Por Diego Nunes
Na década de 1960 os programas de luta livre eram muito populares na televisão brasileira. O público vibrava com os golpes (ensaiados) de lutadores como o Tigre Paraguaio, El Chasque, Verdugo, Rasputin Barba Vermelha, Fantomas e Mongol.
Haviam dois tipos de perfil nos ringues, o lutador mau e trapaceiro, e o bom moço, personificado na imagem de Ted Boy Marino.
Haviam dois tipos de perfil nos ringues, o lutador mau e trapaceiro, e o bom moço, personificado na imagem de Ted Boy Marino.
Foi a TV Record quem iniciou a febre brasileira, com o programa As Feras do Ringue, em 1959. Logo a transmissão das lutas tornou-se tão popular como o MMA é nos dias de hoje. A Tupi respondeu com o Gigantes do Ringue. A TV Bandeirantes não perdeu tempo e criou o Campeões do 13 e em 1966 a TV Excelsior lançou o Telecatch Vulcan (patrocinado por uma loja de pneus), e apresentado por Edson Cury, o Bolinha.
Para preencher o elenco do programa, o produtor Téti Alfonso viajou para Buenos Aires (onde as lutas livres também eram muito populares) e contratou todo o elenco de lutadores de um empresário local. Entre eles o jovem Ted Boy Marino, um italiano radicado na Argentina.
Ted Boy e a trupe contratada já eram populares na Argentina, e também haviam lutado nos países vizinhos, como Paraguai e Uruguai.
O rapaz atlético, de cabelos loiros, com ar de príncipe e um penteado que faria Justin Bieber morrer de inveja, não fez sucesso só com os fãs de lutas. Ele passou a atrair as moças para o programa, além de fazer a festa da criançada. Originalmente seu contrato era por temporada, mas fez tanto suceso por aqui que estendeu o contrato ainda em 1966 ele fixou residência em São Paulo, e desde então nunca mais deixou o Brasil.
Ted Boy Marino era o apelido de Mario Marino, um italiano nascido em Fuscaldo, na Itália, em 18 de outubro de 1939. Aos 12 anos, ele emigrou com os pais e os cinco irmãos para a Argentina. Viajaram num porão de navio, em condições insalubres, fugindo de uma Itália arrasada pela Segunda Guerra Mundial. Foi somente na Argentina que o lutador galã usou um par de sapatos pela primeira vez.
Aos 14 anos ele começou a lutar, quando ingressou na companhia do lutador Martin Caradajan, que na época era mais popular no país que o presidente Juan Perón. Foi ele quem o apelidou de Ted Boy, nome retirado de uma revista estrangeira. Com o dinheiro que ganhou nas lutas, ainda no país, Ted Boy, que anos antes nunca tivera um par de sapatos, comprou uma fábrica de calçados.
No Brasil, Ted Boy tornou-se uma febre, chegando a receber mais cartas de fãs que Roberto Carlos, no auge da Jovem Guarda. Havia uma espécie de roteiro nas lutas, e Ted Boy era o mocinho injustiçado.
Apesar de ser tudo combinado, o público, que vibrava com suas tesouras voadoras, ficava revoltado com as mazelas sofridas por ele no ringue. Tanto que em certa ocasião, a sua colega de TV Excelsior, a atriz Lourdes Mayer, indignada com a luta, entrou no ringue e bateu em seu adversário com um guarda-chuvas, para corrigir a injustiça. Se Lourdes Mayer, que trabalhava nos bastidores da emissora comprava este enredo do bem contra o mau, imagina o público, ainda iniciante no consumo televisivo.
Ao fim de suas lutas, Ted Boy costumava jogar sua toalha para a plateia. Mas as moças começaram a disputar tal souvenir tão vorazmente, que não era raro a polícia precisar interferir no tumulto criado pelas fãs.
Apesar de ser tudo combinado, o público, que vibrava com suas tesouras voadoras, ficava revoltado com as mazelas sofridas por ele no ringue. Tanto que em certa ocasião, a sua colega de TV Excelsior, a atriz Lourdes Mayer, indignada com a luta, entrou no ringue e bateu em seu adversário com um guarda-chuvas, para corrigir a injustiça. Se Lourdes Mayer, que trabalhava nos bastidores da emissora comprava este enredo do bem contra o mau, imagina o público, ainda iniciante no consumo televisivo.
