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Edmund Purdon, o único ator removido da calçada da fama


O ator inglês Edmund Purdon foi uma das promessas de Hollywood no começo da década de 50. A MGM queria promovê-lo a astro e não poupou esforços (e nem dinheiro) para isto. Conseguiram que ele colocasse suas mãos na Calçada da Fama, uma das maiores honrarias na cidade do cinema, mas o seu mau comportamento e seu fraco desempenho nas bilheterias, fizeram com que a placa de cimento com suas mãos fossem removidas da calçada em frente ao Chinese Theater, onde é realizada a cerimônia do Oscar.


Edmund Anthony Cutlar Purdon nasceu na Inglaterra, em 19 de dezembro de 1924. Purdon iniciou a carreira de ator nos palcos ingleses, em 1946. Ele acabou ingressando no elenco do Royal Shakespeare Theatre, onde conheceu o ator Laurence Olivier.

Olivier então o contratou para atuar em uma turnê com ele e Vivien Leigh nos Estados Unidos, onde representaram Caesar and Cleopatra, de George Bernard Shaw. O bonito rapaz chamou a atenção de Hollywood, que lhe ofereceu alguns papéis.

Purdon então deixou Olivier, em busca de uma carreira no cinema norte-americano. Sua primeira oferta foi para fazer um filme na Universal, mas ele foi recusado por ter um sotaque inglês muito forte. Ele então recebeu ofertas da Fox e da MGM, mas recusou ambas para trabalhar na Warner Bros.

Mas após assinar com a Warner, o estúdio o dispensou, sem que ele tivesse feito nenhum filme por lá. Na época, o ator chegou a reclamar na imprensa, que devido as promessas que não se concretizaram, passou muitas dificuldades financeiras, tendo inclusive passado fome no período.

A MGM então lhe ofereceu um pequeno papel em Júlio Cesar (Julius Caesar, 1953), estrelado por Marlon Brando. Também lhe deram um pequeno papel, como um dos oficiais do navio em Náufragos do Titanic (Titanic, 1953).

Após um começo modesto, Purdon foi escolhido para atuar em O Príncipe Estudante (The Student Prince, 1954), uma grande produção do estúdio. O filme era protagonizado por Ann Blyth, que teria como par romântico o ator e tenor Mario Lanza. Mas Lanza foi dispensado do filme por ter engordado demais, e não cabia mais no figurino feito para a produção.

Purdon vestia o mesmo número que as roupas confecionadas, e a MGM então o escalou para o papel. O filme era um musical, e Mario Lanza já havia gravado todas as musicas, e Purdon não cantava em cena, apenas dublava as canções deixadas prontas pelo ator.

O estúdio usou o nome de Lanza, como cantor, para promover o filme.


Cartaz de O Príncipe Estudante, com destaque para as canções de Mario Lanza

Em seguida o ator viveu situação semelhante. Marlon Brando havia sido escalado para protagonizar O Egípcio (The Egyptian, 1954), na Fox. Mas após iniciar as filmagens, abandonou o projeto. Novamente um figurino caro havia sido feito, e Purdon tinha o corpo perfeito para entrar nas roupas deixadas por Brando. A MGM então emprestou seu contratado, que estrelou o filme.

Edmund Purdon e Bella Darvi em O Egípcio

Protagonista de duas super produções, a MGM aproveitou o momento para promover seu novo astro. Conseguiram então que em outubro de 1954 ele colocasse suas mãos na Calçada da Fama, uma grande honra para um ator com apenas um ano de carreira em Hollywood.

Mas O Egípcio  foi um grande fracasso, e nem Purdon e nem Bella Darvi, as estrelas que o estúdio tentou promover, obtiveram os resultados esperados. Bella Darvi havia sido descoberta por Darryl F. Zannuck em Montecarlo, e tornou-se amante do produtor. Brando deixou o filme por se desentender com ela nas filmagens. (leia mais sobre ela aqui).

