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Calúnias, Perseguições e tristeza, a vida de Jean Seberg, a atriz perseguida pela FBI


Ícone da nouvelle vague francesa, Jean Seberg sempre será lembrada como a estrela do clássico Acossado (à Bout de Souffle, 1960), de Jean-Luc Goddard.

A estrela icônica do cinema europeu, ao contrário do que muitos acreditam, é norte-americana. Com mais de 30 filmes no currículo, sua vida também foi marcada por uma sucessão de tragédias, que inclui uma rigorosa perseguição por parte do FBI, que teve consequências que custaram muito caro para a atriz.


Jean Seberg em Acossado


Jean Dorothy Seberg não era francesa, mas sim americana, tendo nascido no Iowa, em 13 de novembro de 1938. Seberg sempre sonhou em ser atriz, e viu sua grande chance quando Otto Preminger anunciou um concurso pra revelar uma atriz para interpretar Joanna Darc em Santa Joana (Saint Joan, 1957), uma superprodução da época.

Jean Seberg, então com 17 anos de idade e sem nenhuma experiência em atuação, foi escolhida entre 18 mil candidatas.


Jean Seberg em Santa Joana

Jean Seberg teve seu cabelo raspado para o filme, e o cabelo curto acabou tornando-se uma das marcas da atriz. O filme foi um grande fracasso de bilheteria, mas Otto Preminger insistiu na atriz, e a convocou para estrelar Bom Dia, Tristeza (Bonjour Tristesse, 1958), baseado na obra da escritora francesa Françoise Sagan.


Jean Seberg e David Niven em Bom Dia, Tristeza



O filme também não foi bem sucedido, e a atriz recebeu críticas severas, e foi considerada a culpada dos fracassos que protagonizou. As portas de Hollywood se fecharam, e ela se viu obrigada a ir para à Inglaterra, onde atuou na comédia O Rato que Ruge (The Mouse That Roared, 1959).


Mas as coisas mudaram após ela ser escolhida por Jean-Luc Goddard para estrelar, ao lado de Jean-Paul Belmondo, o clássico Acossado (à Bout de Souffle, 1960). O filme venceu o Festival de Cinema de Berlim, e se tornou um grande sucesso mundial, e fez de Jean Seberg uma estrela.

Por ter atuado em uma das obras essenciais da nouvelle vague, muitos acreditam até hoje que a atriz fosse de origem francesa.



Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg em Acossado


A atriz parou de ser atacada pela crítica, e François Truffaut  chegou a declaram que ela era a "melhor atriz da Europa". Hollywood também passou a desejar a atriz novamente, que atuou em seguida em Algemas Partidas (Let No Man Write My Epitaph, 1960).

Seberg intercalou sua carreira entre os Estados Unidos e a Europa, e esteve memorável como uma mulher esquizofrênica em Lillith (Idem, 1964), que fez ao lado de Warren Beatty.



Jean Seberg e Warren Beatty em Lillith


Jean Seberg chegou a ser cotada para viver Lara em Doutor Jivago (Doctor Zivago, 1964), mas acabou perdendo o papel para Julie Christie

Na vida pessoal, a atriz havia tido um casamento abusivo com o escritor François Moreiul, que a humilhava e gritava com ela publicamente. Dona de um enorme senso de justiça, Seberg doava uma pequena fortuna para causas sociais nas quais acreditava.

As constantes viagens para os Estados Unidos, para filmar, fizeram com que ela conhecesse a luta pelos direitos dos negros, numa época em que o racismo e a segregação racial eram legalizadas nos Estados Unidos.

Jean comprou uma casa para estudantes negros que estudavam no Iowa Valley Community College, o que desagradou os vizinhos brancos e conservadores da cidade. Ela passou a ser constantemente atacada na América.

A atriz também contribuiu com doações para os Panteras Negras, o que fez com que ela conhecesse Hakim Jamal, um ativista primo de Malcolm X. Eles se apaixonaram, e tiveram um relacionamento.




