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O ator Woody Strode




O ator Woody Strode foi um atleta olímpico que conquistou as telas de cinema, tornando-se um dos artistas negros mais consagrados de sua geração.

O jovem Woody Strode

Woodrow Wilson Woolwine Strode nasceu em Los Angeles, Califórnia, em 25 de julho de 1914, e era descendente de afro-americanos e nativos americanos (da tribo Cherokee).

Strode teve uma formação atlética, e seu talento para o declato e arremesso de peso lhe garantiram uma bolsa de estudos universitária. Porém, ele não era apenas um bom atleta, mas um aluno dedicado e muito culto, formado em história e educação.

Mas a veia esportiva foi o que o deixou famoso, e em 1936 ele foi um dos atletas a posarem nu para uma exposição nas Olímpiadas de Berlim, que destacava os corpos esculpidos pelo esporte.

Porém, Adolf Hitler ficou incomodado com as fotos de atletas negros, e mandou encerrar a exposição.

A carreira de Woody Strode no Esporte

Com aptidão para diversas modalidades esportivas, Woody Strode optou pelo futebol americano, e começou a jogar profissionalmente em 1939. Na época, haviam poucos jogadores negros nas ligas profissionais (nenhum deles chegou a NFL até 1946), e o time de Strode, o UCLA Bruins foi o vencedor do campeonato de 1940 das ligas universitárias, o que projetou seu nome nos Estados Unidos.

Mas sua carreira de Woody Strode teve de ser interrompida quando o ator foi convocado para lutar na Segunda Guerra Mundial. E após dar baixa das forças armadas ele foi contratado por um time canadense, em 1948. Um ano depois, sua carreira no futebol chegaria ao fim devido a uma lesão.

Ao mesmo tempo, Strode também era um profissional do wrestling, e lutou até 1962, quando se firmou na carreira de ator.

Woody Strode nos tempos em que era jogador de futebol americano

Woody Stroode no cinema

Em 1941 estreou no cinema, interpretando um nativo no filme O Entardecer (Sundown, 1941), e apareceria ainda outros dois filmes na década de 1940, Coquetel de Estrelas (Star Spangled Rhythm, 1942) e Sem Tempo Para Amar (No Time for Love, 1943).

Mas ele só voltaria a atuar em 1951, quando o produtor Walter Mirisch o chamou para viver um guerreiro africano em Caçadores de Leões (The Lion Hunters, 1951), um filme da série Bomba, o Filho das Selvas, estrelado por Johnny Sheffield, o antigo "filho do Tarzan".

Foi Mirisch quem convenceu Strode a raspar a cabeça, o que se tornaria sua marca nas telas.

Woody Strode e Johnny Sheffield em Caçadores de Leão

A partir de então, Woody Strode atuou em diversos filmes de aventuras nas selvas, como Bridge of the Gorilla (1951) e Bomba e o Tesoura Africano (African Treasure, 1951), que como indica o título, era outro filme da série Bomba, o Filho das Selvas.

Strode também teve papéis em Pantera Negra (Caribbean, 1952) e Androcles e o Leão (Androcles and the Lion, 1952), interpretando um "leão". O trabalho mais dificil de sua carreira, conforme declarou o ator anos depois.

O ator esteve ainda em Cidade Submersa (City Beneath the Sea, 1953) e Tormenta Sobre à àfrica (The Royal Afican Rifles, 1953) e atuou em alguns episódios de Ramar das Selvas (Ramar of the Jungle, entre 1952 e 1954) interpretando um guerreiro africano.

Além disto, interpretou um gladiador em Demetrius e os Gladiadores (Demetrius and the Gladiators, 1954), e voltou a viver um nativo em Na Selva dos Diamantes (Jungle Man-Eaters, 1954), onde contracenou com o antigo Tarzan Johnny Weismuller, agora dando vida a Jungle Jim.

Em 1954 fez seu primeiro Western, Eu Me Vingarei (The Gambler de Natchez, 1954) e voltou para à África em Cavaleiros da Selva (Jungle Gents, 1954), atuando em seguida na super produção (que fracassou nas bilheterias) O Cálice Sagrado (The Silver Chalice, 1954).

Todos estes era papéis pequenos, muitas vezes nem creditados, como também foram suas participações em O Filho de Sinbad (Son of Sinbad, 1955) e Buruuba (1956), um filme japonês ambientado na África.

