Medindo apenas 1,52 metros, a atriz Henriqueta Brieba foi uma gigante da atuação, com uma carreira que durou quase 90 anos. Atuando desde 1904, Henriqueta faz parte de uma geração de atrizes, que já veteranas, foram abraçadas pela televisão.
Enriqueta Nogués Brieba nasceu em Barcelona, na Espanha, em 31 de julho de 1901. Filha do comediante Galeno e da atriz Aurora Brieba, ela era membro de uma família com longa linhagem e tradição teatral.
O começo da Carreira
Sua estrea nos palcos ocorreu quando ela tinha apenas quatro anos de idade, atuando em uma peça de seu pai, ainda em Barcelona. Três anos depois, seus genitores viajaram para o Peru, acompanhando uma companhia teatral.
Henriqueta, que vinha atuando em pequenos papéis desde então, acabou estrelando a peça Gente Menuda (1909), onde interpretava um pobre menino órfão. A peça fez um enorme sucesso, e transformou Brieba em uma grande estrela mirim do país, aclamada pelo público peruano.
Durante uma década ela foi uma das principais atrizes do país, sendo até recebida, em algumas ocasiões, pelo presidente da república.
A chegada ao Brasil
Foi somente no ano de 1919 que Henriqueta Brieba chegou ao Brasil, ainda acompanhada pelos pais, pisando pela primeira vez em um palco brasileiro em Manaus. Após passarem também por Belém e Recife, ela finalmente chegou ao Rio de Janeiro.
Sua tia, a atriz Lola Brieba era casada com o secretário do produtor Francisco Serrador, e consequiu que a família ingressasse no elenco da companhia do Teatro Fenix. Na então capital brasileira, Henriqueta estreou nos palcos na revista Pé de Anjo (1920), onde atuou com sua mãe.
E foi enquanto atuava em Pé de Anjo que ela conheceu o veterano ator João Lopes de Mattos, com quem se casou em 1925. O casamento durou até a morte dele, em 1961.
Nos dez anos seguintes, Henriqueta Brieba foi uma estrela do teatro de revista brasileiro, atuando em diversas peças seguidas. Porém, em 1930, ela resolveu migrar para os espetáculos de operetas, atuando na companhia dos Irmãos Celestinos, de Pedro e Vicente Celestino.
Em 1938 a atriz também ingressou no rádio, atuando no lendário Programa do Casé, o primeiro programa do rádio brasileiro, na época transmitido pela Radio Mayrink Veiga. Dois anos depois, ingressou para o elenco da Rádio Nacional, atuando em diversas rádio novelas (embora nunca tenha abandonado os palcos).
Até o final da década de 1950, Henriqueta Brieba foi uma das principais rádio-atrizes do país, atuando em diversas rádio-novelas. Com talento natural para o humor, ela também atuou em diversos humoristicos radiofônicos, e fez muito sucesso ao interpretar a Dona Ritinha no programa Escolinha da Juju.
Henriqueta Brieba na Televisão
A Escolinha da Juju fazia muito sucesso no rádio, e em 1957 migrou para a televisão, sendo exibida pela TV Rio. Foi na emissora que Henriqueta fez sua estreia na TV.
Na emissora, a atriz atuaria também em muitos teleteatros. Posteriomente, na TV Tupi, Henriqueta Brieba atuou no programa Clube dos Morcegos (1964-1965).
Mas foi somente em 1968 que ela atuaria em sua primeira novela, A Grande Mentira (1968), na Rede Globo. Era uma participação especial, mas dois anos depois ela encantou o público como a Tia Coló em Assim na Terra Como no Céu (1970).
Contratada pela Globo, a atriz tornou-se uma espécie de coadjuvante de outro, atuando em diversas produções seguidas. Na televisão, atuou em Bandeira 2 (1971) e ficou muito popular com o grande público após interpretar uma das três fofoqueiras em Uma Rosa Como Amor (1972).
Seguiram-se papéis em Os Ossos do Barão (1973), Escalada (1975), A Moreninha (1975), Anjo Mau (1976), Estúpido Cupido (1976), Casa Fantástica (1979), Chega Mais (1980), Ciranda de Pedra (1981), Jogo da Vida (1981) e Elas Por Elas (1982).
