Mineira de Belo Horizonte, Leyde Chuquer Volla Borelli Francisco de Bourbon nasceu no dia 07 de janeiro de 1935.
Nascida em uma família da sociedade mineira, descendente da nobreza européia, Lady começou a frequentar os eventos sociais de Belo Horizonte quando debutou, aos 15 anos de idade. No mesmo ano, a adolescente concorreu ao título de Miss Belo Horizonte, tentando uma vaga no concurso de Miss Brasil.
No ano seguinte, ingressou no coral da Sociedade Artística de Belo Horizonte, atuando em operetas. No mesmo ano, aos 16 anos de idade, recebeu o título de Soberana da sociedade, e passou a ser solista no corpo de ballet. Como bailarina, ela viajou por todo o país apresentando-se em diversos espetáculos.
A bailarina Lady Francisco
Lady Francisco, candidata a Miss Belo Horizonte
A bailarina Lady Francisco
Lady quase desistiu da carreira artística, quando tornou-se funcionária pública em Minas Gerais. Mas a veia artística falava mais forte, e ela tornou-se uma popular declamadora nos eventos sociais de sua cidade, o que acabou levando-a ingressar no grupo Teatro Moderno de Arte (TEMA), do ator Coracy Raposo, em 1958. Nesta mesma época, Lady assistiu a apresentações de Cacilda Becker e Rodolfo Mayer nos palcos mineiros, e foi aconselhada por ambos para tentar a carreira teatral no Rio de Janeiro, então capital federal.
Em 1958, toda a publicidade em torno da atriz lhe rendeu o título de Miss Objetiva, e foi contratada pela TV Itacolami, emissora afiliada da TV Tupi e do grupo Diários Associados. Lady Francisco inicialmente era garota propaganda, mas logo tornou-se teleatriz, como eram chamadas as atrizes de televisão da época.
Lady estreou na novela A Garrafa do Diabo (1958), um programa que a cada semana tinha uma nova trama, envolvendo personagens históricos, e um diabo malígno preso em uma garrafa. A novela fez um enorme sucesso na época.
Lady Francisco e Ricardo Luiz em A Garrafa do Diabo
Na televisão também protagonizou inúmeros teleteatros, interpretando personagens clássicos como a Desdemona de Otelo, a Blance Dubois de Um Bonde Chamado Desejo, a impreatriz Cleópatra e a peça Chuva, de Somerset Maugham, popularizada no Brasil por Dulcina de Moraes. Em 1960, ela foi eleita a melhor atriz da televisão mineira.
Após atuar na TV Itacolami, ela migrou para a TV Vila Rica, onde chegou a trabalhar no programa local de humor que Chico Anysio fazia na emissora. Além de atriz, Lady apresentava programas, geralmente de colunas sociais, como o Society Gardini. Também apresentou o feminino Lady para as Ladys, e De Tudo um Pouco, onde também dava dicas de horóscopo.
Além da televisão, ela apresentava o Grande Jornal dos Doze, na Rádio Itatiaia e o programa Um Homem, Uma Mulher, na Rádio Jornal de Minas. Também escrevia crônicas sociais para os jornais impressos da região.
Mas a atriz ainda arrumava tempo para o teatro. Em 1960 ela viajou com o companhia de Coracy Raposo para o Rio de Janeiro, onde encenaram A Margem da Vida (1960), de Tenensse Williams. A atriz fez sucesso nos palcos cariocas, e ganhou o prêmio de atriz revelação daquele ano, e a projeção nacional de seu nome.
Mas nem tudo eram flores. Em 2017 a atriz revelou que logo após chegar ao Rio de Janeiro, foi estuprada por um diretor, que hoje é um nome respeitado na TV Globo. Pouco tempo depois, ela descobriu que havia engravidado do homem que a violentara, e resolver tirar a criança. Lady não revelou seu nome, mas afirmava que ele está vivo, e fazia questão de ir ao seu enterro.
Traumatizada, ela retornou a Belo Horizonte, se casando em 1961, e anunciando que abandonaria a sua carreira. A atriz teve dois filhos deste casamento, que se encerrou em 1967. Mas Lady sentiu falta dos palcos, e retomou a carreira artística. Além disto, seu marido havia falido, perdendo inclusive a herança de sua família.
Em 1963 ela chegou a fazer teatro de revista, atuando em Vou à Lua de Lambreta (1963). Também estrelou o remake de My Fair Lady, sucesso teatral no Brasil na pele de Bibi Ferreira, protagonizado o espetáculo Minha Querida Lady (1963), tendo Paulo Goulart como Mr. Higgins.
Mas após a temporada carioca, ela retornou a Belo Horizonte. Foi somente em 1972 que ela fixou-se no Rio de Janeiro. Contratada pela TV Tupi, Lady estreou na emissora como jurada do programa Flávio Cavalcanti, e posterirmente protagonizou a novela-seriado Jerônimo, o Herói do Sertão (1972), onde interpretava a vilã Suzana.
