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A selvagem Tuesday Weld


Tuesday Weld tornou-se ídolo dos adolescentes na década de 60, e poderia ter se tornado uma grande estrela do primeiro time se não sabotasse, de propósito, a sua carreira cinematográfica. Por suas atitudes, foi apelidada "Tuesday Wild", Wild em inglês significa "selvagem", e era um trocadilho com seu sobrenome.


Susan Ker Weld nasceu em 27 de agosto de 1943, em Nova York, Estados Unidos. Ela era a terceira filha de Lathrop Motley Weld, membro da tradicional família Weld (fundadores dos Estados Unidos, com vários membros na política). Sua mãe Yosene Balfour Kerr, foi a Balfour Ker, que trabalhava na Revista Life.

Seu pai morreu quando ela tinha três anos de idade, e a família dele quis adotar as crianças legalmente, com a condição de ficar com a guarda das crianças e excluir sua mãe da herança. Yosene recusou, e acabou ficando com os filhos, mas completamente desamparada financeiramente.

Apelidada de Tuesday (terça-feira), a pequena menina, de apenas três anos de idade recebeu a função de sustentar a família, trabalhando como modelo infantil.

Tuesday aos três anos de idade

A pressão sobre a criança fez ela se distanciar da mãe e dos irmãos, e muito jovem ela já não tinha mais características infantis. Seu forçado amadurecimento e a exaustiva carga de trabalho levou a menina a ter um colapso nervoso, aos nove anos de idade.

Aos dez ela começou a fumar e beber. Nesta época também começou a namorar homens mais velhos. Aos doze, sucumbindo a pressão, a menina tentou o suicídio.

Aos dezesseis anos ela assinou contrato com o pequeno estúdio Vanguard Pictures, e estreou no cinema no filme Ritmo Alucinante (Rock Rock Rock!,1956), um filme voltado para adolescentes, recheados de números musicais com astros da época, como Chuck Berry, Frank Lymmon e Teddy Randazzo. Tuesday aparecia cantando, mas na verdade a voz que o público ouviu era da cantora Connie Francis, que dublou a nova estrela.

Teddy Randazzo e Tuesday Weld em Ritmo Alucinante

Sua estreia no cinema chamou a atenção da Warner Brothers, que a testou em um pequeno papel em O Homem Errado (The Wrong Man, 1956), dirigido por Alfred Hitchcock e estrelado por Henry Fonda.

Em seguida foi para a Fox, onde ganhou um papel maior em A Delícia de Um Dilema (Rally 'Round the Flag, Boys!, 1958), coadjuvando Paul Newman e Joanne Woodward.

Dwayne Hickman e Tuesday Weld em A Delícia de Um Dilema

Sem contrato, trabalhou em pequenos papéis em diversos estúdios. Na Paramount interpretou a filha de Danny Kaye no filme A Lágrima que Faltou (The Five Pennis, 1959). Por sua atuação, recebeu o Globo de Ouro de atriz revelação, dividido com as também novatas: Stella Stevens, Angie Dicknson, Janet Munro, Yvette Mimieux, Carol Lynley e Cynthia Chenault.

Em seguida foi para a televisão, ingressando no elenco da série As Aventuras de Ozzie e Harriet (The Adventures of Ozzie and Harriet). Mas o estrelato veio com o papel de Thalia Menninger na série The Many Loves of Dobie Gillis, em 1959. Tuesday interpretava a menina por quem Dwayne Hickman, seu antigo colega de A Delícia de Um Dilema, era apaixonado. O jovem Warren Beatty vivia o rival de Dwayne no coração de Tuesday.

Tuesday e Warren Beatty em The Many Loves of Dobie Gillis

Apesar do sucesso, ela permaneceu na série por apenas uma temporada. Ela teve um papel maio em A Vida Íntima de Adão e Eva (The Private Lives of Adam and Eve, 1960), estrelado por Mickey Rooney, Fay Spain, Paul Anka e Mamie Van Doren.

Paul Anka e Tuesday Weld em A Vida Íntima de Adão e Eva

Depois assinou um longo contrato com a Fox, onde estrelou Dizem que é Amor (High Time, 1960), ao lado de Bing Crosby e o cantor Fabian, dirigido por Blake Edwards.

Cartaz de Dizem que é Amor

Paralelamente, ela investia também nos trabalhos na TV, atuando nas séries 77 Sunset Strip, The Millionaire, Zane Grey Theater e The Tab Hunter Show. Na época, Tuesday e Tab Hunter foram obrigados a fingirem serem namorados. Hunter, o ídolo das adolescentes, era gay, e os estúdios precisavam esconder isto do público.

Tab Hunter e Tuesday Weld

Depois foi escalada para fazer o papel que havia sido de Hope Lange na continuação do filme De Volta à Caldeira do Diabo (Return to Peyton Place, 1961), que não repetiu o sucesso do filme anterior.

Em Coração Rebelde (Wild in the Country, 1961) fez par romântico com o "rei do rock" Elvis Presley, com quem teve um breve romance. Mas Elvis logo se desinteressou pela moça rebelde, que ele não conseguiu domar.

Tuesday Weld e Elvis Presley em Coração Rebelde

Na época, ela também se envolveu com o ator John Ireland, com quem também contracenou em Coração Rebelde, o que causou um grande escândalo. Ela tinha 17 anos, e ele 47. Tuesday ficou famosa por diversos relacionamentos com homens mais velhos.

