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Relembrando a atriz Vivien Leigh


Por muito tempo, os produtores de ...E O Vento Levou (Gone With the Wind, 1939) procuraram uma atriz para viver o papel de Scarlet O'Hara, a protagonista da história. De Lana Turner a Katharine Hepburn, praticamente todas as atrizes de Hollywood fizeram teste para o já famoso papel. Paulette Goddard já era dada como a escolha certa quando o produtor David O. Selznick viu Vivien acompanhada do então namorado Laurence Olivier. Apesar de não ser uma estreante, o produtor adorou o fato de ela ainda ser uma desconhecida nos Estados Unidos, não ficando marcada por papéis feitos anteriormente.

 Vivien Leigh e Laurence Olivier


Vivian Mary Hartley nasceu na Índia, na cidade de Darjeeling, quando o país ainda era uma colônia britânica, no dia 05 de novembro de 1913

Filha de uma família burguesa que trabalhava com câmbio, Vivien nasceu na Índia porque a família fugiu de Londres para escapar dos bombardeios da Primeira Guerra Mundial, mas ao fim do conflito em 1918, a família retornou à Inglaterra.

No ano seguinte, aos seis anos de idade, ela foi internada em um colégio interno. Vivien tinha dois anos a menos que a idade mínima exigida pela escola, que abriu uma exceção. E foi no internato que a menina aprendeu dança, violoncelo e começou a atuar nas peças escolares de final de ano, ao lado de sua amiga, a também interna Maureen O'Sullivan.

 Vivien Leigh quando criança


Vivien permaneceu no colégio interno até os quinze anos, e aos dezoito ingressou na Academia Real de Artes Dramáticas de Londres, que ela abandonou no mesmo ano que ingressou, para se casar com o advogado Hebert Leigh Holman. 

No ano seguinte, em 1933, ela regressou a Academia para terminar seus estudos de atriz. Seu primeiro trabalho no cinema foi em um pequeno papel no filme Things Are Looking Up (1935), e ela passou a usar Leigh, sobrenome do marido, como nome artístico. Neste mesmo ano, ela estrelou a peça The Mask of Virtue (1935), e com ela tornou-se uma estrela quase que instantaneamente.

 Vivien Leigh em The Mask of Virtue (1935).


O produtor cinematográfico viu a atriz em cena e ficou encantado, contratando-a a longo prazo para fazer cinco filmes, o primeiro deles foi Fogo Sobre a Inglaterra (Fire Over England, 1937), onde ela contracenou com Laurence Olivier. Viven e Olivier já se conheciam socialmente, mas foi a primeira vez que tiveram um maior contato. O casal se apaixonou durante as filmagens, e ela decidiu deixar o marido para viver com ele, e enviou a filha para ser criada por sua mãe.

Em seguida, atuaram em 3 Semanas de Loucura (21 Days, 1940). Feito em 1937, o filme foi considerado muito ruim por Korda e permaneceu na gaveta até 1940, somente sendo lançado após o sucesso de ...E o Vento Levou e Rebeca (Idem, 1940), os sucessos que transformaram os atores em astros.

Em 1938, ela foi emprestada para a MGM para atuar em Um Yankee em Oxford (a Yank at Oxford, 1938), estrelado por Robert Taylor. A principio, animada por filmar em Hollywood, Vivien ficou frustrada ao chegar nos estúdios e perceber que seria coadjuvante de sua antiga amiga de escola Maureen O'Sullivan.

 Robert Taylor e Vivien Leigh em Um Yankee (a Yank at Oxford, 1938)


Enquanto a atriz filmava na MGM, Olivier havia sido contratado para viver Heatcliff na produção de O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights, 1939). E foi nesta época que acabou sendo "descoberta" para o papel de Scarlett O'Hara. Antes disso, ainda atuou em Ilusões Perdidas (St. Martin's Lane, 1938), ao lado de Charles Laughton.

