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Laura Suarez, a primeira brasileira a aparecer na televisão


Em 18 de setembro de 1950 ia ao ar a primeira transmissão da televisão brasileira, com a estréia da PRF3-Tupi, fazendo do Brasil o sétimo pais a ter transmissões regulares e interruptas de televisão no mundo.

Na época, apenas Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos, Holanda e Cuba (por poucos dias), já tinham emissoras com programação televisiva diária. 

Existem controvérsias de quem foi o primeiro rosto a aparecer na televisão brasileira. Yara Lins afirmava que foi ela, mas outras fontes dizem que foi a menina Sonia Maria Dorse, uma espécie de Shirley Temple paulista, a primeira a aparecer. Antes delas, as irmãs Miriam Simone e Marly Bueno, apareceram segurando um letreiro, ainda nas transmissões experimentais.


Miriam Simone e Marly Bueno na inauguração da televisão brasileira, em 1950

Meses antes, a Tupi havia feito algumas transmissões experimentais, e em uma delas, ocorrida em 01 de junho de 1950, José Mojica, antigo galã latino de Hollywood, que se tornou padre, cantou nos testes da TV Brasileira. (Já contamos esta história aqui).

José Mojica cantando nos testes de transmissão da TV Tupi

Infelizmente, por ser ao vivo, e não existirem registros da transmissão inaugural, não é possível afirmar quem foi realmente o primeiro rosto da televisão brasileira. Mas como a televisão foi inventada em 1928, e começou a ter transmissões pelo mundo a partir do começo da década de 30, fica a pergunta: algum brasileiro se apresentou na televisão, antes da chegada dela ao Brasil?

E a resposta é sim! Alguns historiadores, afirmar erroneamente que a primeira brasileira na TV mundial foi a atriz e cantora Carmen Miranda. Mas Carmen só estreou na TV em 1948, quando participou do programa norte-americano Texaco Star Theatre, apresentado por Milton Berle. Antes dela, nomes como Nilton Paz, Elvira Pagã, Paulo Monte e Olga Praguer Coelho já haviam trabalhado em programas de televisão internacionais.

Mas a pioneira patrícia a aparecer na televisão foi a atriz e cantora Laura Suarez. Ela havia mudado para os Estados Unidos em 1936, alguns anos antes de Carmen Miranda ir para lá.

A bordo do navio que levou Laura para os EUA, também estava o cantor e ator mexicano Pedro Vargas, após fazer uma temporada no Brasil.


Laura Suarez foi contratada pela rádio NBC (National Broadcast Company) e foi a primeira artista a cantar músicas do folclore brasileiro no rádio norte-americano. Ela também participou de alguns rádio-teatros (falados em inglês, claro), e em 1937 contracenou no microfone com o novato Vincent Prince (um anos antes de estrear no cinema) na peça radiofônica The World and His Wife.

Mas apesar de cantar em português, o repertório da soprano brasileira era variado, cantando músicas de sucesso norte-americana e até mesmo trechos de operas. No rádio, chegou a cantar acompanhada da orquestra de Glenn Miller.


Em 17 de dezembro de 1937 Laura Suarez também cantou nas transmissões experimentais da televisão da NBC. No show chamado When They Play Waltz, ela cantou peças musicais de Tchaikovsky. Foi a primeira vez que um brasileiro apareceu na televisão.

Laura Suarez na NBC, em 1937

Em 1938, Laura Suarez também foi a primeira brasileira a cantar vestida de baiana nos Estados Unidos, um ano antes da chegada de Carmen Miranda ao país. A apresentação ocorreu em um show no Hotel Pierre, em Nova York, em novembro de 1938.

A "baiana" Laura Suarez

Nos Estados Unidos, ela ainda cantou nas casas noturnas Rio e El Marroco.

A Rede NBC só começaria a transmitir uma programação regular a partir de 1939, tendo a atriz Betty White como uma de suas primeiras estrelas. Antes dela, porém, a nossa Laura Suarez fez parte da história da televisão norte-americana.

Laura Suarez na imprensa americana

Em 1939 a manauara Olga Praguer Coelho (1909 - 2008) foi a segunda brasileira a se apresentar na TV, desta vez cantando na BBC inglesa.

Olga Praguer Coelho na BBC, sim isto com rodas é uma câmera

Laura Suarez retornou ao Brasil em 1939.