Lady Francisco e Francisco di Franco em Jerônimo, o Herói do Sertão
Ela então passou a ser presença constante nos bailes de carnavais, fotonovelas e posou para inúmeras revistas. Lady Francisco era um fênomeno!
Lady Francisco em fotonovela
Em 1974 Lady estreou no cinema, atuando em Um Varão entre as Mulheres (1974). Nos anos seguintes, atou em muitos filmes. Atriz de clássicos e renomada no teatro, sua beleza acabou ofuscando seu talento, e normalmente ela acabou escalada em papéis de mulheres sensuais e sedutoras, em filmes como As Loucuras de um Sedutor (1975), As Deliciosas Traições do Amor (1975), O Padre que Queria Pecar (1975), O Roubo das Calcinhas (1977); Com as Calças na Mão (1977), Desejo Violento (1978), Os Melhores Momentos da Pornochanchada (1979), Os Foragidos da Violência (1979), O Preço do Prazer (1979), Viúvas Precisam de Consolo (1981), Uma Estranha História de Amor (1981), Rapazes da Calçada (1981), Anjos do Sexo (1982), Profissão Mulher (1982), Aguenta Coração (1985), Amenic - Entre o Discurso e a Prática (1985), O Verdadeiro Amante Sexual (1985) e Sexo Selvagem dos Filhos da Noite (1987). Mas o símbolo sexual das telas era uma mulher reservada, que afirmava nunca ter sentido prazer no sexo.
Mário Cardoso e Lady Francisco em Os Foragidos da Violência
Lady também atuou em filmes importantes como Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977) e O Crime do Zé Bigorna (1977), que lhe rendeu um troféu Candango de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Brasília. Lady Francisco também protagonizou o estranho e hoje cultuado Punk's - Os Filhos da Noite (1982).
E pouca gente sabe, mas ela também se aventurou como diretora, do filme Anjos do Sexo (1981), que ela também produziu.
Em 1975 ela ingressou na Rede Globo, atuando na novela Cuca Legal (1975). Na emissora, ela participaria de diversas obras, como Pecado Capital (1975); O Feijão e o Sonho (1976); Locomotivas (1977); O Pulo do Gato (1977); Pecado Rasgado (1979); Marrom Glacê (1979); Baila Comigo (1981); Louco Amor (1983); Transas e Caretas (1984); Barriga de Aluguel (1990), As Noivas de Copacabana (1992); Explode Coração (1996), O Amor Está no Ar (1997) e Por Amor (1998). Lady Francisco também atuou na primeira versão de Roque Santeiro, de 1975, que foi censurada pela ditadura militar. Ela interpretava a personagem Niñon.
Lady Francisco e Francisco Cuoco em Pecado Capital
Lady Francisco e Dorinha Duval em Cuca Legal
Lady Francisco e José Lewgoy em Louco Amor
Lady Francisco e Debóra Duarte em Roque Santeiro (1975)
Em 1976 ela ainda fez uma participação na novela A Escrava Isaura, um dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira. Lady interpretava a mãe de Isaura, morta nos primeiros capítulos da novela. O sucesso internacional da obra levou Lady a uma grande e bem sucedida temporada nos palcos portugueses. O apartamento onde ela morava, no Rio de Janeiro, foi comprado com o dinheiro que ela ganhou nesta época.
Com uma voz bem característica, quase infantil, Lady Francisco também foi pioneira da dublagem brasileira, muitas vezes emprestando sua voz a personagens mirins.
Por alguns anos, Lady Francisco ficou afastada da televisão, fazendo apenas algumas participações especiais, após ser demitida da TV Globo. Na Record, atuou em Marcas da Paixão (2007) e Chamas da Vida (2009).
Em 2010 ela retornou ao cinema, atuando em A Casa Errada (2010). Ela ainda fez o filme Ódio (2017) e Goitaca (2019). NA TV, seu último papel foi em Malhação: Vidas Brasileiras (2018).
Lady Francisco estava internada desde o dia 28 de abril, quando sofreu uma queda ao tentar defender seus cachorros de um ataque de um grupo de quatro cães maiores. A atriz fraturou o fêmur ao cair, e precisou passar por uma cirurgia, mas o seu quadro se agravou. Ela chegou a passar por uma traqueostomia, mas não resistiu ao tratamento.
Lady Francisco faleceu no dia 25 de maio de 2019, aos 84 anos de idade.
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2 Comentários
A idade está incorreta. Morreu aos 79 anos.
ResponderExcluirNão está não, ela é de 1935. Em 1951, com 15 anos, ela participou do Miss Minas. Se ela tivesse 79, teria apenas 11 anos na época.
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