Ao mesmo tempo em que trabalhava em diversas novelas, a atriz também fazia parte do elenco dos programas humorísticos da emissora, onde interpretou diversos papéis. Neste período, seu papel mais marcante foi a pornô-mãe de Bo Francineide (vivida por Jô Soares), no programa Viva o Gordo (1981-1987). Com Jô, Henriqueta também ficou marcada ao interpretar a mãe do Reizinho.
Na TV, ainda atuou em Guerra dos Sexos (1983), Champagne (1983), Um Sonho a Mais (1985), Cambalacho (1986), Sassaricando (1987), O Primo Basílio (1988), Que Rei Sou Eu? (1989), Gente Fina (1990), Meu Bem, Meu Mal (1990) e O Mapa da Mina (1993).
E também fez participações no programa Escolinha do Professor Raimundo, como a mãe de Dona Cacilda.
Henriqueta Brieba no Cinema
Com mais de quarenta anos de idade, Henriqueta Brieba estreou no cinema no filme Romance de Um Mordedor (1944), mas devido a sua grande atividade teatral e radiofônica, só retornou ao cinema anos depois, quando atuou em Hoje o Galo Sou (1958) e O Batedor de Carteiras (1958).
Pouco tempo depois, atuou na comédia da Atlântida Samba em Brasília (1961).
Em 1969 a atriz atuou em A Penúltima Donzela (1969), precursor das pornochanchadas brasileiras. Posteriormente, a atriz atuaria em mais de trinta produções do gênero, geralmente interpretando tias solteironas.
No cinema, Henriqueta atuou nos filmes Uma Garota em Maus Lençóis (1970), Pra Quem Fica, Tchau (1970), O Enterro da Cafetina (1970), O Bolão (1970), Ascensão e Queda de Um Paquera (1970), Procura-se Uma Virgem (1971), Os Cara de Pau (1971), O Barão Otelo Contra Bilhões (1971), Os Amores de Um Cafona (1971), O Grande Gozador (1972), Com a Cama na Cabeça (1972), Cassy Jones, O Magnífico Sedutor (1972), O Azarento (1972), A Viúva Virgem (1972), O Fraco do Sexo Forte (1973), A Filha da Madame Betina (1973), Toda Nudez Será Castigada (1973).
Também esteve no elenco de Uma Tarde Outra Tarde (1974), O Sexo das Bonecas (1974), Banana Mecânica (1974), Um Sutien Para Papai (1975), O Roubo das Calcinhas (1975), Quando as Mulheres Querem Provas (1975), As Loucuras de um Sedutor (1975), Eu Dou o Que Ela Gosta (1975), Com as Calças na Mão (1975), A Mulata Que Queria Pecar (1977), Manicures a Domicílio (1977), Se Segura, Malandro (1978), O Escolhido de Iemanjá (1978), Viúvas Precisam de Consolo (1979) e O Inseto do Amor (1980).
Sem nunca ter abandonado o teatro, ganhou o único prêmio de sua carreira, o Troféu Molière, por seu desempenho em Caixa de Sombras (1977), onde vivia uma mulher presa à uma cadeira de rodas.
Sob direção de José Celso Martinez Correa, atuou na lendária montagem de O Rei da Vela (1971), e acabou repetindo o mesmo papel na versão cinematográfica de 1980. No cinema a atriz ainda atuou em Para Viver Um Grande Amor (1984) e viveu a Vó Cascadura, uma tartaruga, no infantil Super Xuxa Contra o Baixo Astral (1988), seu último trabalho nas telonas.
Os anos finais
Em 1989 a atriz estrelou a peça Por Falta de Roupa Nova, Passei o Ferro na Velha, que fez um enorme sucesso. O espetáculo ficou em cartaz até 1993.
Porém, Henriqueta Brieba acabou deixando o elenco (e a peça saiu de cartaz) em 1993, devido a problemas de saúde. Foi a primeira vez em 88 anos que parou de trabalhar.
Henriqueta Brieba morreu durante a magrugada de 18 de setembro de 1995, após ficar internada por 45 dias com uma infecção pulmonar aguda. Ela tinha 94 anos de idade.
Seu único filho, Sérgio Luis Mattos, morreu em 1990, com apenas 57 anos de idade.
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