Scarlett era a personagens da atriz. Desde 1936, quando ela leu o livro de Margaret Mithcell, que a atriz desejava interpretar tal papel. Anos mais tarde, em uma entrevista, a atriz declarou "Eu me escolhi como Scarlet O'Hara!".

...E O Vento Levou era uma superprodução e todo tempo de filmagem que se pudesse economizar era bem-vindo. Mesmo sem ter escolhido a atriz protagonista, o produtor Selznick já havia iniciado as filmagens, filmando exteriores e cenas de batalha. Certo dia ele reuniu diversos cenários acumulados nos depósitos dos estúdios e os dispôs como uma cidade e colocou fogo neles, para reproduzir o incêndio de Atlanta (e liberar espaço no depósito de cenografia). Laurence Olivier foi convidado para assistir a gravação da cena e levou Viven Consigo. Selznick diria anos mais tarde que ao ver as chamas refletidas no rosto da atriz teve certeza que deveria escolhê-la para o papel.

Cartaz de ...E O Vento Levou (Gone With the Wind, 1939)


O filme tornou-se um sucesso, sendo até hoje uma das maiores bilheterias de Hollywood. O hoje considerado um dos mais importantes clássicos do cinema ganhou 10 Oscars (um record para a época). Além de levar o prêmio de Melhor Filme, também deu o Oscar de melhor atriz para Vivien Leigh, e de melhor atriz coadjuvante para Hattie McDaniel, que se tornou a primeira atriz negra a vencer tal honraria.

Após o sucesso do filme, a atriz estrelou A Ponte de Waterloo (Waterloo Bridge, 1940), que foi um grande sucesso. Em seguida atuou em Lady Hamilton, a Divina Dama (That Hamilton Woman, 1941), novamente ao lado de Laurence Olivier, com quem ela se casou oficialmente em 31 de agosto de 1940.

O casal montou uma companhia teatral e passou a dividir seu tempo com o teatro. Fizeram uma turnê pelo norte da África, para animar as tropas norte-americanas durante a Segunda Guerra Mundial. Mas quando estavam atuando no teatro londrino Vivien ficou doente, sendo diagnosticada com tuberculose, o que a obrigou a se afastar da vida artística por quase um ano.

Sua saúde nunca ficaria completamente restabelecida. Além disso, a atriz sofria de uma forte depressão, aliada a um transtorno bipolar, patologia até então desconhecida. A sua frágil saúde, aliada aos seus problemas psicológicos tornaram-na uma artista pouco atrativa para os estúdios, e indesejada para os diretores cinematográficos. Apesar da enorme fama, sua carreira foi bastante limitada, fazendo com que ela atuasse em poucos filmes.

Após muito tempo afastada, ela viveu a Rainha do Egito em César e Cleópatra (Caesar and Cleopatra, 1945), nas telas do cinema Inglês. Três depois ela atuaria em Anna Karenina (Idem, 1948).

 Vivien Leigh em César e Cleópatra (Caesar and Cleopatra, 1945)


Em 1951, a Warner Bros. começou a produzir a versão cinematográfica de Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire, 1951) e a primeira escolha para o papel de Blance foi a atriz Olivia de Havilland (a Melanie Wilkes de ...E O Vento Levou). Quando alguém lembrou-se que Vivien havia feito o papel magistralmente no teatro londrino em 1949. Após mais de dez anos afastada, a atriz retornou a Hollywood.

Por seu desempenho no filme ela ganhou o segundo Oscar de sua carreira.

 Vivien Leigh como Blance em Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire, 1951)


De volta aos Estados Unidos, ela começou a atuar em No Caminho dos Elefantes (Elephant Walk, 1954), mas teve um colapso nervoso durante as filmagens, e precisou ser substituída pela atriz Elizabeth Taylor. Algumas cenas com a atriz ao longe, andando a cavalo ou subindo escadarias (ao longe) foram mantidas no filme por questão de economia.