A atriz estava incomodando tanto aos conservadores norte-americanos, que tornou-se alvo de investigação do FBI. Ela figurou o topo da lista do Programa de Contrainteligência, e passou a ser alvo de uma campanha difamatória. Anos mais tarde, quando os documentos de seus arquivos tornara-se públicos, podia-se ler a frase: "é urgente 'neutralizar' Jean Seberg".

O FBI grampeou seus telefones, e frequentemente invadiam a sua casa e a revistavam. A casa de amigos, e até dos pais da atriz também foi alvo de buscas, e ela era constantemente abordada por agentes em locais públicos. Certa vez, uma fã foi presa pelo FBI dez minutos após pedir um autógrafo da atriz. O FBI a interrogou para saber exatamente o que Sebeg havia falado para ela.

Em 1970 a atriz engravidou pela segunda vez. Ela ainda era casada legalmente com o escritor Roman Gary, apesar de não ter mais nenhum relacionamento com ele. Mas o FBI divulgou que ela estava grávida de Jamal, o que não era verdade.

Diversos jornais estamparam matérias acusando a atriz de adultera, e de estar gerando um bebê de um relacionamento interracial, que também poderia ser de Raymond Hewitt, outro Pantera Negra, amigo de Jamal.

Os arquivos do FBI, abertos anos mais tarde, mostraram que foi a instituição quem pagou para que essas notícias falsas fossem espalhadas.







O pai do bebê de Jean Seberg era o estudante universitário mexicano Carlos Navarra, que ela havia conhecido quando estava no México, filmando Macho Callaham (1970).

Não aguento a pressão, e com seu estrelato destruído, a atriz sucumbiu a pressão, e teve um colapso nervoso. Ela acabou tendo um parto prematuro de sete meses, e em 23 de agosto de 1970 sua filha faleceu com dois dias de idade.

Poucos dias depois a atriz tentou se suicidar pela primeira vez. Ela tentaria outras 9 vezes, sempre em datas próximas a morte de sua filha. Jean Seberg viveu seus dias amargurada, e torturada por uma paranoia de estar em eterna vigilância por parte do FBI, mesmo morando na Europa.



Documentos do FBI sobre Jean Seberg



Em 1973 ela já estava casada com o diretor Dennis Berry, e não via Hakim Jamal há algum tempo, mas a atriz praticamente enlouqueceu quando viu as notícias que ele havia sido assassinado por sua movimentação política.


Jean Seberg e Dennis Berry



Foi nesta época que o diretor François Truffant ligou diversas vezes para a atriz, lhe oferecendo um papel em A Noite Americana (La Nuit Américaine, 1973), que poderia ter ressuscitado sua decadente carreira, mas Seberg nunca retornou aos telefonemas, e Jacqueline Bisset então foi escalada.

No dia 30 de agosto de 1979 a atriz foi ao cinema com seu novo marido. Eles voltaram para casa após a sessão, mas a atriz disse que iria descer para tomar um ar na rua, e deixou o apartamento do casal, e nunca mais voltou.

Dennis Berry deu queixa do desaparecimento, e dez dias depois o corpo da atriz foi encontrado no banco traseiro de seu carro, enrolado em um cobertor. Ao seu lado, havia um bilhete dizendo "me perdoem, não posso mais viver com meus nervos".

A atriz tinha apenas 40 anos de idade.





Seu corpo estava em decomposição, e a autópsia declarou que ela havia tido uma overdose. Mas seu ex marido, Romain Gary, denunciou o FBI de assassinato, e exigiu um novo exame pericial.

A nova autópsia apenas escreveu "inconclusivo" no laudo. Pouco tempo depois do resultado da nova autópsia, Romain Gary também foi encontrado morto, ele teria cometido suicídio com um tiro na cabeça, mas sua morte também gerou muitas suspeitas.

A atriz Kristen Stewart interpretou Jean Seberg no filme Seberg Contra Todos (Seberg, 2019).


Kristen Stewart como Jean Seberg



Veja também: Tributo a Rita Moreno

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2 Comentários

  1. Muito triste, aqueles malditos acabaram com a vida dela 😢😢😢😢😢😢😢😢😢😢😢😢😢

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