Laura Suarez (1909 - 1998)

Nascida em 21 de novembro de 1909, na cidade do Rio de Janeiro, Laura Suarez  foi criada em meio a sociedade carioca, onde teve aulas de canto, violão e idiomas. Seu pai era proprietário do Hotel Balneário Ipanema.


Em 1929 ela foi eleita Miss Ipanema, e participou do concurso do Miss Brasil daquele ano, cuja vencedora foi Olga Bergamini de Sá.

Olga Bergamini de Sá, Consuelo Galvão, Ruth da Gama e Silva e Laura Suarez, no Miss Brasil 1929

Assim como Didi Caillet, a Miss Paraná daquele ano, Laura começou a dar recitais, e apresentar-se como cantora, gravando seus primeiros discos pela Brunswick. Ao longo dos anos gravou onze discos de 78 rpm (alguns com canções de sua autoria).

Laura estreou então no rádio, e a convite de Gilberto de Andrade, atuou pela primeira vez na peça A Felicidade é Quasi Nada (1930), no Casino Beira-Mar. Em 1932 ela se casou com William Melkiner, diretor geral da MGM no Brasil.

Laura Suarez e William Melkiner, em seu casamento

Em 1936 o casal mudou-se para os Estados Unidos, onde a cantora ingressou no rádio, e participou das transmissões experimentais da NBC.

Laura, por ter livre acesso aos bastidores da MGM, graças ao cargo do marido, passou a escrever uma coluna de cinema para a revista O Cruzeiro, onde entrevistou nomes como Joan Cawford e Clark Gable. Ela e Gable já tinham uma relação de amizade, desde que o ator estivera no Brasil, em 1934. (Já contamos esta história aqui).

 Laura Suarez e Jimmy Durante

Laura Suarez e Lewis Milestone

A atriz chegou a fazer testes na MGM, muito anunciados por aqui. Mas nunca realmente fez um filme no estúdio, embora rumores digam que ela fez figuração em Sangue e Areia (Blood and Sand, 1941), estrelado por Tyrone Power. Laura seria uma das muitas pessoas sentadas na platéia durante as cenas de tourada.

No cinema norte-americano Laura Suarez só atuou em Venetian Moonlight (1938), uma espécie de teatro de revista filmado, feito por um estúdio menor. Laura aparecia cantando e dançando, vestida de portuguesa, ao lado da portuguesa Rosa Linda.

Laura Suares e Rosa Linda

Mas em 1940, sem muitas explicações, a atriz rescindiu seu contrato com a NBC, e abandonou os possíveis contratos com a MGM, e retornou ao Brasil. Ela nunca explicou os motivos, apenas alegando problemas familiares.

Ainda em 1940 a artista fez uma turnê em Buenos Aires, onde já havia brilhado na década de 30. Lá, ela cantou no show inaugural da rádio El Mundo. Também começou a trabalhar em um filme argentino, do qual seria estrela. Mas o ator principal, Florencio Parravicini, morreu durante as filmagens, e a produção foi cancelada.

Laura Suarez na Rádio El Mundo

No Brasil, foi Raul Roulien quem primeiro contratou Laura Suarez para sua companhia de teatro, em 1941, marcando o seu retorno aos palcos brasileiros. Tal como Laura, Roulien havia trabalhado em Hollywood, embora tenha tido uma carreira muito mais bem sucedida por lá. Cacilda Becker, em começo de carreira, era sua colega de elenco.

Ainda em 1941, estreou no cinema brasileiro em Céu Azul (1941). Neste mesmo ano, foi a cicerone de Orson Welles quando ele esteve no Brasil.

Laura Suarez em Céu Azul

Laur Suarez e Orson Welles

No cinema brasileiro, ainda atuou em 24 Horas de Sonho (1941), Samba em Berlim (1943), O Malandro e a Grã-Fina (1947), A Inconveniência de Ser Esposa (1950), Tudo Azul (1952), Mulher do Diabo (1952), Pista de Grama (1958), Mulheres, Cheguei! (1959), Matemática Zero, Amor Dez (1960). 

Marlene, Luiz Delfino e Laura Suarez em Tudo Azul



Zé Trindade e Laura Suarez em Mulheres, Cheguei!