Ao fim de suas lutas, Ted Boy costumava jogar sua toalha para a plateia. Mas as moças começaram a disputar tal souvenir tão vorazmente, que não era raro a polícia precisar interferir no tumulto criado pelas fãs.
A Excelsior vendo o potencial do rapaz com os fãs (e as fãs), resolveu apostar nele como ator. O produtor Wilton Franco foi incumbido de criar um programa para o galã dos ringues. Ele então resolveu juntá-lo cem um grupo formado pelo comediante Renato Aragão, o cantor Ivon Cury e o cantor galã ídolo da juventude Wanderley Cardoso (o "Bom Rapaz"), e assim surgiu Os Adoráveis Trapalhões (1966-1968), o embrião do que seria o programa Os Trapalhões.
Os Adoráveis Trapalhões
Nos primeiros programas, Ted Boy agora ator, quase não falava, devido ao seu forte sotaque portenho, com influencia italiana. Mas isto também agradou ao público, e passou a ser explorado artisticamente. Ao mesmo tempo em que atuava, continuava lutando.
Em 1967 a Revista Intervalo, especializada em televisão, fez um concurso da preferência de seus leitores. Ted Boy foi votado como o terceiro ator mais querido do público, ganhando de galãs da época como Tarcísio Meira, Carlas Zara, Hélio Souto, Amilton Fernandes, Geraldo Del Rey e Henrique Martins.
Ainda em 1967, a gravadora Oden convidou Ted Boy Marino para ingressar na carreira de cantor, cantando Iê Iê Iê. Apesar do sucesso de vendas, foi seu único compacto.
Ted Boy Marino cantando
Em 1967 o produtor Herbert Richers convidou Ted Boy para estrear no cinema, ao lado do colega Renato Aragão. Muito antes de Rocky, o Lutador (Rocky, 1976) o lutador galã estrelou o filme Dois Na Lona (1968). Seu nome aparecia nos créditos antes do de Renato Aragão, que já não era estreante no cinema.
No filme Aragão era seu melhor amigo, e seu rival, Lobo, era interpretado por Roberto Guilherme, que anos mais tarde ficaria eternizado como o Sargento Pincel em Os Trapalhões.
Por problemas diversos (falta de dinheiro, um acidente que quebrou o braço de Renato Aragão e o casamento de Ted Boy Marino), o filme demorou a ser concluído, e não teve nenhuma estratégia de lançamento. Mesmo os astros principais só souberam que o filme já estava em cartaz quando o viram sendo exibido em uma sala de cinema.
Em 1968, quando o filme foi lançado, Ted Boy Marino havia deixado o elenco de Os Adoráveis Trapalhões. Ele tinha um contrato com Tédi Alfonso, e este vendeu os direitos de luta de todo seu casting para a recém criada Rede Globo, que também passou a investir na luta livre, com o programa Telecatch Montilla.
Roberto Guilherme em Dois Na Lona
Por problemas diversos (falta de dinheiro, um acidente que quebrou o braço de Renato Aragão e o casamento de Ted Boy Marino), o filme demorou a ser concluído, e não teve nenhuma estratégia de lançamento. Mesmo os astros principais só souberam que o filme já estava em cartaz quando o viram sendo exibido em uma sala de cinema.
Em 1968, quando o filme foi lançado, Ted Boy Marino havia deixado o elenco de Os Adoráveis Trapalhões. Ele tinha um contrato com Tédi Alfonso, e este vendeu os direitos de luta de todo seu casting para a recém criada Rede Globo, que também passou a investir na luta livre, com o programa Telecatch Montilla.
Com a saída de Ted Boy Marino, Wilton Franco colocou a cantora Vanusa no lugar do lutador. Mas o os Adoráveis Trapalhões teve pouca sobrevida na Excelsior, saindo do ar ainda em 1968.
Em 1972 Renato Aragão estrelou, já na Record, o programa Os Insociáveis, que tinha no elenco ainda a cantora Vanusa, mas agora também contava com a presença de Dedé Santana e Mussum, além do colega Roberto Guilherme, que fazia papéis de apoio desde os tempos de Adoráveis Trapalhões. Em 1975 o trio trapalhão migrou para a Tupi, e Vanusa deu lugar a Zacarias, surgia o programa Os Trapalhões, que passaria a ser transmitido na Globo a partir de 1977.
