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Terence Hill, o eterno Trinity


O ator Terence Hill foi um dos atores mais bem pagos da Itália nas décadas de 70 e 80. Seus filmes, geralmente westerns spaghetti, eram a sensação das matines por todo mundo, inclusive no Brasil.


Terence Hill é o nome artístico do ator italiano Mario Guisepe Girotti, nascido em Veneza, em 29 de março de 1939. Seu pai era italiano e sua mãe alemã, e durante sua infância ele morou em Dresden, na Alemanha, e sua casa chegou a ser bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial.

De volta à Itália, Hill foi descoberto aos 12 anos de idade pelo cineasta Dino Risi, que o viu em uma competição de natação, e o convidou para atuar em Um Salto para a Vida (Il viale della speranza, 1953), estrelado por Marcello Mastroianni

 Terence Hill, ator mirim


No anos seguintes o menino cresceu em frente as telas, ainda usando o nome de Mario Girotti. Ele não pretendia seguir a carreira de ator, apenas via nos filmes a oportunidade de ganhar dinheiro para financiar seus estudos, e bancar seus hobbies, como comprar motocicletas.

Seus papéis foram crescendo ao longo do tempo, mas ele ainda era bastante desconhecido, apesar de ter contracenado com astros hollywodianos, que desempregados, buscavam papéis na Europa. Ele trabalhou com Donald O'Connor em As Maravilhas de Aladim (Le meraviglie di Aladino, 1961) e Yvonne de Carlo em A Espada e a Cruz (La Spada e La Croce, 1958). Este último, um filme sandálias e espadas (ou peplum, no termo em inglês). 

 Mário Bava, Donald O'Connor e Terence Hill em As Maravilhas de Aladim


O belo galã de olhos azuis já tinha feito 27 filmes, mas só foi ficar mundialmente conhecido quando o diretor Luchino Viscontti lhe deu um papel no clássico O Leopardo (Il gattopardo, 1963), onde Hill interpretou o conde Cavriaghi. O ator e o diretor haviam trabalhado juntos em As Maravilhas de Aladim, que também tinha De Sicca como ator no elenco.

 Lucilla Morlacchi e Terence Hill em O Leopardo


Em 1964 ele assinou contrato com um estúdio alemão para protagonizar diversos filmes de aventuras baseados no autor alemão Karl May, como Carne para Abutres (Unter Geiern, 1964) e Flechas Ardentes (Der Ölprinz, 1965).

De volta à Itália, o produtor Giuseppe Colizzi o convidou para estrelar o filme Deus Perdoa... Eu Não (Dio Perdona... Io no!, 1967). Originalmente, Colizzi queria outro astro de filmes italianos no elenco: Franco Nero. Mas como ele já estava comprometido, optou por Mario Girotti, que tinha certa semelhança com Nero.

Visando o mercado irternacional, ele deu uma lista de nomes inglêses para o ator, e 24 horas para decidir qual seria seu novo nome artístico. Mario Girotti escolheu Terence Hill por ter as mesmas iniciais que o nome de sua mãe (Hildegard Thieme).

Quando morava na Alemanha, ele havia se casado com garota americana de ascendência germânica, Lori Zwicklbauer, que era a treinadora de diálogos de seus filmes. Foi dito a imprensa, entretanto, que Hill era o sobrenome de sua esposa. Em tempos de revoluão feminista, um ator famoso de filmes de ação adotar o nome da mulher era uma revolução e um grande golpe publicitário.

Mas Deus Perdoa... Eu Não não deu a Terence Hill só um nome artístico, mas um parceiro cinematográfico, Bud Spencer. A dupla formada pelo filme tornou-se uma das mais famosas e populares da história do cinema, e ao longo dos anos os amigos fizeram 18 filmes juntos. Entre eles destacamos Chamam-me Trinity (Lo Chiamavamo Trinità..., 1970), Trinity Ainda é Meu Nome (Continuavano a chiamarlo Trinità, 1971) e Dois Missionários do Barulho (Porgi L'Altra Guancia, 1974).

 Bud Spencer e Terence Hill em Deus Perdoa... Eu Não

Curiosamente, eles já haviam atuado em um filme antes, quando fizeram papéis em  Aníbal, O Conquistador (Annibale, 1959), uma produção italiana estrelada por Victor Mature. Mas neste filme, eles não contracenam um com o outro.

Bud Spencer e Terence Hill em Aníbal, o Conquistador

O sucesso da dupla gerou até imitações, com os atores Michael Colby e Paul L. Smith, que estrelaram Carambola (Idem, 1974). O filme era um Western Spaguetti, que repetia a mesma fórmula de Spencer e Hill, o barbudo grandão zangado e o loiro metido a galã.

