with Love, 1950), que tinha no elenco a novata Debbie Reynolds, fazendo dupla com o ator Carleton Carpenter.

Cartaz de Quando Canta o Coração

Seu último grande musical na MGM foi Meu Amor Brasileiro (Latin Lovers, 1953), onde interpretou o brasileiro Roberto Santos, que ensina Lana Turner a dançar samba, tendo como partner a atriz Rita Moreno, e o músico brasileiro Laurindo Almeida como um dos membros do conjunto musical que toca para eles dançarem.





Além dos musicais, o ator atuou em filmes como Mercado Humano (Border Incident, 1949), A Noite de 23 de Maio (Mystery Street, 1950) e O Preço da Glória (Battleground, 1949). Durante as filmagens de Assim São os Fortes (Across the Wide Missouri, 1951), sofreu um acidente de filmagem. Montalbán caiu de um cavalo durante a gravação de uma cena, o animal pisou em sua coluna, agravando ainda mais seu problema de saúde. O ator passou a sentir constantes dores nas costas, que mais tarde o obrigariam a se submeter a diversas cirurgias.

Com a saúde abalada, Montalbán foi demitido da MGM. Na Columbia fez A Espada Sarracena (The Saracen Blade, 1954), contratado por obra. Desempregado, voltou ao México, onde estrelou Sombra Verde (Idem, 1954), ao lado de Ariadna Welter. O filme fez um grande sucesso no México, e valeu ao ator o título de “O Tyrone Power do México”. No Brasil o filme também fez sucesso, ficando em cartaz 27 semanas.

Ricardo Montalbán e Ariadna Welter em Sombra Verde

Sem trabalho em Hollywood, Montalbán também filmou na Europa, fazendo Rainha da Babilônia (La cortigiana di Babilonia, 1954), ao lado de Rhonda Fleming, a "Rainha do Technicholor". Na Espanha atuou em Los amantes del desierto (1957), ao lado de Carmen Sevilla.

De volta aos Estados Unidos, o galã latino não conseguiu muitos papéis no cinema, passando a atuar na televisão, participando de séries como Climax! e Caravana (Wagon Train). Em 1957 fez mais um filme em Hollywood, fazendo um personagem japonês em Sayonara (Idem, 1957).

Ricardo Montalban em Sayonara

Na década de sessenta atuou em alguns filmes como Algemas Partidas (Let no Man Write My Epitafh, 1960), As Aventuras de Um Jovem (Hemingway's Adventures of a Young Man, 1962), O Santo Relutante (The Reluctant Saint, 1962), Mercado de Corações (Love Is a Ball, 1963) e Cheyenne Autumn (Idem, 1964) . De volta a MGM, seu antigo estúdio, atuou em Dinheiro é Armadilha (Money is a Trap, 1965) e Dominique (The Singing Nun, 1966), estrelado por Debby Reynolds. Também filmou O Pirata Negro (Gordon, il pirata nero, 1961) na Itália, e fez algumas produções mexicanas. De volta aos musicais, atuou em Charity, Meu Amor (Sweet Charity, 1969), estrelado por Shirley MacLaine.
Ricardo Montalbán e Shirley MacLaine em Charity, Meu Amor

Também continuou atuando muito na televisão. Fez participações em séries como Bonanza, Os Intocáveis (The Untouchables) e Zorro. Também teve um papel regular em  O Jovem Dr. Kildare (Dr. Kildare) e fez diversos papéis na série Letter to Loretta, estrelada por sua cunhada Loretta Young. Desde 1944 Montalbán era casado com a atriz Georgiana Young, irmã de Loretta.

Ricardo Montalban e Georgiana Young

Em 1970, insatisfeito com os papéis estereotipados para artistas latinos, criou junto com os atores Richard Hernandez, Val de Vargas, Rodolfo Hoyos Jr., Carlos Rivas, Tony de Marco e Henry Darrow a fundação Nosotros, que defendia os direitos dos artistas latinos nas produções cinematográficas e televisivas.

A fundação também criou o Golden Eagle Awards, uma premiação anual que destaca atores latinos.  Em 1999 a fundação comprou o antigo Teatro Doolittle (que pertencera a Howard Hughes), e rebatizou o prédio de Teatro Ricardo Montalbán, onde a cerimônia é realizada desde então. 

Montalbán foi acusado de militante por seu trabalho na fundação Nosotros. E por causa disto perdeu inúmeros trabalhos, ficando numa espécie de lista negra dos estúdios.

Em 1971 ele atuou como Armando em Fuga do Planeta dos Macacos (Escape from the Planet of the Apes, 1971), ao lado de Kim Hunter, Roddy McDowall e Bradford Dillman. Montalbán repetiria o papel em Conquista do Planeta dos Macacos (Conquest of the Planet of the Apes,  1972).

 Ricardo Montalbán em Fuga do Planeta dos Macacos

Quando sua carreira demonstrava sinais de decadência, Montalbán foi escalado para viver o simpático anfitrião Mr. Roarke na série A Ilha da Fantasia (Fantasy Island, 1977-1984). Criada por Aaron Spelling, a série surgiu por acaso. A Rede ABC queria que o produtor criasse um novo sucesso nos moldes de As Panteras (Charlie's Angels), mas não gostava de nenhuma nova ideia de Spelling. Furioso, Spelling gritou "vocês querem uma série onde uma exista uma ilha mágica que realiza todas as fantasias". O executivos do canal de televisão acabaram por gostar do desabafo do produtor, e apostaram em A Ilha da Fantasia.

