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O grande Mario Lanza, o "tenor mais famoso do mundo"


Mario Lanza, cantando ópera, tornou-se o primeiro artista a vender mais de três milhões de discos. Seu sucesso o levou para Hollywood, onde teve uma carreira tão breve e bem sucedida quanto a sua própria vida. Morto aos 38 anos de idade, o artista deixou sua marca na história. A jornalista Eleonora Kimmel o definiu como um astro que "brilhou como um meteoro, cuja luz dura um breve momento de tempo".

Filho de imigrantes italianos, Alfredo Arnold Cocozza (seu nome verdadeiro) nasceu na Filadélfia, em 31 de janeiro de 1921. Seus pais apresentaram ao menino o canto clássico, e aos 16 anos ele já demostrava um grande talento vocal, que mais tarde chamaria a atenção do maestro Serge Koussevitzky, da Orquestra Sinfônica de Boston. Koussevitzky disse que a voz do menino era "uma que se houve a cada 100 anos" e lhe conseguiu uma bolsa de estudos para aperfeiçoar sua técnica.

Sua estréia na ópera ocorreu em 1942, regido por Leonard Bernstein, e ele adotou o nome Mario Lanza em homenagem a sua mãe, Maria Lanza (seu nome de solteira).

Mas sua carreira logo foi interrompida, com o cantor indo lutar na Segunda Guerra Mundial, apesar de se apresentar para os soldados durante o conflito. Ainda no exército, Lanza fez sua estréia no cinema (embora seja um irreconhecível membro do coro) no filme Encontros nos Céus (Winged Victory, 1944), um dos muitos filmes feitos no período para elevar o moral das tropas norte-americanas.

Após dar baixa em 1945, ele retomou a carreira nos palcos, e foi contratado para substituir o tenor Jan Peerce nos programas radiofônicos da CBS. Em 1947 Lanza se apresentou no Hollywood Bowl, e foi visto pelo produtor Louis B. Mayer, da MGM, que lhe ofereceu um contrato de sete anos.

Lanza teria obrigações com o estúdio seis meses por ano, para poder dedicar o restante do tempo a sua carreira na ópera, embora mais tarde tenha se constatado que isto não foi muito possível. Seu primeiro filme foi Aquele Beijo à Meia-Noite (That Midnight Kiss, 1949), ao lado de Kathryn Grayson.


Com Grayson ele também fez seu filme seguinte Quando eu Te Amei (The Toast of New Orleans, 1950). Ambas as produções fizeram muito sucesso nas bilheterias, e o disco com a canção Be My Love tornou-se o primeiro a ultrapassar o número de três milhões em venda, o que ajudou ainda mais a promover o nome do cantor. A imprensa o chamava de "o tenor mais famoso do mundo".

Em 1951 Mario Lanza fez seu filme mais famoso, O Grande Caruso (The Great Caruso, 1951), uma cinebiografia do tenor Enrico Caruso, seu grande ídolo. O filme fez um enorme sucesso, e chegou a receber elogios do filho de Caruso, que declarou que não poderia imaginar outra pessoa interpretando o seu pai. Porém, os críticos especializados, que anteriormente elogiavam o talento de Lanza, agora criticaram o seu canto.


O Grande Caruso foi um dos filmes mais vistos de 1951, e teve uma canção indicada ao Oscar. Há anos circulam na internet uma informação falsa a respeito da produção, que afirmam que Lanza cantou ao lado do jovem Luciano Pavarotti, o que de fato nunca aconteceu. (entenda melhor esta história aqui).

Mario Lanza em O Grande Caruso






Na MGM ainda estrelou Tu És Minha Paixão (Because You're Mine, 1952) e ao de Ann Blyth, sua colega de O Grande Caruso, Lanza começou a filmar O Príncipe Estudante (The Student Prince, 1954). Mas foi demitido durante as filmagens, tendo inclusive seu contrato rescindido.

