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Ao mestre Sidney Poitier, com carinho





Um dos mais talentosos atores da história de Hollywood, Sidney Poitier foi o primeiro ator negro a ganhar um Oscar por ser trabalho em Uma Voz nas Sombras (Lilies of the Field, 1963). Ele foi o recordista em bilheteria nos cinemas no ano de 1967.



Sidney Poitier nasceu em Miami, Flórida, em 20 de fevereiro de 1927. Seus plantavam tomates nas Bahamas, e viajam para a Flórida para vender sua produção. Poitier nasceu prematuro de dois meses, durante uma viagem a Flórida. Ele era o mais novo dos sete filhos do casal que sobreviveram, e seus pais acabaram ficando no país por mais três meses, com medo que o bebê não sobrevivesse a viagem de retorno.

Seus avós haviam sido escravos no Haiti, e fugiram para as Bahamas, onde constituíram família. O sobrenome Poitier, era do proprietário da fazenda, e todos os escravos recebiam o sobronome de seus donos.

Poitier viveu nas Bahamas até os dez anos de idade, quando mudou-se então para Nassau. Foi lá que ele viu pela primeira vez um automóvel e eletricidade. Aos 15 anos, seus pais o mandaram para Miami, para morar com um irmão e ter melhores condições de vida. No ano seguinte, ele mudou-se para Nova York, com 16 anos de idade, onde trabalhou como lavador de pratos. Um garçom do restaurante o ensinou a ler e escrever em inglês, com auxílio de jornais deixado por clientes.

Em 1944 ele ingressou na escola American Negro Theatre, fundada pela atriz Ruby Dee, para jovens negros carentes. Ele estreou no teatro, mas inicialmente foi rejeitado pelo público. Poitier não cantava ou dançava, e não fazia papéis cômicos ou estereotipados, como outros atores negros da época. O seu forte sotaque também atrapalhou o começo de sua carreira. Ele estudou muito interpretação, e trabalhou sua dicção, e finalmente conseguiu uma chance na Broadway, atuando em Lysistrata.

Seu primeiro trabalho no cinema foi como figurante no filme Sepia Cinderella (1947), uma versão do conto de fadas protagonizada pela atriz Sheila Guyse, destinada a exibição ao público negro, segregado dos cinemas.

Sheyla Guyse em Sepia Cinderella


O produtor Darryl F. Zanuck o viu no teatro, e o convidou para atuar em O Ódio é Cego (No Way Out, 1950). Ele interpretava um médico que tratava um homem racista, papel de Richard Widmark. Sua atuação chamou a atenção, e lhe abriu as portas para o cinema.


Richard Widmark e Sidney Poitier em O Ódio é Cego


Em 1951, ele viajou para a África do Sul com o ator Canada Lee para estrelar a versão cinematográfica de Os Deserdados (Cry, the Beloved Country, 1951). Ele fez alguns papéis em filmes menores, até que interpretou o rebelde estudante em Semente de Violência (Blackboard Jungle, 1955), que fez muito sucesso.

 Sidney Poitier e Gleen Ford em Sementes de Violência


Sua carreira então decolou, e ele atuou em filmes memoráveis como Sangue Sobre a Terra (Something of Value, 1957), Porgy & Bess (Porgy and Bess, 1959), O Sol Tornará a Brilhar (A Raisin in the Sun, 1961), Tormentos D'Alma (Pressure Point, 1962) e A Maior História de Todos os Tempos (The Greatest Story Ever Told, 1965).


 Sidney Poitier e Dorhoty Dandridge em Porgy & Bess

Em 1958 ele tornou-se o primeiro ator negro indicado ao Oscar por Acorrentados (The Defiant Ones, 1958). Poitier ganharia o prêmio em 1963, por Uma Voz nas Sombras (Lilies of the Field, 1963). Ele tornou-se o primeiro ator afro-descendente a ganhar o prêmio, 24 anos após Hattie McDaniel vencer o prêmio de atriz coadjuvante por ...E o Vento Levou (...Gone With the Wind, 1939). O ator James Basket havia ganho uma estatueta em 1948, por seu trabalho como Tio Remus em A Canção do Sul (South of South, 1946), mas este foi um prêmio especial, fora de competição.

Sidney Poitier recebendo seu Oscar,
com legendas em Português



Poitier ficou feliz com a premiação, mas sentiu que era uma espécie de inibi-lo, para impedir que o ator exigisse melhores papéis ou condições de trabalho. No ano de 1963 ele participava ativamente das marchas pelos direitos civis lideradas por Martin Luther King, e amigos atores, como Ruby Dee, Harry Belafonte e Canada Lee, haviam sido incluídos na lista negra do MacChartismo.

Sidney Poitier e Harry Belafonte na Marcha Pelos Direitos Civis, em Whasington, 1963

Após receber seu Oscar, o ator ficou mais de um ano sem convites para o cinema. Seu primeiro filme feito após ser premiado foi O Caso Bedford (The Bedford Incident, 1965).

