Esta bela atriz sueca parecia ter realizado todos os seus sonhos, incluindo uma carreira de rápida ascensão. No entanto, em 1970, com apenas 35 anos, Inger Stevens se tornou uma trágica estatista de Hollywood, provando que nem sempre a fama e fortuna nem sempre levam a felicidade.
Inger Stensland nasceu Estocolmo, Suécia, em 18 de outubro de 1934. Inger foi uma criança muito tímida, mas que desenvolveu o sonho de ser atriz após ver o pai atuar em algumas produções amadoras de teatro.
Quando ela tinha 6 anos de idade, sua mãe fugiu com outro homem, e levou apenas um dos três filhos com ela. Em seguida, seu pai resolveu migrar para os Estados Unidos, e deixou a filha aos cuidados de uma empregada, mandando buscá-la somente 4 anos depois, em 1944.
Inger não gostava da nova madrasta, e fugiu de casa diversas vezes. Ela teve diversos empregos para ajudar nas contas da casa, e aos 16 anos fugiu definitivamente, juntando-se a uma trupe de teatro burlesco, onde atuava como corista.
Mais tarde, ela mudou-se para Nova York, onde fez alguns trabalhos como modelo, para pagar o curso de atuação no Actor's Studio.
Inger conseguiu alguns trabalhos em comerciais de televisão, e logo conseguiu alguns papéis fazendo mocinhas ingênuas em séries de televisão.
Em 1955 ela se casou com seu agente, Anthony Soglio, com quem ficou casada até 1957. Soglio conseguiu papéis melhores para a atriz, que estreou no cinema em Fogo no Coração (Man on Fire, 1957), ao lado do astro Bing Crosby.
Inger se apaixonou por Crosby, e foi correspondida. Eles iniciaram um relacionamento, mas o ator se recusou a casar com ela porque ela não queria se converter ao catolicismo. Pouco tempo depois, ele se casou com a atriz Kathryn Grant, que aceitou a conversão.
Inger ficou arrasada, e entrou em profunda depressão. Tanto que durante a gravação de seu filme seguinte, Grito do Terror! (Cry Terror!, 1958) ela e o colega Rod Steiger sofreram intoxicação de monóxido de carbono durante a gravação de uma cena em um túnel, e precisaram ser socorridos pela equipe médica. Steiger, em sua biografia, contou que a atriz implorava para não ser atendida, e pedia aos prantos para a deixarem morrer.
Inger repetiu um velho hábito, e se envolveu com Anthony Quinn, que a dirigiu em Lafite, o Corsário (The Buccaneer, 1959), e com Harry Belafonte, seu colega de elenco em O Diabo, a Carne e o Mundo (The World, the Flesh and the Devil, 1959). Mas ambos os relacionamentos naufragaram.
Mesmo com um namoro frustrado com Belafonte, a relação interracial foi mal vista pela indústria cinematográfica da época. Os Estados Unidos ainda viviam sob a lei da segregação racial, e o preconceito queimou a imagem da atriz.
Inger estava no auge, mas os convites para o cinema desapareceram. E no ano novo de 1959 ela estava tão desolada, que tentou o suicídio.
Sem conseguir papéis em outros filmes, a atriz teve de recorrer a televisão, onde fez algumas participações. Ela só conseguiu retornar as telonas 4 anos depois, em um papel de apoio em Torvelinho de Paixões (The New Interns, 1964).
Sua redenção veio na televisão, quando ela foi contratada para viver a governanta sueca em The Farmer's Daughter (1963-1966), que lhe deu um Globo de Ouro e uma indicação ao Emmy.
A série deu um novo folego a sua carreira, que retornou ao cinema atuando em Maridos em Férias (A Guide for the Married Man, 1967), A Grande Cilada (A Time for Killing, 1967), O Último Tiro (Firecreek, 1968), Os Impiedosos (Madigan, 1968), A Marca da Forca (Hang 'Em High, 1968), Pôquer de Sangue (5 Card Stud, 1968), Não Importa que Morram (House of Cards, 1968) e Sonho de Reis (A Dream of Kings, 1969).
Ela ainda fez os telefilmes The Mask of Sheba (1970) e Vingança de Um Guerreiro (Run, Simon, Run, 1970), ao lado de Burt Reynolds.
Ainda em 1970 ela assinou contrato para estrelar a série The Most Deadly Game, mas não chegou a realizar este projeto. Em 30 de abril de 1970 a atriz foi encontrada caída em seu quarto, após tomar uma dose letal barbitúricos. Ela ainda estava viva, mas morreu na ambulância a caminho do hospital, com apenas 35 anos de idade.
Após a sua morte, o ator Ike Jones apresentou a certidão de casamento com a atriz, para requisitar os bens deixados por ela. Eles viviam em casas separadas, mas estavam casados desde 1961.
Com medo de ser novamente prejudicada por outro relacionamento interracial, eles mantiveram a união em segredo, e nunca apareceram em público juntos. O juiz a princípio achou que era uma fraude, mas o irmão de Inger testemunhou a favor de Jones, alegando que eles eram casados, mas que sua irmã havia pedido o segredo pelo medo que sentiu (e as ameaças de morte que recebeu) quando namorou Harry Belafonte, no meio da convulsão social gerada no auge da luta pelos direitos civis dos cidadãos negros, na década de 1960.
Existe apenas uma foto do casal juntos, em um jantar na casa de amigos.
Ike Jones, que morreu em 2014, nunca mais se casou novamente.
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