Purdon também estava envaidecido com o que ele considerava sucesso. Nos bastidores, ele era chamado de "o ator substituto", mas ele achava que era uma grande estrela. Seu primeiro filme havia sido sucesso principalmente pelas canções de Mario Lanza, e toda a publicidade em torno de sua demissão.

Em 1954 ele ganhou o prêmio Golden Apple Awards, dado por uma associação de mulheres da imprensa, para os artístas mais mal educados e rudes com os colegas nos set de filmagens.

A Metro ainda o escalou para outros grandes projetos, como Tentações de Adão (Athena, 1954) e O Filho Pródigo (The Prodigal, 1955). Em O Ladrão do Rei (The King's Thief, 1955) ele novamente tornou-se um ator substituto após Stewart Granger abandonar o projeto. Mas os três filmes deram prejuízo ao estúdio, que mesmo assim quis renovar seu contrato. Mas ele pediu um aumento absurdo, e a MGM então o dispensou.

Edmund Purdon e Lana Turner em O Filho Pródigo

O mau comportamento, e as exigências descabidas do ator se somaram a péssima publicidade que ele obteve na vida real. Purdon era casado com Alicia Darr, mas ao mesmo tempo era notório seu caso extra conjugal com a atriz Linda Christian, então casada com seu colega Tyrone Power. Purdon foi o pivô da separação de Power e Christian, e o seu próprio casamento também terminou em divórcio. Com o agravante da ex-esposa o processar por abanonar os filhos e não pagar a pensão devida.

Purdon havia jogado fora a sua grande chance. Fora da MGM ele atuou apenas em mais um filme nos EUA, Um Estranho em Minha Vida (Stanger Intruder, 1956), feito em um estúdio menor, e tendo no elenco o francês Jacques Bergerac, outro ator que havia desperdiçado sua carreira, e era considerado um dos grande aproveitadores de Hollywood, após se casar com Ginger Rogers para promover sua carreira. (Leia sua história aqui).

Cartaz de Um Estranho em Minha Vida

Sem trabalho em Hollywood, Purdon partiu para à Itália, onde estrelou Cilada Sangrenta (Agguato a Tangeri, 1957). Era comum nas décadas de 50 e 60 antigos astros de Hollywood, desempregados, irem trabalhar em produções europeias de baixo orçamento, mas que faziam algum sucesso.

Em 1959 ele chegou a participar de uma grande produção de Hollywood novamente, mas sem nenhum destaque. Purdon fez a voz do locutor de rádio em uma pequena cena em O Diário de Anne Frank (The Diary of Anne Frank, 1959), que foi filmado em Amsterdã. O ator, que anos antes era badalado no cinema norte-americano, agora nem mesmo foi creditado por este trabalho.

Nos próximos anos, ele trabalharia muito como dublador, inclusive dublando antigos colegas de Hollywood em filmes exibidos na Itália, país onde passou a residir. Ele continuou atuando no cinema e séries feitas para a televisão na Itália, França, Alemanha e Inglaterra, mas todos com pouco repercussão. Com excessão talvez do filme O Caso Concorde (Concorde Affaire '79, 1979), uma produção italiana na linha dos filmes catastrofes da década de 70, como Aeroporto, que chegou a ser exibida nos cinemas brasileiros.

Em 1962 ele se casou com Linda Christian, que também teve as portas fechadas em Hollywood e mudou-se para à Itália, mas ficaram casados por menos de um ano.

Linda Christian e Edmund Purdon, em 1962

Em 1965 a atriz Debbie Reynolds, sua colega de elenco em Tentações de Adão (Athena, 1954), finalmente foi convidada para colocar suas mãos na calçada da fama. Alguns membros da imprensa notaram que Debbie tinha ganho o lugar onde antes ficava a placa de concreto de Purdon. Dias antes da homenagem, uma britadeira havia removido as mãos de Purdon, despretigiado e esquecido em Hollywood. Ele foi o único ator que perdeu a honraria tão disputada na terra do cinema.

Edmund Purdon atuou até 2001, e faleceu em 01 de janeiro de 2009, aos 84 anos de idade.



Leia também: A estrela Ann Blyth

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