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Versão Brasileira, Herbert Richers



Quem nunca ouviu a famosa frase "versão brasileira, Herbert Richers" antes de um filme ou série exibidos na televisão? Porém, poucas pessoas sabem quem foi esta lenda da dublagem brasileira.

Herbert Richers nasceu em Araraquara, em 11 de março de 1923. Ele foi mais que um famoso diretor de dublagens, sendo também um dos mais importantes e bem sucedidos produtores cinematográficos brasileiros.


Embora nascido no estado de São Paulo, Richers mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 40, e foi lá que ele fundou sua empresa, a Herbert Richers S.A., cujo objetivo inicial era fazer a distribuição de filmes.

Richers também trabalhava como cinegrafista, e produzia inúmeros cine-jornais, que eram notícias filmadas em películas, exibidas antes das sessões cinematográficas.

Herbert Richers, segundado a câmera, em 1951

Em 1953 Richers trabalhou como câmera man no filme Amei um Bicheiro (1953), na Atlântida Cinematográfica. Anos depois, ele resolveria fazer concorrência ao famoso estúdio brasileiro, produzindo seu primeiro filme, Sai de Baixo (1956).

O filme tinha no elenco nomes como Norma Blum, o palhaço Carequinha (e se colega Fred Villar), e artistas vindos da Atlântida, como Sônia Mamede e Adelaide Chiozzo. O produtor havia comprado os antigos estúdios Brasil Vita Films, que haviam sido criados pela diretora Carmen Santos, anos antes.

Mas um problema com as filmagens causou problemas no áudio, e a fita precisou ser dublada. Ele então investiu em aparelhos de dublagens para salvar seu filme, e acabou descobrindo um grande nicho de negócios.


Herbert produziu muitos filmes, que fizeram concorrência a Atlântida, produtora dos filmes conhecido como chanchadas que faziam muito sucesso na época. Ele acabou tornando-se um grande rival do estúdio.

Entre 1956 e 1982, produziu mais de 60 filmes, além de continuar fazendo cine jornais e filmagens para ser usada nos noticiários da televisão, a partir da década de 1950. O produtor foi o primeiro a levar o comediante Ronald Golias para o cinema, e também fez filmes com astros como Zé Trindade, Ankito, Renata Fronzi, Dercy Gonçalves, Grande Otelo, Jô Soares e o cantor Jerry Adriani, no auge da Jovem Guarda.


Mas nem só comédias fez o produtor, ele também foi responsável por alguns dos filmes mais importantes da história cinematográfica brasileira, tendo produzido os clássicos Assalto ao Trem Pagador (1962) e Vidas Secas (1962).

Ele também fez co-produções estrangeiras, como Sócio de Alcova (1960), que tinha no elenco o francês Jean-Pierre Aumont, além da brasileira Tônia Carrero. Em 1961 o produtor chegou a negociar com a italiana Sophia Loren para filmar no Brasil a primeira versão de Gabriela, Cravo e Canela, mas o filme nunca foi realizado.

 Agildo Ribeiro e Jean-Pierre Amount em Sócio de Alcova

Em 1964, porém, junto com a norte-americana Pan Films, trouxe ao Brasil os astros Rhonda Fleming, Rossano Brazzi e o cantor Neil Sedaka para filmarem aqui Pão de Açúcar (Instant Love, 1964), que ainda tinha no elenco a francesa Annik Malvil, estrela do cinema brasileiro, e atriz constante em suas produções.

Herbert Richers chegou a produzir uma série de televisão, 22-2000 Cidade Aberta (1965), estrelada por Jardel Filho. Inicialmente feita para o mercado internacional, a série acabou sendo exibida na Rede Globo.

Jardel Filho e Ana Amélia Braga em 22-2000 Cidade Aberta

A dublagem, que havia começado por acaso, ganhou força graças a influência de Walt Disney. Em 1960 o produtor norte-americano fez uma nova viagem ao Brasil, bem menos famosa que a vinda da década de 40. Herbert Richers foi o cinegrafista da nova visita, e os produtores ficaram amigos.

Richers levou Disney para conhecer seus estúdios, comprados em 1959, incluindo seus equipamentos de dublagem.

Em 1963 a TV Tupi comprou os direitos de exibição da série Zorro, estrelada por Guy Williams, e produzida por Walt Disney. No ano anterior, o presidente Jânio Quadros criou uma lei que orbigava que toda produção estrangeira, exibida na televisão, deveria ser dublada.

Disney então exigiu que a Tupi contratasse os estúdios de dublagem de Herbert Richers para fazer a "versão brasileira" da série, aqui rebatizada de Toddy e A Marca do Zorro, para agradar o patrocinador.

A lei criada pelo presidente da república, e o sucesso de Zorro, fizeram a fama do estúdio carioca. Richers tinha no elenco de dubladores nomes consagrados como Lima Duarte, Laura Cardoso, Selma Lopes e muitos outros.

Apesar de ser dono do maior estúdio de dublagem da América Latina, nunca deixou de produzir filmes. Seu último filme como produtor foi Meu Pé de Laranja Lima (1982). Seus estúdios eram tão grandes e bem equipados, que novelas da Rede Globo, como Escrava Isaura (1976) e Dancing Days (1978-1979) foram gravadas lá, antes da criação do Projac.

Herbert Richers e a esposa, em 1978

Herbert Richers, em seus estúdios, em 1998

Em 20 de novembro de 2009 Herbert Richers faleceu devido a problemas renais, aos 86 anos de idade. Pouco tempo depois, seus estúdios foram a falência devido a diversas dívidas acumuladas.

Em 2012 seu antigo estúdio pegou fogo, queimando praticamente todo seu acervo cinematográfico. Atualmente, o prédio está abandonado, em ruínas.





Veja Também:  A História da Atriz e Dubladora Sandra Campos




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4 Comentários

  1. ''Em 2012, seu estúdio pegou fogo, queimando todo o acervo cinematográfico''. Que tristeza. Imaginem a quantidade de relíquias que foram perdidas...

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  2. Marcou época a famosa frase VERSAO BRASILEIRA HERBERT RICHERS

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  3. Gostaria de saber o nome do locutor que dizia a famosa frase : Versão Brasileira...

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