Quem foi Hank Snow, o cantor country que ajudou a revelar Elvis Presley ao mundo

No filme Elvis (Idem, 2022), dirigido por Baz Luhrmann, vemos o cantor Hank Snow (representado pelo ator David Wenham) e seu filho, Jimmie Rodgers Snow (interpretado por Smith-McPhee). Eles estão presente em um dos primeiros shows de Elvis Presley, e eram gerenciados pelo Colonel Tom Parker.

No filme, Snow pede para que Parker demita Elvis, e acaba ficando sem emprego. Mas afinal, que foi Hank Snow?

Clarence Eugene "Hank" Snow nasceu no Canadá, em 09 de maio de 1914. Ele foi um cantor popular na década de 1950, e teve uma longa carreira, que durou mais de 50 anos. Ele gravou cerca de 140 álbuns, e emplacou 85 hits nas paradas de sucesso country da Billboard, entre 1950 e 1980.

Snow era também um grande compositor, e encontrou na música uma fuga para os primeiros anos de sua vida. Vindo de uma família muito pobre, ele enfrentou a miséria e a fome durante os anos da Grande Depressão Americana, e era um adolescente que pesava menos de 40 quilos.

Seu pai era extremamente abusivo, e o espancava com frequência, e o jovem Hank Snow encontrava na música um apoio emocional e um sonho a perseguir, desejando ser tão famoso como seu ídolo, o cantor Jimmie Rogers, que ele homenageou batizando seu filho, o também cantor Jimmie Rogers Snow.

Ele começou a carreira como músico do cantor Roy Accuff, e com ele chegou a aparecer em um número musical no filme O Clube dos Namorados (Hi, Neighbor, 1942). Entre seus maiores sucessos estão I'm Moving On, The Golden Rocket, The Rhumba Boogie, I Don't Hurt Anymore, Let Me Go, Lover!, I've been Everywhere e Hello Love. Também gravou, em inglês, a versão da famosa música alemã Lili Marleen, em estilo country.

Em 1954 ele permitiu que Elvis Presley abrisse o seu show no Grande Ole Opry, em 1954, e assim o apresentou ao "Colonel" Tom Parker. Em 1955 Snow e Parker formaram uma equipe de gerenciamento da carreira do jovem cantor.

No filme é mostrado como se Snow tivesse pedido que Parker demitisse o futuro "rei do rock", mas isso não é bem verdade. É fato que Snow se ressentia do sucesso de Elvis, que roubava a atenção durante as turnês que faziam juntos, e que o estilo do cantor incomodava o conservador Snow, mas ele não pediu sua demissão, sendo sim um de seus empresários. Gladys, a mãe de Elvis, era fã do cantor, e foi justamente devido a presença de Hank Snow que ela permitiu que seu filho viajasse para fazer shows pelo país.

Mas Tom Parker passou a perna em Snow, fazendo com que Elvis assinasse um contrato de exclusividade, deixando o astro country de fora. Quarenta anos depois do acontecido, Snow declarou "trabalhei com vários gerentes ao longo dos anos, e tive o respeito de todos eles, exceto um, Tom Parker, o ser humano mais egoísta e detestável com que já tive alguma relação". Ele se recusava terminantemente a chamar Parker de Colonel (coronel), uma patente auto inventada.

A carreira do cantor durou até 1985, quando se aposentou.

Jimmie Rogers Snow nasceu em 1936, e não teve uma carreira tão bem sucedida quando a do pai. Ele também cantou por pouco tempo, abandonando a vida de cantor ainda na década de 1950.

Jimmie tinha adoração por Elvis Presley, e por muitas vezes quis ser como o cantor, de quem era amigo.

Jimmie Rogers Snow

Jimmie Rogers e Elvis Presley

Na segunda metade da década de 1950 ele abandonou a carreira de cantor, e tornou-se ministro de sua igreja. Em suas pregações inclusive, falava mal do rock'and roll.

Em 1958 ele foi até Graceland, a mansão de Elvis, e aconselhou o amigo sobre os perigos da vida de astro de rock, e falou o mal que as pílulas que o cantor tomava poderiam fazer, mas pelo visto Elvis não estava pronto para esta conversa.

Hank Snow morreu em novembro de 1999, aos 85 anos de idade, e Jimmie ainda é vivo, e continua pregando nos cultos de sua congregação.