Na Globo, além de lutar aos sábados e domingos, Ted Boy tornou-se apresentador. Em 1969, toda terça-feira, ao lado da atriz Célia Biar, ele apresentava o programa de variedades Oh, que Delícia de Show! (1968-1969), e em 1969 também passou a apresentar diariamente o matinal Sessão Zás Trás, um programa infantil que exibia desenhos antes do almoço.
Ainda em 1969, Ted Boy estrelou a novela infanto-juvenil Ted Boy Contra Orion IV (1969), exibida antes do Jornal Nacional. Orion IV era o nome de sua academia de lutas, situada na Rua Taquari, 666, na Móoca. Pioneira em permitir mulheres em suas aulas, teve alunas como Wanderléa, Vanusa e Débora Duarte, ainda adolescente.
No final de 1969, porém, o patrocinador cortou o patrocínio do programa de lutas. O programa com Célia Biar foi cancelado e sua novela já havia acabado. O público feminino descobriu que Ted Boy havia se casado (com a filha de seu empresário), e o lutador começou a perder seu encanto. Para piorar, a censura proibiu as lutas livres na televisão.
Sem função na Globo, tornou-se jurado do programa Flávio Cavalcanti, por pouco tempo, antes de ter seu contrato rescindido.
Ted Boy comprou uma fazenda no interior e anunciou que iria se aposentar. Ele estava financeiramente bem, pois havia investido em uma fábrica de sapatos e outra de camisas no Brasil. Porém, a aposentadoria durou pouco, e ele passou a se apresentar lutando por todo o Brasil, em shows ao vivo.
Apesar da proibição dos programas de luta ter durando muito pouco, o gênero entrou em declínio, e sua popularidade diminui. Com mais de 40 anos, e um pouco acima do peso, Ted Boy também já não era mais o astro que fora, diante de uma nova geração de lutadores (por muitos anos sua idade foi reduzida em cinco anos, para fins publicitários). E na década de 80 ele reencontrou Renato Aragão, fazendo diversos personagens em quadros cômicos no programa Os Trapalhões, agora na Rede Globo.
Após muitos anos afastado do cinema, onde tivera uma única experiência, ele protagonizou Os Paspalhões em Pinóquio 2000 (1980). E embora nunca tenha feito um filme ao lado dos Trapalhões, ainda atuou em Os Três Palhaços e o Menino (1983), que tinha no elenco o jogador de futebol Zico e a atriz Rosana Garcia.
Na década de 90 ainda fez participações em programas como Você Decide e Escolinha do Professor Raimundo, onde interpretava o segurança da personagem Gardênia Alves, uma cantora interpretada por Fafy Siqueira.
Seu último trabalho na televisão foi na novela Bang Bang (2005-2006). Nos últimos anos de vida, ele era frequentemente visto jogando vôlei de praia na orla do Leme, no Rio de Janeiro, onde residia.
Em 27 de setembro de 2012 Ted Boy Marino foi levado as pressas para um hospital, para uma cirurgia de emergência devido a uma trombose. O lutador galã não resistiu as complicações da operação, falecendo aos 72 anos de idade.
Em 1972 Renato Aragão estrelou, já na Record, o programa Os Insociáveis, que tinha no elenco ainda a cantora Vanusa, mas agora também contava com a presença de Dedé Santana e Mussum, além do colega Roberto Guilherme, que fazia papéis de apoio desde os tempos de Adoráveis Trapalhões. Em 1975 o trio trapalhão migrou para a Tupi, e Vanusa deu lugar a Zacarias, surgia o programa Os Trapalhões, que passaria a ser transmitido na Globo a partir de 1977.
Ted Boy Marino e Vanusa
Na Globo, além de lutar aos sábados e domingos, Ted Boy tornou-se apresentador. Em 1969, toda terça-feira, ao lado da atriz Célia Biar, ele apresentava o programa de variedades Oh, que Delícia de Show! (1968-1969), e em 1969 também passou a apresentar diariamente o matinal Sessão Zás Trás, um programa infantil que exibia desenhos antes do almoço.
