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A História da breve Ona Munson, a Belle Watling de ...E o Vento Levou

Clark Gable e Ona Munson em ...E o Vento Levou

Ona Munson foi uma estrela da Broadway na década de 1920, e foi protagonista de alguns filmes nos primeiros anos do cinema falado. Mas após um breve hiato em sua carreira cinematográfica, retornou as telas como Belle Watling, a dona do bordel no clássico ...E O Vento Levou (...Gone With the Wind, 1939). Após o enorme sucesso do filme, ela ficou estigmatizada em papéis de mulheres de "má reputação", que limitaram sua carreira.

Uma mulher polêmica e a frente de seu tempo, Ona Munson morreu com apenas 51 anos de idade.


Ona Munson em ...E o Vento Levou

Owena Elizabeth Wolcott nasceu em Portland, Oregon, em 16 de junho de 1903. Ela era a mais velha de quatro filhos, mas todos os seus irmãos morreram ainda na infância. Ela estreou na Broadway em George White Scandals, em 1919. Era um papel pequeno, e ela seguiu em papéis de coadjuvantes até ganhar o papel título em No, No, Nanette (1926). Ainda em 1926 ela se casou com o ator de teatro Edward Buzzell, que mais tarde se tornaria diretor de cinema.

Já consagrada nos palcos, fez sua estreia no cinema em um papel não creditado em Quem Manda Sou Eu (The Head of the Family, 1928). Já separada de Buzzell (embora só tenha oficializado o divórcio em 1931), ela se mudou para Hollywood em 1930, quando assinou contrato com a Warner Bros.

Em 1930 ela estrelou, ao lado de Joe E. Brown, a comédia Going Wild (1930). O filme era originalmente um musical, mas o público rejeitou os números de canto, que foram todos cortados antes do lançamento oficial.


Ona Munson em Going Wild

A atriz pode mostrar seus dotes de cantora em seu filme seguinte, Caprichos de Mulher (The Hot Heiress, 1931), que protagonizou ao lado do ator Ben Lyon.




Após atuar ainda em Broadminded (1931) e Sede de Escândalo (Five Star Final, 1931), ela retornou à Broadway, abandonando o cinema por alguns anos.


Joe E. Brown e Ona Munson em Broadminded


Em 1935, enquanto estrelava a peça Ghosts, ela teve um relacionamento com sua colega de elenco,  a atriz Alla Nazimova. Ona Munson fez parte do famoso "círculo da costura" (Sewing Circle), criado por Nazimova. Era um grupo de mulheres lésbicas de Hollywood que se encontravam na casa da atriz, para expressar sua sexualidade longe dos holofotes dos paparazzi.

Segundo seus biógrafos, a atriz também teve um relacionamento com Greta Garbo, Tallulah Bankehead e a diretora Dorothy Arzner, além de ter um namoro público com o cineasta Ernest Lubitsch.

Munson também teve um longo relacionamento com a dramaturga Mercedes de Acosta, com quem trocou diversas cartas, que foram preservadas na história. Em uma delas, a atriz escreveu que juntas "compartilharam o momento espiritual mais profundo que a vida pode trazer".

A atriz retornou ao cinema vivendo uma mulher fatal em His Exciting Night (1938), na Universal. No mesmo ano, fez um papel não creditado em Escola Dramática (Dramatic School, 1938), na MGM. Com um retorno modesto às telas, ainda atuou em Scandal Sheet (1939) e Legion of Lost Flyers (1939).



Em 1939 o produtor David O. Selznick a escalou como a madame Belle Watling, a prostituta sulista dona do Bordel em ...E o Vento Levou (...Gone With the Wind, 1939). Belle era uma antítese de Scarlet O'Hara, representando a dama sulista, que apesar do bom coração, era uma pária na sociedade. Belle era uma mulher forte e batalhadora, que não media esforços para melhorar sua condição social, embora tenha se perdido moralmente, ao contrário da virtuosa Scarlet.

O papel originalmente havia sido oferecido para Mae West, que o recusou por considerar uma participação menor. Tallulah Bankhead também o recusou pelos mesmos motivos. Então Selzinck chamou Ona Munson, o que causou estranheza em Hollywood, já que a atriz era ruiva, sardenta e franzina, e não era exatamente uma mulher voluptuosa.


Vivien Leigh, Leona Roberts, Olivia de Havilland e Ona Munson em ...E o Vento Levou

O papel era realmente pequeno, mas o sucesso absurdo do filme foi suficiente para projetar a carreira de Ona Munson em Hollywood. Preocupada com a reputação, ela terminou o romance com Acosta, e casou-se com Stewart McDonald, um investidor financeiro, que também era gay. O casamento de fachada permitiu que ela continuasse recebendo convites para atuar no cinema.

Ona ainda apareceu em O Traidor (The Big Guy, 1939) no ano de lançamento de ...E o Vento Levou. Depois disto, basicamente só foi contratada para interpretar outras prostitutas e cafetinas em seus filmes seguintes, como em A Caravana do Oeste (Wagons Westward, 1940), Vidas Sem Rumo (Wild Geese Calling, 1941) e O Carnaval da Vida (Lady From Louisiana, 1941), que ela fez ao lado de John Wayne.

Basicamente, ela era chamada para repetir o papel feito em ...E o Ventou Levou, e até os figurinos que lhe deram eram semelhantes.


Joan Bennet e Ona Munson em Vidas Sem Rumo



A atriz teve um papel de destaque em Tensão em Shangai (The Shanghai Gesture, 1941), de Josef Von Sternberg. No filme ela interpretava a "Mãe" Gin Sling, a dona do cabaré onde Gene Tirney trabalhava. Tanto Gene quanto Ona apareciam extremamente maquiadas para parecerem orientais, a chamava "yellow face" (cara amarela), prática hoje tão condenável quanto a "black face".



Ona Munson em Tensão em Shangai

A atriz ainda atuou em Drums of the Congo (1942), A Leoa do Oeste (Idaho, 1943), Os Farsantes (The Cheaters, 1945), Dakota (1945) e A Casa Vermelha (The Red House, 1947), seu último trabalho no cinema. Ona Munson ainda faria alguns trabalhos na televisão posteriormente.


Ona Munson e Walter Sande em A Casa Vermelha

Em 1950 ela se casou com o pintor Eugene Berman, em um novo casamento de fachada. Eles eram grandes amigos, e foram morar juntos em um apartamento luxuoso em Nova York. Mas a atriz estava sentindo fortes dores após uma mal sucedida cirurgia, que lhe obrigou a tomar muitos barbitúricos para amenizar a dor.

Em depressão, em 11 de fevereiro de 1955 ela cometeu suicídio ingerindo diversos comprimidos que lhe haviam sido prescritos. Berman encontrou o corpo da esposa ao lado de um bilhete que dizia "Esta é a única maneira que conheço para ser livre novamente... por favor, não me siga!".

A atriz tinha apenas 51 anos de idade, embora alguns jornais na época tivessem noticiado que a atriz tinha 48 anos na época.









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