Sua mãe foi uma das pessoas que ficou escandalizada com os relacionamentos da jovem atriz com homens mais velhos. Tuesday e a mãe não se davam desde que ela era criança, mas era a atriz quem sustentava a casa. Weld então ameaçou a mãe, que se não a deixasse em paz, sairia de casa o dinheiro desapareceria. Embora sua carreira nunca tivesse atingido o estrelato, sua vida conturbada alimentava a imaginação dos fãs, e consequentemente, sua popularidade.

Ao lado de Richard Beymer, estrelou Armadilha Para Solteiros (Bachelor Flat, 1961), que fez um grande sucesso. Mas o sucesso parecia incomodar Tuesday Weld.

Tuesday Weld e Richard Beymer em Armadilha Para Solteiros

Em 1961 ela finalmente saiu de casa, cortando relações definitivas com sua família.

Em Stanley Kubrick queria que ela estrelasse seu novo filme, Lolita (Idem, 1962), no papel de uma adolescente por quem James Mason se apaixona. Seria uma grande chance para a atriz, mas ela recusou o papel, dizendo que já estava "cansada de ser a Lolita". A atriz Sue Lyon acabou ficando com o trabalho.

Tuesday Weld começou então a recusar grandes papéis, que acabaram promovendo a carreira de outras atrizes. Ela disse não para Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (Bonnie and Clyde, 1967),  O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby, 1968), Bravura Indômita (True Grit, 1969), Flor de Cactus (Cactus Flower, 1969) e Bob, Carol, Ted e Alice (Bob & Carol & Ted & Alice, 1969).

Em uma entrevista de 1971 ao New York Times, Weld explicou que ela havia escolhido rejeitar esses papéis precisamente porque acreditava que seriam sucessos comerciais: "Você acha que eu quero um sucesso? Eu recusei 'Bonnie e Clyde' porque eu estava amamentando na época, mas também porque no fundo eu sabia que ia ser um grande sucesso. O mesmo acontecia com Bob, Carol, Fred e Sue, ou seja lá como ele se chamava. Isso cheirava a sucesso." Faye Dunaway e Natalie Wood ficaram com os respectivos papéis.

Tuesday Weld estava amamentando a sua primeira filha. Em 1965 ela havia se casado com o roteirista Claude Harz. Eles divorciaram-se em 1971 e em 1975 ela se casou com o ator Dudley Moore, com quem teve seu segundo filho. O casamento com Moore durou até 1980. Em 1988 ela casou-se com o violinista e maestro israelense Pinchas Zukermaneles também se divorciaram em 1998.

Tuesday Weld e Dudley Moore

E embora tivesse rejeitado filmes que achou que seriam sucesso, continuou trabalhando ocasionalmente no cinema, mas dava preferência a participações especiais na televisão, que pagavam muito e pouco comprometiam sua carreira.

Com Steve McQueen fez comédia Quanto Vale Um Homem (Soldier in the Rain, 1963), mas o filme não foi bem sucedido. Depois, atuou em Bom Mesmo é Amar (I'll Take Sweden, 1965), coadjuvando Bob Hope. O filme ainda contava no elenco com o cantor Frankie Avalon e Dina Merrill, que era sua prima em terceiro grau.

Anthony Perkins também era seu primo distante, e eles trabalharam juntos no hoje cultuado O Despertar Amargo (Pretty Poison, 1968). Eles voltariam a atuar juntos em  Destino que Deus me Deu (Play It As It Lays, 1972), filme pelo qual Tuesday foi indicada ao Globo de Ouro.

Anthony Perkins e Tuesday Weld e O Despertar Amargo

Ela voltou a atuar com Steve McQueen em A Mesa do Diabo (The Cincinatti Kid, 1965), último grande sucesso que ela estrelou. Polêmica, durante um evento de promoção do filme, recusou-se a cumprimentar o governador do estado local, fugindo da cerimônia, na frente de 70 mil pessoas.

Com Steve McQueen em A Mesa do Diabo

Ela ainda atuaria em filmes como Enganando Papai (Lord Love a Duck, 1966), O Pecado de Um Xerife (I Walk the Lien, 1970), Refúgio Seguro (A Safe Place, 1971), mas foi fazendo cada vez menos filmes.

Novamente recusou um importante papel, declinando a oferta de interpretar a Janet em The Rocky Horror Picture Show (1975). Susan Sarandon então foi contratada. Também recusou o papel da atriz Frances Farmer na cinebiografia Frances (Idem, 1982), que valeu uma indicação para o Oscar a Jessica Lange.

Tuesday Weld foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante ao interpretar a desequilibrada Katherine em À Procura de Mr. Goodbar (Looking for Mr. Goodbar, 1977).

Diane Keaton e Tuesday Weld em À Procura de Mr. Goodbar

Nas décadas seguintes, fez muitos filmes inexpressivos, e trabalhos diretamente para a televisão. Mas fez pelo menos dois papéis importantes neste período.

Em Era Uma Vez na América (Once Upon a Time in America, 1984), de Sérgio Leone, ela era a secretária que incita o personagem de Robert de Niro a estuprá-la, durante um assalto a uma joalheria.

James Woods, Robert De Niro, William Forsythe, James Hayden e Tuesday Weld
em Era Uma Vez na América

Ela ainda atuaria com destaque em Um Dia de Fúria (Falling Down, 1993), estrelado por Michael Douglas. Tuesday interpretava a esposa neurótica de um policial. 

Atualmente, ela mora em Aspen, e ainda recebe convites para atuar, mas recusa a maioria deles por falta de interesse. Seu último trabalho no cinema foi em 2001.

Tuesday Weld atualmente


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