Foi divulgado muito na imprensa que ele perderá o papel devido ao seu excesso de peso, que não o deixava entrar nos caros figurinos confeccionados para o filme. Porém Cesari e Mannering, seus biógrafos, contestam esta informação. De acordo com os autores, Lanza só engordou após ser demitido, deprimido com a situação. Eles afirmam que Lanza havia brigado com o diretor Curtis Bernhardt, por entrar em desacordo sobre como deveria interpretar as canções. A MGM se recusou a mudar a direção, e Mario Lanza, revoltado, abandonou os sets de filmagens, sendo então drasticamente punido pela rebeldia.

Para substituir Lanza foi chamado o recém contratado Edmund Purdon, um ator que a MGM queria promover a astro. Como publicidade, o estúdio conseguiu até que o novato colocasse suas mãos na calçada da fama, mas o excesso de estrelismo de Purdon fez com que pouco tempo depois, sua placa de cimento fosse retirada do local, sendo o único artista a passar por tal situação. (Já contamos esta história aqui).

Purdon não era cantor, e dublou as canções pré-gravadas deixadas por Mario Lanza, e os cartazes dos filmes inclusive faziam publicidade com o nome do tenor.


Curtis Benhardt posteriormente também foi demitido, e o filme foi finalizado por Richard Thorpe. Mario Lanza, deprimido, começou a engordar cada vez mais. Recluso, passou a beber muito. Sem trabalhar, e após ser enganado por seu agente, perdeu boa parte da fortuna que havia ganho nos anos anteriores, chegando a ficar devendo cerca de 250 mil dólares para o Imposto de Renda norte-americano.

Demitido de O Príncipe Estudante em 1952 (o filme só foi lançado em 1954), só retornaria ao cinema quatro anos depois, estrelando Serenata (Serenade, 1956), na Fox. Lanza contracenava com a espanhola Sarita Montiel, recém chegada em Hollywood, mas o filme não fez o mesmo sucesso que suas produções cinematográficas anteriores.

Sarita Montiel e Mario Lanza

Mario Lanza então mudou-se para a Itália, onde estrelou As Sete Colinas de Roma (Arrivederci Roma, 1957), uma co-produção com a MGM, seu antigo estúdio. Ele também retornou aos palcos, e chegou a cantar para a Rainha da Inglaterra no período.

A rainha Elizabeth cumprimentando Mario Lanza

De janeiro a abril de 58, ele se apresentou pelo Reino Unido, Bélgica, França, Holanda e Alemanha. Mas apesar da bem sucedida turnê, seus constantes problemas de saúde fizeram com que ele cancelasse diversos shows. Comendo compulsivamente, e fazendo dietas mirabolantes para perder peso, somados ao abuso de álcool, Lanza sofria de pressão alta e flebite (uma inflamação nas pernas), além de ter adquirido graves problemas cardíacos.

Os problemas de saúde se agravaram quando ele decidiu perder peso para atuar em Pela Primeira Vez (For the First Time, 1959), seu último filme. Mario Lanza se internou em uma clínica com métodos controversos, que incluíam a imobilização e a sedação por longos períodos de tempo. O artista contraiu uma pneumonia quando internado.

Mario Lanza e Zsa Zsa Gabor em Pela Primeira Vez

Em 07 de outubro de 1959 ele faleceu, vítima de um ataque cardíaco, com apenas 38 anos de idade. Sua esposa, Betty Lanza, arrasada, voltou para Hollywood, onde faleceu seis meses depois, vítima de overdose.

Lanza havia se casado com Betty Hicks (nome de solteira) em 1945, após deixar o exército. Ela era irmã do ator Bert Hicks, que serviu com Lanza no exército, e foi Bert quem os apresentou. Bert Hicks é pai da atriz Dolores Hart, que deixou Hollywood para se tornar freira (leia sobre ela aqui).

O casal teve quatro filhos, Marc Lanza (que morreu de um ataque cardíaco em 1991, aos 37 anos), a roteirista Colleen Lanza (foi atropelada e ficou semanas em coma, até falecer, em 1998), Damon Anthony Lanza (faleceu em 2008, também de problemas cardíacos) e Eliza Lanza, a única que ainda vive.

Mario Lanza com os filhos


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