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Em 1963 a TV Record apresentou um show falso de Frank Sinatra


Entre as décadas de 50 e 60, a TV Record apresentou ao vivo nos palcos de seus teatros diversos astros da canção internacional, numa lista que inclui Louis Armstrong, Marlene Dietrich e Sammy Davis Jr. Até Tony Curtis, que não cantava, subiu aos palcos da emissora, e sem saber exatamente o que fazer, acabou tocando flauta par ao público.

Em 1963, a TV Excelsior também estava apostando pesado nas atrações internacionais, e trouxe ao Brasil o cantor Ray Charles. A Record precisava de um astro a altura, e naquele ano chegou anunciar que traria Doris Day (o que nunca ocorreu).

A Record tentou diversas negociações com o cantor e ator Frank Sinatra, e chegou a envolver o então governador de São Paulo Adhermar de Barros nos contatos com o famoso artista. Na Tupi, Sinatra brilhava com as transmissões de seu programa de televisão, The Frank Sinatra Show, feitos nos Estados Unidos, cujo os video tapes haviam sido adquiridos pela emissora concorrente. Mas o cantor, imortalizado como título "The Voice", nunca pisara em um palco brasileiro.

Mas desde o começo do ano circulavam notícias que 63 seria o ano de Sinatra no Brasil. Por volta de março, a emissora então começou a noticiar que traria uma grande estrela internacional, que não informava o nome. As especulações giravam em torno de Sinatra, Yves Montand ou Dean Martin.

A Record chegou a fazer anúncios em jornais, como este, resgatado pelo pesquisador Luiz Amorim, em seu excelente site sobre as atrações internacionais que passaram pelo Brasil. (O site de Luiz pode ser conhecido aqui).


As 23:00 horas do dia 31 de março de 1963, iniciou-se o show nos palcos do Teatro Record. Uma cortina cobria um vulto, cuja apenas a silhueta era apresentada, cantando alguns dos maiores sucessos de Sinatra. A platéia foi a loucura!


As cortinas se abriram, e lá estava Sinatra, de chapéu e cigarro na mão, cantando para ao vivo para os brasileiros. Porém, ao virar a meia noite, o apresentador Blota Junior entrou no palco, interrompendo o show.

Blota anunciou que na verdade, o artista que estavam vendo era Duke Hazlett, um sósia de Sinatra, que segundo a emissora, era o "imitador de Sinatra mais famoso do mundo", e que tudo aquilo fazia parte de "uma brincadeira de primeiro de abril". O público ficou furioso, vaiou e começou a abandonar o teatro. Nos dias seguintes, a imprensa em peso condenou a farsa apresentada emissora.


A "pegadinha" chegou aos ouvidos de Sinatra, o original, que não gostou nada daquilo. Ele chegou a pensar em processar a emissora, e depois disto, nunca mais negociou um show com a TV Record, embora realmente conversas tivessem existido. Sinatra só se apresentaria no Brasil em 1981, no Maracanã.

Frank Sinatra faleceu em 1998, aos 82 anos. Duke Hazlett era muitos anos mais novo, nascido em 18 de setembro de 1934. Talvez não tenha sido o "imitador de Sinatra mais famoso do mundo", mas fez carreira como sósia do cantor.


Embora nunca tenha feito cinema, chegou a se apresentar algumas vezes na televisão norte-americana na década de 60. Ele também gravou discos, incluindo um chamado Pal Joey, título norte-americano do filme Meus Dois Carinhos (Pal Joey, 1957), um dos maiores sucessos de Sinatra no cinema. No repertório, claro, sucessos do cantor que ele imitava.

Duke Hazlett cantando no programa de TV Playboy Penthouse (1961)

Capa do disco Pal Joey, de Duke Hazlett

Duke Hazlett ainda vive, e eventualmente ainda faz shows como Sinatra. Embora, particularmente, sua caracterização atual, para mim, lembre mais o visual de um Bing Crosby mais velho.


Debbie Reynolds e Duke Hazlett

Ouça Duke Hazlett cantando, e compare sua voz com Sinatra


Veja também: Luciano Pavarotti e Mario Lanza no cinema



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2 Comentários

  1. Imagino a cara da galera "especialista" quando deu de cara com o gato no lugar da lebre.

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