Michael Colby e Paul Smith e Terence Hill e Bud Spencer

No cartaz, em italiano, lia-se a seguinte frase: "Nem Trinity, nem Bambino: nos chamam Carambola”, numa alusão aos personagens de Hill e Spencer no filme Trinity Ainda é Meu Nome (Continuavano a chiamarlo Trinità, 1971). Eles ainda fariam a sequência, repetindo os mesmos personagens em   Trinity e Carambola - A Dupla Invencível (Carambola, filotto... Tutti in Buca, 1975).


No Brasil, a dupla Bud Spencer e Terence Hill era extremamente popular, e chegaram a filmar Eu, Você, Ele e os Outros (Non C'è due senza quattro, 1984), produzido pela Renato Aragão filmes, e com atores brasileiros no elenco, como Dary Reys, Fernando Amaral e Ataíde Arcoverde.

Roberto Roney, Bud Spencer, Terence Hill e Ataíde Arcoverde em Eu, Você, Ele e os Outros

Nesta época, chegou-se a anunciar que a dupla atuaria em outro filme brasileiro, ao lado do quarteto Os Trapalhões, de Renato Aragão, mas tal projeto nunca se concretizou. Porém, Spencer e Hill participaram do programa Os Trapalhões, e Bud respondeu as perguntas em português, idioma que aprenderá muitos anos antes, quando morou no Brasil.

Bud Spencer e Terence Hill no programa Os Trapalhões



Em 1985 a dupla se desfez após atuarem em Os Dois Super-Tiras em Miami (Miami Supercops, 1985). E embora tenham trabalhado juntos por quase 20 anos, Terence Hill também tinha uma carreira solo muito bem sucedida, estrelando filmes como Viva Django! (Preparati la bara!, 1968) e Meu Nome é Ninguém (Il mio nome è Nessuno, 1973), ao lado de Henry Fonda.


Henry Fonda e Terence Hill em Meu Nome é Ninguém

Em 1976 ele assinou contrato com Hollywood, onde estreou em Marcha ou Morre (March or Die, 1977), ao lado de Gene Hackman e Catherine Deneuve. E seguida fez Mr. Billion (Idem, 1977), com Valerine Perrine.


 Catherine Deneuve e Terence Hill em Marcha ou Morre

Hill então passou a se revezar em produções norte-americanas e italianas. Em 1984 ele também estreou como diretor, na comédia Don Camilo (1984), que tinha seu filho Ross Hill no elenco. Ross co-estrelou com o pai o filme Um Osso Duro de Roer (Renegade, 1987). Mas a dupla promissora infelizmente não pode continuar, já que o jovem Ross faleceu em um acidente de carro em 1990, com apenas 16 anos de idade.

 Ross e Terence Hill em Um Osso Duro de Roer

Em 1991 Hill protagonizou Lucky Luke (Idem, 1991), onde personificou o cowboy dos quadrinhos criado por Morris. O filme fez tanto sucesso que virou uma série de televisão no ano seguinte.




Em 1994 ele voltou a atuar ao lado de Bud Spencer em A Volta de Trinity (Botte di Natale, 1994), cujo roteiro foi escrito por seu outro filho, Jeff Hill.


Bud Spencer e Terence Hill em A Volta de Trinity

O último encontro da dupla ocorreria na entrega do prêmio Donatello (o mais importante da Itália) em 2010. Na cerimônia Bud Spencer e Terence Hill receberam um prêmio especial pelo conjunto de sua obra.

Bud Spencer faleceu em 2016.

 Bud Spencer e Terence Hill em 2010

A partir da década de 90, o ator passou a trabalhar mais em produções da televisão italiana, atuando em telefilmes e séries como Un passo dal cielo (2011-2015) e Don Matteo (2000-2020), da qual era protagonista. Este papel rendeu a Hill um prêmio internacional de "Melhor Ator do Ano" no 42º Festival de Televisão de Monte Carlo, ao lado dos da série, e do produtor Alessandro Jacchia naquele festival. 

Na série, Hill interpretava um paroco que ajuda a polícia local a resolver crimes.

Terence Hill como o padre Don Matteo

Em 2018, ano em que a série foi cancelada, Hill voltou a direção com My Name Is Thomas (2018), sétimo filme que dirigiu, e que ele também estrelou.

Apesar de trabalhar na Itália, Terence vive em Massachusetts, Estados Unidos, com sua esposa Lori, com quem se casou em 1967.


Terence Hill, atualmente

Leia também: Relembrando Bud Spencer. 

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3 Comentários

  1. Michael Carvalho Silva31 de outubro de 2021 às 02:06

    Terence Hill, um ator maravilhoso e também um grande e sensual símbolo sexual masculino e italiano que marcou o mundo inteiro definitivamente.

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