Mazzaropi e a menina Vera Lúcia
Na segunda metade da década de cinquenta, a menina Vera Lúcia era uma estrelinha do cinema e televisão brasileira. Porém, sua carreira e filmografia se confunde com outras duas "Veras Lúcias", em especial com a cantora homônima, eleita Rainha do Rádio no ano de 1955.
Vera Lucia Sengati Alcazar nasceu em São Paulo, em 08 de fevereiro de 1949. Ainda muito jovem ela já demonstrava talento artístico e aos seis anos de idade foi descoberta por Abílio Pereira de Almeida, que incluiu a menina no elenco da peça Santa Marta Fábril S/A, nos palcos do Teatro Brasileiro de Comédia, o lendário TBC.
Creditada como Vera Lucia Alcazar, ela estreou no teatro ao lado de nomes como Odete Lara, Leonardo Villar, Céliar Biar e Cleyde Yaconis. No ano seguinte, ainda no TBC, contracenou com Italo Rossi, Nathalia Timberg, Mauro Mendonça e Sérgio Britto em A Casa de Cá do Luar de Agosto.
Vera Lúcia, no TBC
Em 1956 ela também estreou na TV Tupi, atuando em Scaramouche, peça encenada no Grande Teatro Tupi. A menina também recebeu convite para estrear no cinema, atuando na comédia Quem Sabe... Sabe (1956), estrelada por Violeta Ferraz.
Vera Lúcia em Quem Sabe... Sabe (1956)
Em seguida, atuou no filme Pega Ladrão (1957), que era estrelado por diversos atores mirins. No mesmo ano, já morando no Rio de Janeiro, fez seu papel mais famoso no cinema, o da menina Aninha na comédia O Noivo da Girafa (1957), estrelada por Amácio Mazzaropi. Na época, Mazzaropi ainda não tinha seu próprio estúdio, e o filme foi todo rodado nos estúdios da TV Rio.
Vera Lúcia em Pega Ladrão (1956)
Vera Lúcia e Mazzaropi em O Noivo da Girafa (1957)
Na Tupi do Rio de Janeiro, a menina foi escalada para entrevistar o espanhol Pablito Calvo, astro do filme Marcelino Pão e Vinho (Marcelino Pane y Vino, 1955). Durante a entrevista (por questões contratuais o menino não podia cantar nem atuar na emissora), Pablito demonstrou-se cansado e desinteressado, deixando a menina em uma situação constrangedora com a monossilábica entrevista. A atração tinha como patrocínio os Biscoitos Piraquê, e a certa altura a menina ofereceu alguns biscoitos do patrocinador para o menino ator, que ao provar, disse que era a pior bolacha que já comera em sua vida, tudo claro, ao vivo.
Pablito Calvo e Vera Lúcia, na Tupi
Curiosamente, anos antes, a menina havia atuado no cinema brasileiro com o pequeno José de Jesus, chamado de "O Pablito Calvo Brasileiro", seu colega de Pega Ladrão (1956).
Mas apesar da mal sucedida entrevista (principalmente devido ao convidado internacional), a menina agradou como repórter, e a Tupi a colocou entrevistando celebridades adultas em programas como Pinga Fogo e Luz! Câmera! Ação!.
Ver Lúcia, entrevistando autoridades do exército
Na emissora carioca, ela ainda atuou na novela As Mulheres (1959) e estrelou a novela infantil Heidi (1960), que havia sido encenada pela Tupi Paulista em 1956, tendo a atriz mirim Verinha Darcy como protagonista.
Mas apesar do sucesso da menina, as entrevistas que ela realizava ocorriam ao vivo, no horário noturno, o que chamou a atenção do conselho tutelar, que proibia crianças de trabalharem em espetáculos noturnos. Os problemas devido a sua idade fizeram com que a menina deixasse a carreira pouco tempo depois.
A partir da década de 60, sua carreira também se confunde erroneamente com a da vedete Vera Lúcia, que estreou no cinema brasileiro em Assalto ao Trem Pagador (1960). No cinema brasileiro, Vera Lúcia, a menina, atuou nos seguintes filmes: Quem Sabe... Sabe (1956), Pega Ladrão (1957) e O Noiva da Girafa (1957).
Vera Lúcia então terminou os estudos, e de volta a São Paulo, formou em Pedagogia no Mackenzie, em 1971, tornando-se uma importante acadêmia sobre educação infantil. Após casar-se com o dentista Gil Vicente Faro, passou a adotar o nome Vera Lúcia Alcazar Faro.
No começo dos anos 80 retornou aos bastidores do entretenimento, acompanhando os filhos, modelos mirins, em testes e gravações. Seu filho Danilo Faro chegou a estrelar o filme Fofão, a Nave Sem Rumo (1988) mas deixou a profissão de ator posteriormente. Já Rodrigo Faro, tornou-se astro ainda criança, e após trabalhar como ator por muitos anos, tornou-se um popular apresentador da televisão brasileira.
Vera Lúcia Faro, atualmente, com os filhos Rodrigo e Danilo Faro
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9 Comentários
Linda historia!
ResponderExcluirMuito linda a história dela.
ResponderExcluirEu adoro ver a história destes atores que as vezes é esquecida
ResponderExcluirPoxa . Tinha que ser mãe . Justamente do Rodrigo faro . Que pena
ResponderExcluirPensei isto também.
ExcluirÓtimo ator mas apresentador insuportável.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPoxa . Tinha que ser mãe . Justamente do Rodrigo faro . Que pena
ResponderExcluirGosto muito de saber sobre atores antigos que fizeram a nossa TV. Parabéns pela matéria.
ResponderExcluirAmei a história da mãe do Rodrigo Faro, pena que eu não sou dessa época, mas ela com certeza foi uma ótima atriz
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