Com Johnny Weissmuler também atuou em um episódio da série Jugle Jim, produzida para a televisão.

Foi no ano de 1956 que sua carreira enfim decolou, quando Cecil B. De Mille o contratou para viver um escravo no clássco Os Dez Mandamentos (The Ten Commandments, 1956). Era um papel pequeno, mas o diretor não conseguiu um ator para interpretar o rei etíope, e então Woody Strode foi promovido.

Woody Strode e Charlton Heston em Os Dez Mandamentos

Depois disto, atuou em Tarzan e a Tribo Nagasu (Fight for Life, 1958), estrelado por Gordon Scott. No mesmo ano esteve em Lafitte, o Corsário (The Buccaneer, 1958), e recebeu seu primeiro grande papel em Os Bravos Morrem de Pé (Pork Chop Hill, 1959), recebendo elogíos da crítica.

Woody Strode e Gregory Peck em Os Bravos Morrem de Pé

Woody Strode rumo ao estrelato

O ano de 1960 foi muito produtivo para a carreira do ator. Ele teve um bom papel em A Última Viagem (The Last Voyage, 1960), e então deu vida ao gladiador etíope Draba, em Spartacus (Idem, 1960).

Draba e Spartacus (papel de Kirk Douglas) são obrigados a lutarem até a morte, e o personagem de Woody Strode vence a luta, mas não mata o rival. Ele então é morto pelo comandante romano, e sua morte desencadeia uma rebelião de gladiadores.

Woody Strode e Kirk Douglas em Spartacus

Ainda em 1960 o ator ganhou seu primeiro papel de protagonista, divido com Jeffrey Hunter, no western Audazes e Malditos (Seargent Rutledge, 1960), dirigido por John Ford. Strode havia conhecido Ford quando filmava Os Bravos Morrem de Pé, e se tornaram amigos.

A Warner queria um grande astro, como Sidney Poitier ou Harry Belafonte, mas Ford exigiu Woody Strode no papel. Era a primeira vez na história que um negro protagonizava um western em Hollywood.

Jeffrey Hunter e Woody Strode em Audazes e Malditos

Mas Hollywood ainda era um local de poucas oportunides para artistsas negros, e o ator acabou voltou a viver um nativo em Um Raio em Céu Sereno (The Sins of Rachel Cade, 1961). John Ford voltou a lhe dar emprego, agora como índio, em Terra Bruta (Two Rode Together, 1962), em uma participação muito pequena.

Porém, no mesmo ano, Ford lhe deu um papel de destaque em O Homem Que Matou Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962), onde Strode interpretava o empregado de John Wayne. No filme, ele tem uma cena memorável onde recita a Declaração de Independ~encia, mas pede desculpas por esquecer a frase "todos os homens nascem iguais".

John Wayne e Woody Strode em O Homem Que Mato Facínora

Novamente contracenando com Tarzan, agora vivido por Jock Mahoney, o ator trabalhou em Os Três Desafios de Tarzan (Tarzan's Three Challenges, 1963). Também esteve no elenco de Gengis Khan (Idem, 1965) e 7 Mulheres (7 Women, 1966), último filme que fez com John Ford.

Strode era muito próximo ao diretor, e o considerava como um pai. Quando Ford adoeceu, Woody Strode passou quatro meses dormindo no chão, ao lado de sua cama, como seu cuidador. Mais tarde, estava ao seu lado quando o cineasta faleceu.

Cada vez mais trabalhando na televisão, apareceu em alguns episódios da série Tarzan, agora estrelada por Ron Ely. Ele também foi um dos vilões convidados na série Batman.

Carolyn Jones e Woody Strode em Batman

Em 1966 ele foi um dos atores principais em os Profissionais (The Professionals, 1966), mas ficou muito chateado após ver que seu nome ficou de fora do cartaz do filme. Mas Os Profissionais fez tanto sucesso, que realçou a fama de Woody Strode.

Foi então que ele decidiu produzir seu próprio filme, onde teria o destaque que merecia, porém, nenhum estúdio quis financiar o projeto, que nunca foi feito.

Burt Lancaster, Claudia Cardinale, Lee Marvin, Robert Ryan e Woody Strode em Os Profissionais

Woody Strode vai para à Europa

Cada vez mais infeliz com a falta de oportunidades em Hollywood, Woody Strode partiu para à Europa em busca de trabalho. Nesta época, os artistas americanos imigravam para países como a Itália para atuarem em filmes épicos, os chamados sandálias e espadas, como Hércules ou Golias.