Em 1966 ele interpretou o professor Mark Thackerayem Ao Mestre Com Carinho (To Sir, With Love, 1966). O filme fez um grande sucesso, e eternizou a canção tema To Sir With Love, na voz da cantora Lulu.

Lulu canta Ao Mestre, Com Carinho (To Sir With Love)
 




Na sequência, ele atou em seus outros dois grandes sucessos, No Calor da Noite (In the Heat of the Night, 1967) e Adivinhe Quem Vem Para Jantar (Guess Who's Coming to Dinner, 1967). Ambos, campeões de bilheteria no ano de 1967. Os três filmes mais bem sucedidos de sua carreira tratavam sobre questões raciais.

Katharine Houghton, seu par romântico em Adivinhe Quem Vem Para Jantar, é sobrinha da atriz Katharine Hepburn.

Katharine Hepburn, Katharine Houghton, Sidney Poitier e Spencer Tracy em
 Adivinhe Quem Vem Para Jantar
Apesar do sucesso, seus filmes seguinte não foram bem sucedidos, e seu último grande filme foi Noite Sem Fim (They Call Me Mister Tibbs!, 1970). Poitier começou a ser criticado por ser rotulado como personagens afro-americanos excessivamente idealizados que não tinham permissão para ter nenhuma sexualidade ou defeitos de personalidade, como seu personagem em Adivinhe Quem Vem Para Jantar. Ele estava ciente desse padrão, mas vivia um grande conflito. Ele queria papéis mais variados; mas também se sentiu obrigado a dar o exemplo com seus personagens, desafiando velhos estereótipos, já que ele era o único grande ator de ascendência africana a ser escalado para papéis de liderança na indústria cinematográfica americana, na época.

Recebendo poucos convites como ator a partir da década de 70, ele tornou-se também diretor. Seu primeiro filme como cineasta foi em Um por Deus, Outro pelo Diabo (Buck and the Preacher, 1972), ao lado dos amigos Harry Belafonte e Ruby Dee.

 Sidney Poitier, Ruby Dee e Harry Belafonte em Um por Deus, Outro pelo Diabo


Poitier voltou a dirigir e contracenar com Belafonte em Aconteceu num Sábado (Uptown Saturday Night, 1974). Ele atuou em outros filmes que dirigiu como Dezembro Ardente (A Warm December, 1973) e Aconteceu Outra Vez (Let's Do It Again, 1975). Ele dirigiu ao todo nove filmes, não atuando em Os Espertalhões (A Piece of the Action, 1977), Loucos de Dar Nó (Stir Crazy, 1980), Ritmo Quente (Fast Forward, 1985) e Papai Fantasma (Ghost Dad, 1990). Mas seu maior sucesso como diretor foi a comédia Hanky Panky, Uma Dupla em Apuros (Hanky Panky, 1982), estrelada por Gene Wilder.

Em 1974 ele foi condecorado cavaleiro do Império Britânico, recebendo o título de Sir da Rainha Elizabeth.

Em 1996 ele retomou o papel do professor Mark Thackeray em Ao Mestre Com Carinho II (To Sir, With Love II, 1996), uma produção feita para a televisão. Para a televisão também, estrelou o telefilme Mandela e De Klerk (Mandela and De Klerk, 1997), onde interpretou Nelson Mandela.

Sidney Poitier e Michael Caine em Mandela e De Klerk

Após atuar em O Chacal (The Jackal, 1997), o ator fez mais alguns telefilmes, e se aposentou definitivamente em 2001. No ano seguinte foi agraciado com um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra, em reconhecimento por suas "realizações notáveis ​​como artista e como ser humano". Entre 2002 e 2007 ele foi nomeado embaixador das Bahamas na UNESCO.

Em 2014 ele voltou a cerimônia do Oscar, desta vez para entregar o prêmio pela carreira do amigo Harry Belafonte


 Sidney Poitier recebendo o Oscar especial em 2002
 Harry Belafonte recebendo seu Oscar em 2014, das mãos de Sidney Poitier

Sidney Poitier era casado desde 1976 com a atriz Joanna Shimkus, e teve um relacionamento de nove anos com a atriz Diahann Carroll, com quem atuou em Paris Vive à Noite (Paris Blues, 1961).


O ator morreu nas Bahamas em 06 de janeiro de 2022, ele tinha 94 anos de idade e morreu após sofrer uma parada cardíaca.


 Sidney Poitier, atualmente

Sidney Poitier e Morgan Freeman








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3 Comentários

  1. Grande ator. Marcou época na minha geração com o filme: Ao mestre com carinho. Saúde e paz, Campeão.

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  2. Eu o amava e respeitava como pessoa e como artista. Grande perda!

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