Também atuou no italiano Uma Rosa Para Todos (Una Rosa Per Tutti, 1967) estrelado por Claudia Cardinale e no argentino Sócio de Alcova (1962), no qual contracenou com Jean-Pierre Aumont. Ambos os filmes foram rodados no Brasil.

Laura Suarez e Jean-Pierre Aumont em Sócio de Alcova

Ao longo dos anos, Laura Suarez, que havia abandonado a carreira de cantora, tornou-se uma grande atriz do nosso teatro, contracenando com nomes como Henriette Morineau, Paulo Autran, Tônia Carrero, Fernanda Montengro, Sadi Cabral e outros grandes nomes dos palcos.

Laura Suarez e Aymée, no teatro (1947)

Em 1952 ela recebeu do jornal O Estado de São Paulo o título de "Atriz Notável", e em 1958 foi eleita pela Associação Brasileiros de Críticos de Teatro como a Melhor Atriz Coadjuvante do Ano, por seu trabalho em Gigi. Laura Suarez também dirigia e muitas vezes traduziu as peças em que se apresentou para o português.

Em 1959, na Cia de Henriette Morineau atuou em Brasileiros em Nova York, uma peça que mostrava artistas brasileiros passando dificuldades na cidade norte-americana. No elenco ainda o ator Paulo Monte, outro brasileiro que também andou por Hollywood, na década de 40.

 Paulo Monte, Laura Suarez, Henriette Morineau e Cilio Costa em Brasileiros em Nova York

Apesar de ser reconhecida por seu trabalho teatral, normalmente fazia papéis pequenos, quase pontas, sem nunca ter seu talento verdadeiramente reconhecido.

E embora tenha sido pioneira da televisão, foi pouco aproveitada pelo veículo por aqui. Em 1956 ela estreou na TV Rio, atuando em Conflito, um teleteatro exibido no Teatro de Variedades. A peça era escrita e dirigida por Laura.

Em 1959 ela retornou a TV, agora na Continental, com o teleteatro O Milagre, de sua autoria. Ela atuou na mesma peça na TV Tupi, em 1961. Depois disto, só voltou a TV em participações especiais nas novelas Carinhoso (1973-74) e Te Contei? (1978).

Em 1978 atuou na peça No Sex... Please! (1978), estrelada por Elizabeth Savalla e Marcelo Picchi (casados na época). O espetáculo fez um enorme sucesso e ficou mais de um ano em cartaz.


Em 1985 Laura Suarez fez seu último trabalho como atriz, na peça Frank Sinatra 4.815 (1985). Depois disto, a atriz desapareceu do cenário artístico brasileiro.

Completamente esquecida pela imprensa, nem mesmo sua data de falecimento é conhecida. Algumas fontes dizem que a atriz faleceu em 1990, mas isto não é verdade. Em 1997 ela deu uma entrevista para o pesquisador Simon Khoury, para o seu livro Bastidores, sobre teatro Brasileiro.

Ainda em 1997, o jornal carioca Tribuna de Imprensa comentou sobre o livro e a carreira de Laura Suarez, que deu uma pequena entrevista para o periódico. O mesmo jornal, anos depois, comentou que a atriz faleceu no ano de 1998, porém, sem informar a data. 


Laura Suarez, a primeira brasileira a aparecer na televisão, desapareceu sem nenhum destaque no veículo de comunicação que ajudou a criar.







Veja também: Entrevista com Miriam Simone, uma pioneira da televisão brasileira



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2 Comentários

  1. Por falar em Laura Suárez, aquela velha sebosa nojenta e metida da tal de Marly Bueno morreu de rabo baixo sem dizer um a de modo que agora felizmente não temos mais que olhar para aquela cara de bunda enrugada e indigesta dela e muito menos aturar aquelas personagens esnobes e intragáveis que ela sempre adorou interpretar com o maior tesão e cinismo do mundo inteiro.

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  2. Tinha a Regina Braga no meu mais alto conceito, mas depois eu vi que ela é só mais uma pilantrinha sem vergonha e ordinária qualquer feito que aquele bastardinho e meliante malcriado e boca suja do filho dela que é o tal do Gabriel Braga Nunes se bem que o pederasta e gigolô boqueteiro e passivo drogado e mau caráter mais estúpido e descarado e mais arrombado e rodado possível da Rede Globo de Televisão é e sempre foi aquele crápulazinha chupador e aidético bissexual e afeminado asqueroso e intragável do Fábio Assunção até os dias de hoje.

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