Strode, por sua vez, estreou no cinema europeu com um papel marcante no drama Sentado à Sua Direita (Seduto alla sua destra, 1968), inspirado na vida do líder congolês Patrice Lumumba, dirigido pelo grande Valerio Zurlini.

Simultaneamente, teve um papel no western Shakalo (Idem, 1968), estrelado por Brigitte Bardot. E ainda deu vida a um pistoleiro Era Uma Vez no Oeste (Once Upon a Time in the West, 1968), um clássico de Sergio Leone.

Woody Strode em Era Uma Vez no Oeste

Também atuou em Causa Perdida (Che!, 1969) e contracenou com Bud Spencer e Terence Hill em A Colina dos Homens Maus (La collina degli stivali, 1969). O filme fez muito sucesso nos Estados Unidos, onde foi chamado de Booth Hill.

Cartaz americano de A Colina dos Homens Maus

Em seguida, o ator fez outro wester italiano, Chuck Mull, O Homem da Vingança (Ciakmull - L'uomo della vendetta, 1970), e depois foi para os Estados Unidos para ver John Ford, que estava morrendo.

Durante sua estada na América, atuou em Breakout (1970), A Crista do Diabo (The Deserter, 1970) e A Metralhadora Gatling, 1971). Woody Strode retornou à Europa posteriormente, onde fez Scipião, O Africano... General de César (Scipione detto anche l'africano, 1971) e mais dois westerns The Last Rebel e Marcados Pela Vingança (The Revengers, 1972). Ainda na Itália, fez Por Ordem da Cosa Nostra (La mala ordina, 1972), pelo qual ganhou o maior cachê de sua carreira, 150 mil dólares.

Woody ainda faria outros filmes italianos, com destaque para Keoma (1976), estrelado por Franco Nero. Ele também fez um filme romeno, Petróleo - O Incêndio de Um Bilhão de Dólares (Cuibul salamandrelor, 1977).

Franco Nero e Woody Strode em Keoma

De volta aos Estados Unidos, atuou em A Volta dos Bravos (Winterhawk, 1975), outro western em sua carreira. Mas os tempos haviam mudado, e Woody Strode já não gozava do mesmo prestígio de outrora, e começou a atuar em diversos filmes de gosto duvidoso, desde que pagassem seu salário em dia.

Neste período, atuou em filmes como o terror trash A Maldição das Aranhas (Kingdom of the Spiders, 1977), e muitas produções feitas para a televisão, além de aparecer em séries de TV como Os Gatões (Dukes of Hazzard) e A Ilha da Fantasia (Fantasy Island).

Posteriormente, ainda atuaria em Travessia a Cuba (Cuba Crossing, 1980), Gritos na Noite (Scream, 1982), Os Vigilantes (Vigilante, 1982), Horror Safari (1982), Resgate no Vietnã (Angkor: Cambodia Express, 1982), O Regresso do Corcel Negro (The Black Stallion Returns, 1983), Missão Implacável (Razza violenta, 1984), O Executor Final (L'ultimo guerriero, 1984), Guerreiros Selvagens (Euer Weg führt durch die Hölle, 1984), A Louca Corrida do Ouro (Lust in the Dust, 1984) e Cotton Clun (The Cotton Club, 1984), clássico dirigido por Francis Ford Coppola.

Por fim, Woody Strode ainda atuaria em Assassinato na Louisiana (A Gathering of Old Men, 1987), Storyville, um Jogo Perigoso (Storyville, 1992) e Posse: A Vingança de Jessie Lee (Posse, 1993). Por último, atuou na super produção Rápida e Mortal (The Quick and the Dead, 1995), seu último e derradeiro trabalho western.

O filme tinha um elenco de astros como Sharon Stone, Gene Hackamann, Leonardo Di Caprio e Russell Crowe.

Woody Strode em Rápida e Mortal

Rápida e Mortal foi lançado após a morte do ator, que morreu vítima de câncer de pulmão em 31 de dezembro de 1994, aos 80 anos de idade.

Após a sua morte, a Disney batizou o xerife Woody, de Toy Story (1995), em homenagem a Woody Strode, o cowboy pouco valorizado de Hollywood.


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