 Ricardo Montalbán e Hervé Villechaize em A Ilha da Fantasia

Ao lado de Hervé Villechaize, que vivia seu fiel assistente Tattoo, Montalbán recepcionava diversos convidados em sua ilha mágica. A série fez muito sucesso, e como só tinha dois personagens fixos, contou com diversas participações especiais, que iam desde os grandes astros da época, a antigos astros da velha Hollywood, como sua antiga colega de MGM  Cyd Charisse.

Em 1983 Hervé Villechaize foi demitido da série. O ator exigia um aumento de salário, que os produtores não queriam dar. Além disto, a série sofria diversas acusações de assédio sexual por pare de  Villechaize, que fazia investidas contra as atrizes figurantes da série. O ator Christopher Hewett então entrou na série, como o mordomo Lawrence. Mas o público não gostou da mudança, e a saída de Tattoo não foi bem vista. A série só durou mais uma temporada sem ele.

 Ricardo Montalbán e Christopher Hewett em A Ilha da Fantasia

Enquanto filmava a Ilha da Fantasia, Montalbán também atuou em um de seus filmes mais lembrados desta segunda fase de sua carreira, atuando em Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan (Star Trek II: The Wrath of Khan, 1982). Em 1967, ainda na televisão, Montalban havia interpretado o vilão Khan Noonien Singh no episódio Space Seed, da série Jornada nas Estrelas (Star Trek). Considerado um dos melhores vilões de todos os tempos, Khan, o super humano melhorado geneticamente, reapareceria 15 aos depois, buscando vingança contra o Capitão Kirk, neste filme baseado na série clássica.

 Ricardo Montalbán em Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan

Com o fim da série atuou no filme Um Rally Muito Louco (Cannonball Run II, 1984), estrelado por Burt Reynolds. Depois interpretou o vilão Zachary 'Zach' Powers na série Disnastia (Dinasty), em 1986. Em seguinda foi para o elenco de The Colbys, spin off (serie derivada de outra série), onde fez o mesmo personagem entre 1986 a 1987.

Montalbán ainda atuaria em Corra que a Polícia Vem Aí (The Naked Gun: From the Files of Police Squad!, 1988). No final da década de 80, ele começou a sentir muitas dores na coluna, devido a sua doença de nascença, agravada com o seu acidente em 1951. Ele precisou a se submeter a treze cirurgias na coluna, e em 1993 acabou perdendo os movimentos das pernas, ficando em uma cadeira de rodas.


Ricardo Montalbán e Leslie Nielsen em Corra que a Polícia Vem Aí

Mas o ator não parou de trabalhar, fazendo diversas dublagens para animações. O cineasta Robert Rodriguez, grande fã de Montalbán, escreveu um personagem para ele em Pequenos Espiões 2: A Ilha dos Sonhos Perdidos (Spy Kids 2: Island of Lost Dreams, 2002). O ator interpretava o avô dos pequenos espiões, e tinha uma cadeira de rodas com jatos propulsores. Ele retornaria na sequência Pequenos Espiões 3-D: Game Over (Spy Kids 3: Game Over, 2003). Este foi o último filme de Montalbán como ator.

Ricardo Montalbán em Pequenos Espiões 3-D: Game Over

O ator continuou dublado. Seu último trabalho foi como o General Juanito Pequeño na animação American Dad!, em 2009.

Em 2007 sua esposa, a atriz Georgiana Young (com quem ele era casado desde 1944) faleceu. A saúde de Montalbán ficou ainda mais abalada. Em 14 de janeiro de 2009 ele teve uma parada cardíaca, falecendo aos 88 anos de idade.

Em  2018 o ator Andy Garcia interpretou Ricardo Montalbán no filme My Dinner With Hervé (2018), sobre a vida do ator Hervé Villechaize (interpretado pelo ator Peter Dinklage, de Game of Thrones).
 Peter Dinklage e Andy Garcia em My Dinner With Hervé


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4 Comentários

  1. A Ilha da Fantasia é uma de minhas mais queridas recordações da infância. Também lembro do ator nos dois filmes da franquia Planeta dos Macacos e como o vilão de A Marca do Zorro. Triste saber que Montalbán sofreu tanto com seu problema de saúde e acabou como cadeirante. Mas já li em outros lugares que ele sempre foi um homem de fé que jamais se deixou abalar pelos revezes da vida. Mais um motivo de admiração. Descanse em paz!

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  2. A série Ilha da Fantasia foi marcante pra mim, pois foi quando comprei minha primeira televisão colorida. Ficava embasbaco vendo aquela abertura em cores.

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  3. Nunca fui fã de atores como Ricardo Moltalban e José Ferrer por exemplo simplesmente porque eu sempre detestei atores e homens latinos em geral sendo que esse estereótipo masculino vulgar e grosseiro do amante latino é extremamente forçado e desagradável também. Os atores brancos e famosos dos Estados Unidos e da Europa Setrentional sempre foram infinitamente mais bonitos e sensuais do que os próprios vira latas latinos de um modo geral.

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