Célia Biar e Ted Boy Marino
Ainda em 1969, Ted Boy estrelou a novela infanto-juvenil Ted Boy Contra Orion IV (1969), exibida antes do Jornal Nacional. Orion IV era o nome de sua academia de lutas, situada na Rua Taquari, 666, na Móoca. Pioneira em permitir mulheres em suas aulas, teve alunas como Wanderléa, Vanusa e Débora Duarte, ainda adolescente.
Ted Boy Contra Orion IV
No final de 1969, porém, o patrocinador cortou o patrocínio do programa de lutas. O programa com Célia Biar foi cancelado e sua novela já havia acabado. O público feminino descobriu que Ted Boy havia se casado (com a filha de seu empresário), e o lutador começou a perder seu encanto. Para piorar, a censura proibiu as lutas livres na televisão.
Sem função na Globo, tornou-se jurado do programa Flávio Cavalcanti, por pouco tempo, antes de ter seu contrato rescindido.
Clovis Bornay e Ted Boy Marino, nos tempos de jurados
Ted Boy comprou uma fazenda no interior e anunciou que iria se aposentar. Ele estava financeiramente bem, pois havia investido em uma fábrica de sapatos e outra de camisas no Brasil. Porém, a aposentadoria durou pouco, e ele passou a se apresentar lutando por todo o Brasil, em shows ao vivo.
Apesar da proibição dos programas de luta ter durando muito pouco, o gênero entrou em declínio, e sua popularidade diminui. Com mais de 40 anos, e um pouco acima do peso, Ted Boy também já não era mais o astro que fora, diante de uma nova geração de lutadores (por muitos anos sua idade foi reduzida em cinco anos, para fins publicitários). E na década de 80 ele reencontrou Renato Aragão, fazendo diversos personagens em quadros cômicos no programa Os Trapalhões, agora na Rede Globo.
Dedé Santana, Renato Aragão, Ted Boy Marino, Zacarias e Mussum,
nos bastidores de Os Trapalhões
Ted Boy Marino, Rosana Garcia, Zico e Ary Leite (de terno xadrez), entre outros,
no filme Três Palhaços e o Menino
Ted Boy Marino na Escolinha do Professor Raimundo
Seu último trabalho na televisão foi na novela Bang Bang (2005-2006). Nos últimos anos de vida, ele era frequentemente visto jogando vôlei de praia na orla do Leme, no Rio de Janeiro, onde residia.
Em 27 de setembro de 2012 Ted Boy Marino foi levado as pressas para um hospital, para uma cirurgia de emergência devido a uma trombose. O lutador galã não resistiu as complicações da operação, falecendo aos 72 anos de idade.
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5 Comentários
A rua que ele tinha academia no bairro da Moóca era a rua Taquari, muito perto da minha casa. Adorava o Telecatch e me lembro do juiz ladrão, que prejudicava o Ted, o Índio Saltense...
ResponderExcluirParabéns pela bela matéria! Ted Boy Marino foi um dos meus ídolos de infância e não sabia quase nada sobre a sua vida, valeu!
ResponderExcluirO que a gente sente, hoje, em uma partida importante de futebol, é o que a gente sentia nas lutas e na torcida pelo Ted Boy ! Contra o Aquiles então, nem se fala ! Saudades!
ResponderExcluirO Ted Boy Marino era mesmo um tesão quando jovem, mas na verdade o macho fodedor e michê de luxo e garanhão safado e suculento mais extremamente comível e enrabável do Brasil nas décadas de setenta e oitenta do século vinte foi o gostosão e sensualíssimo galã e símbolo sexual erótico masculino e nacional Carlo Mossy toda vez que ele se despia em frente às câmeras e expunha completamente suas pernas, pés, coxas e bunda carnudos e estonteantemente suculentos e excitantes puteando e carcando tórrida e loucamente à vontade com praticamente todo mundo na tela grande para o total deleite masturbatório e punheteiro do público brasileiro amante de pornochanchas cinematográficas da Boca do Lixo de onde o próprio Carlo Mossy era cria original e da mais pesada e tesudíssima sacanagem possível e existente também.
ResponderExcluirA beleza e a sensualidade absolutamente estonteantes e incontestáveis do nosso querido e saudoso Ted Boy Marino também remetem às do igualmente louro e sensacional ator e lutador profissional também europeu Matthias Hues.
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