Durante as gravações deste filme, Viven chegou a ser amarrada em sua cama, para "conter seus ataques esterícos". Ela havia passado por dois abortos naturais, e o casamento com Olivier começa a ruir, tudo isto a deixou em um profundo estado de depressão.

Em 1960, Vivien Leigh e Laurence Olivier se divorciaram. O ator a abandonara para viver com a comediante Joan Plowright, vinte e dois anos mais nova que ela. Viven ficou um bom tempo afastada, retornando em O Profundo Mar Azul (The Deep Blue Sea , 1955). Depois ela filmou Em Roma na Primavera (The Roman Spring of Mrs. Stone, 1961), um projeto engavetado há anos pela Warner, desde a morte de James Dean.

Vivien fazia uma mulher madura, que se apaixona por um rapaz muitos anos mais jovem, vivido por Warren Beatty. O filme teria inicialmente o ator James Dean como protagonista, mas sua morte repentina em 1955 adiou a produção. Beatty foi escolhido após o estúdio testar outros jovens rapazes, cuja lista incluía John Cassavetes , Anthony Newley, Jeffrey Hunter, Ben Gazzara, James Darren, John Saxon, George Hamilton, Fabian, Terence Stamp e Frankie Avalon para o papel de Paolo.

Viven Leigh faria somente mais um filme, A Nau dos Insensatos (Ship of Fools, 1965). Em 08 de julho de 1967 ela ensaiava a peça A Delicate Balance, de Edward Albee quando teve uma recaída da tuberculose, nunca totalmente curada. Ela faleceu aos 53 anos de idade.

 Vivien Leigh nos bastidores dos ensaios de A Delicate Balance (1967).


Vivien Leigh no Brasil

Em maio de 1962, Vivien Leigh esteve no Brasil com a trupe do Old Vic (um tradicional teatro britânico), onde interpretou Marguerite Gautier, a protagonista de A Dama das Camélias. Foram poucas apresentações no Teatro Municipal do Rio de Janeiro de São Paulo.


Durante a temporada paulista, o espetáculo teatral foi filmado, e exibido pela TV Excelsior, Canal 09 de televisão. Em São Paulo também, a atriz foi homenageada pelos artistas do TBC (Teatro Brasileiro de Comédias) e foi apresentada a Maria Fernanda e Henriette Morineau, as duas atrizes que haviam interpretado Blance DuBois nos palcos brasileiros. Maria Fernanda também havia interpretado Scarlett O'Hara, em uma novela exibida pela TV Tupi, em 1956 (leia sobre essa novela aqui).


Maria Fernanda, Vivien Leigh e Henriette Morineau


Vivien Leigh foi visitar a mãe de Maria Fernanda, a poetisa Cecília Meireles, no hospital, e acabou ficando amiga da autora. Quando deixou o Brasil, levou na mala diversos quadros do pintor Aldemir Martins.


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7 Comentários

  1. Matéria bem informativa e curiosa. Há poucos dados sobre essa atriz e sobretudo sobre essa visita a trabalho no Brasil...

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  2. Michael Carvalho Silva27 de junho de 2021 às 17:07

    Vivien Leigh, atriz britânica belíssima e extremamente sensual que certamente foi a mulher mais linda e talentosa do mundo inteiro em sua própria época.

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  3. Não me canso de admirar a beleza de Vivian Leigh...

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  4. Ótima matéria! Não sabia muito sobre esta atriz.

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  5. Gostei muito! Sempre tive curiosidade em saber da vida dela e nunca achei! Obrigada 😘

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  6. Amei ler sobre ela, que pra.mim é um ícone!❤ o brigada, difícil encontrar artigos tão bons quanto esse, considero esse filme o melhor de todos os tempos !!!

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  7. Parabéns pelo seu empenho em trazer à tona centenas de icones do cinema norte-americano. Não imagino onde conseguiu e consegue tantas informações exceto pela literatura biográfica norte americana. Parabéns!

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