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Nelma Costa, a mais longeva estrela do cinema brasileiro, completa 101 anos de idade

Nelma Costa no filme Um Apólogo (1939)

Houve um tempo em que os artistas tinham funções bem definidas nos palcos brasileiros. Atrizes hoje chamadas de comediantes, como Dercy Gonçalves e Alda Garrido eram as caricatas, enquanto as mocinhas eram chamadas de ingênuas. E Nelma Costa era um das nossas maiores ingênuas.

Nelma Costa foi uma das maiores estrelas do nosso teatro, mas também brilhou no cinema, rádio-teatro e televisão.



Nelma Costa nasceu no Rio de Janeiro em 01 de fevereiro 1922. Vinda de uma família de artistas, Nelma é neta do lendário ator italiano Caetano Magiolli, que veio fazer uma turnê no Brasil ainda nos tempos da corte de Dom Pedro II. 

Por aqui, Caetano conheceu sua futura esposa, a atriz Livia Magiolli, que na época era a estrela nos espetáculos da campanha abolicionista, produções que encenavam textos que debatiam questões contrárias a escravidão, pelos idos de 1880.


Os avós ilustres de Nelma Costa

A mãe de Nelma era a atriz Cora Costa, que foi aluna da primeira escola de teatro do país, fundada em 1909, e seu pai era o ator baiano Alvaro Costa, que chegou a trabalhar com o lendário Pirandello, quando o italiano veio ao Brasil, em 1927. Aliás, Nelma Costa estava na plateia, e conheceu o consagrado dramaturgo.

Ela também é sobrinha neta de Elisa de Castro, outra importante atriz dos primordios do teatro brasileiro, e ė prima da rádio-atriz Teresa Lane.

Com uma linhagem tão nobre, foi inevitável que Nelma Costa seguisse na carreira artística, e aos dois anos de idade ela estrearia como atriz, protagonizando comerciais para os sabonetes Phebo, em 1925. Como ainda não existia televisão (no mundo), estes comerciais eram filmados em película, e exibidos durante as sessões cinematográficas, ainda nos tempos do cinema mudo.

Desta forma, em 2023, Nelma Costa seria a artista mais antiga a atuar nas telas de cinema ainda viva. Registros apontam que o ator Gary Watson seria o último remanescente do cinema mudo norte-americano, porém, Gary nasceu em 1927, e fez seu primeiro filme em 1929.

Nelma estreou nos palcos, a convite de Olavo de Barros, que a colocou no elenco da opereta Kelani (1931), e a partir de então ela não parou mais.


Nelma Costa em 1925


Nelma se tornou uma estrelinha mirim, e brilhou nos palcos na peça Berenice (1931), no recém inaugurado Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Mas sua estreia profissional se deu em 1937, quando foi contratada para a companhia de Jayme Costa (que apesar do sobrenome, não era seu parente).

Conhecedores das agruras da vida artística, seus pais a obrigaram a estudar, e Nelma Costa quase se formou professora. Ela estava terminando o curso de magistério quando recebeu o convite de Jayme Costa, e acabou trancando os estudos, que foram abandonados definitivamente quando Raul Roulien, recém chegado de Hollywood, a convidou para atuar no elenco da peça Malibu (1938), encenada em São Paulo.

Dois anos depois, em 1940, Nelma Costa já havia se tornado uma das mais importantes atrizes do teatro brasileiro, tendo atuando em mais de 140 peças, durante pouco mais de uma década.


Nelma Costa (de vestido de bolinhas) no teatro, 1944

Em 1939 Nelma Costa retornou ao cinema, atuando no curta Um Apólogo (1939), dirigido por Humberto Mauro, considerado um dos "pais do cinema brasileiro". Mas sua intensa atividade teatral a impediu de aceitar muitos convites cinematográficos.


Veja Nelma Costa em Um Apólogo (1939)



Mesmo assim, Nelma Costa foi uma das estrelas da Cinédia, um dos mais importantes estúdios de cinema de nossa história. Dos artistas que atuaram na Cinédia, apenas Nelma Costa, Fada Santoro e Alice Gonzaga ainda estão entre nós, sendo que as duas últimas fizeram apenas pequenas participações.

Nelma atuaria nos filmes O Dia É Nosso (1941), Corações Sem Piloto (1944), Caídos do Céu (1946) e Aguenta Firme, Isidoro (1951).


Nelma Costa e César Ladeira em Corações Sem Piloto


César Fronzi, Dercy Gonçalves, Nelma Costa, Walter D'Ávila e Violeta Ferraz em Caídos do Céu


Foi Olavo de Barros quem também a levou para o rádio, onde ela ingressou em 1939, tornando-se uma das pioneiras das rádio-novelas. Na época a atriz tinha 17 anos, a mesma idade da radiofonia brasileira, cujas transmissões foram iniciadas em 1922.

Após seu casamento, em 1947, e o nascimento de seu único filho, em 1948, Nelma Costa foi se afastando dos palcos e passou a dedicar-se ao trabalho radiofônico, que lhe permitia ficar mais tempo em casa, ao lado de sua família.

Nelma Costa tornou-se uma estrela das rádio-novelas, e também apresentou programas radiofônicos  culinários. E com a chegada da televisão, a atriz também trabalhou no veículo, destacando-se principalmente nas produções da TV Rio.


Nelma Costa e o filho Jader


Nelma Costa no rádio, em 1953

Nelma Costa na TV Rio, em 1957


Entretanto, no começo da década de 1960, Nelma Costa deixou a carreira artística. Viúva, avó e centenária, ela vive uma vida tranquila no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Com a morte de Jupira, em 2022, Nelma Costa tornou-se a mais longeva artista brasileira ainda entre nós.


Esta matéria não seria possível sem a valorosa contribuição do grande pesquisador e ator Daniel Marano, bem como da Coleção Marcelo Del Cima, que gentilmente forneceram imagens e informações. O texto aqui apresentado é baseado na extensa pesquisa de Daniel, que aparece na foto ao lado de Nelma Costa, em novembro de 2022.





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