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A misteriosa morte de Renate Müller, a estrela destruída pelo nazismo



A Segunda Guerra Mundial e o domínio nazista alemão causaram incontáveis tragédias para a humanidade. Diversas vidas foram ceifadas, incluindo a de profissionais da indústria do cinema. Antes do conflito mundial, o cinema europeu era muito forte, e competia lado a lado com as produções norte-americanas.

O cinema produzido na Alemanha era particularmente muito forte em termos comerciais, vide os clássicos do movimento expressionismo alemão, que são reverenciados até hoje como fundamentais para a história cinematográfica. E a atriz Renate Müller era uma das principais estrelas alemãs desta época.



Renate Müller nasceu em Monique, na Alemanha, em 26 de abril de 1906. Ela era filha de uma família abastada, e teve uma educação artística desde criança, estudando canto principalmente.

Ela teve aulas de atuação com lendas das artes alemãs, como Georg Wilhelm Pabst e Max Reinhardt, e na década de 1920 já era uma das mais populares atrizes do teatro alemão. Renate estreou no cinema em 1929, atuando ainda no cinema mudo.

Sua estreia no cinema sonoro foi no Amor e Boxe (Liebe im Ring, 1930), que também  tinha no elenco o ator Arthur Duarte e o boxeador José Santa "Camarão" (muito popular no Brasil na época), ambos portugueses. Amor e Boxe foi o primeiro filme onde se falou português nas telas, em uma produção internacional. No elenco do filme também estava a atriz Olga Tschechowa, outra personagem cuja história merece ser conhecida. (Já falamos dela aqui).


 Olga Tschechowa, Max Schmeling e Renate Müller em Amor e Boxe


A chegada do cinema sonoro permitiu que Renate Müller pudesse demonstrar seu talento como cantora, o que aumentou a sua popularidade, tanto que ainda em 1930 ela e Marlene Dietrich eram consideradas as maiores atrizes alemãs.

A fama de Renate aumentou ainda mais após ela estrelar O Favorito dos Deuses (1930), que fez sucesso no mundo todo, inclusive no Brasil, onde o rosto da atriz passou a estampar as revistas de cinema da época. Foi também em 1930 que Marlene Dietrich foi para Hollywood, deixando para Renate o reinado absoluto das telas alemãs.




Renate também teve convites para ir para Hollywood, e realmente a história posterior mostrou que ela deveria ter aceitado o convite, mas ela preferiu permanecer na Alemanha, onde o estrelato era garantido.

Mas apesar da recusa, ela fez dois filmes na Inglaterra, Sunshine Susie (1932) e Marry Me (1932).



Consagrada, a atriz estrelava diversos filmes por ano, e fez muito sucesso em obras como Como Direi ao Meu Marido? (1932), Quando o Amor Faz a Moda (1932), A Sombra da Esfinge (1932) e A Guerra das Valdas (1933).

Mas o maior sucesso de sua carreira veio quando ela estrelou Victor ou Vitória (1933), que anos mais tarde, em 1982, ganharia um famoso remake, estrelado por Julie Andrews.



Ainda em 1933, quando as marquises dos cinemas exibiam seu nome nos luminosos, Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha. E o líder nazista via em Renate Müller a personificação da mulher ariana ideal.

Muitos biógrafos dizem que ela era a atriz favorita de Hitler, porém, ao pesquisar qualquer estrela alemã do período podemos achar tal informação. A grande verdade é que durante o regime nazista, praticamente todas as estrelas de cinema eram obrigadas a prestarem favores sexuais para Hitler, Goebels, ou qualquer oficial poderoso do governo que assim desejasse.


Renate Müller em um encontro com Hitler

Hitler queria que ela fosse estrela dos filmes de propaganda nazista, mas ela recusou. Os papéis oferecidos a Renate então foram diminuindo, e ele começou a perder popularidade. A imprensa, controlada pelo estado, também começou a soltar notas negativas sobre a atriz.

Nos bastidores, alguns oficiais diziam que ela teria trabalhado como espiã durante os meses que filmou na Inglaterra. Uma paranoia sem sentido, ainda mais se levarmos em conta que ela fez os filmes um ano antes de Hitler chegar ao poder.

Pressionada, ela finalmente aceitou atuar em Togger (1937), um filme de propaganda nazista. Mas pouco tempo depois, ela foi internada em um Hospital, para "tratar o joelho".

Dias depois, em 07 de outubro de 1937, Renate Müller estava morta, com apenas 31 anos de idade. Inicialmente, foi dito que a atriz morreu após sofrer um ataque epilético. Porém, logo surgiram testemunhas afirmando que atriz havia caído da janela do hospital, no momento em que oficiais da Gestapo estavam em seu quarto.

As informações do que realmente aconteceu nunca foram reveladas, mas historiadores afirmam que a atriz estava namorado um rapaz judeu, e os oficiais da polícia nazista estavam pressionando para que ela terminasse o namoro, afinal ela era a representação oficial da "raça pura". Não se sabe se atriz se suicidou devido a enorme pressão, ou se foi jogada pela pela janela por se recusar a colaborar com o regime.

Após vir a público que Renate Müller havia morrido de forma não natural, uma campanha difamatória foi feita contra a atriz. A imprensa publicava reportagens dizendo que ela era viciada em drogas, e um dos jornais oficiais escreveu  que ela era uma "put* drogada que dormia com qualquer um, inclusive com porcos judeus".

Dois anos após a sua morte, Hitler invadiu a Polônia, dando início a Segunda Guerra Mundial. A morte de Renate Müller foi um prenuncio da tragédia que viria, e foi ignorada pela comunidade internacional.

Em 1960 a atriz Ruth Leuwrerik estrelou um filme sobre a vida de Renate Müller, extremamente fantasioso, e retratando pouco a morte da atriz. A família de Renate tentou processar ao obra na época, mas não obteve sucesso.






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