O ator Ross Alexamder, se não tivesse atuado no classico Capitão Blood, de 1935, talvez estivesse hoje completamente esquecido. Entretanto, na década de 1930, ele foi um popular galã da Warner, atuando em uma época em que o estúdio priorizava homens brutos e virís, como Paul Muni e Edward G. Robinson, os astros dos filmes noir produzidos pelo estúdio.
Alexander Ross Smith nasceu em Nova York em 27 de julho de 1907. Ele era desdencente de imigrantes judeus pobres, e cresceu no bairro do Brooklin, e aos 17 anos de idade ingressou em uma escola de atuação.
A Carreira de Ross Alexander
Ross Alexander deu seus primeiros passos no teatro profissional na companhia Boston Repertory Theatre, onde foi colega da atriz Peg Entwislte (que ficou famosa ao pular para a morte do letreiro de Hollywood).
Pouco tempo depois, em 1926, ele foi convidado para atuar na Broadway, na peça The Ladder, um ambicioso projeto com um super orçamento, que, entretanto, foi considerado o maior fracasso de bilhetria de época.
O ator foi trilhando sua carreira atuando em pequenos papéis nos palcos, que pouco faziam para projetar a sua carreira, e em 1928 casou-se com a atriz de vaudeville. Porém, era um casamento aparentemente de fachada, pois ao mesmo tempo ele começou a se envolver com o produtor, diretor e dramaturgo John Golden, que era 33 anos mais velho que ele.
Golden passou a promover seu "púpilo", que começou a ganhar destaque nas produções, bem como na publicidade feita sobre as peças nas quais ele atuava. Por isto, ele chamou a atenção da Paramount, que lhe contratou para estrelar The Wiser Sex (1932) ao lado de Claudette Colbert.
A Paramount tinha grandes expectativas com o ator, e conseguiu, inclusive, anular seu primeiro casamento. Porém, The Wiser Sex não agradou ao público, e causou um grande prejuízo para o estúdio. Ross Alexander então foi colocado na "geladeira", junto com outro ator novato recém contratado, e que também não estava se saíndo muito bem, chamado Cary Grant.
Desgosto com sua experiência no cinema, ele procurou John Golden, e foi morar com ele. O produtor então passou a investiver pesado em sua carreira teatral, chegando inclusive a comprar textos que achava que seriam perfeitos para Alexander protagonizar.
John Golden também conseguiu que seu protegido assinasse contrato com a MGM. Para esconder a homossexualidade, o estúdio obrigou o ator a se casar novamente, para evitar rumores que poderiam chegar a imprensa.
A escolhida foi Aleta Freel, uma debutante de família rica, que tinha aspirações de ser atriz. Aleta e Ross se casaram em 1934, e tiveram Henry Fonda como padrinho de casamento.
Então Ross Alexander sugeriu a MGM que fizessem um teste de tela com sua nova esposa, mas ela se saiu tão mal durante o ensaio, que as câmeras nem foram ligadas. Desta forma, o ator rompeu o contrato com o estúdio, sem nunca ter filmado, e foi para a Warner Bros.
Na Warner, ele ganhou um papel coadjuvante no filme Rumos da Vida (Gentlemen Are Born, 1934). E novamente tentou emplacar a esposa no cinema. Ela fez o teste de câmera, mas se saiu tão mal que o produtor chamou Ross Alexander para assistir seu teste.
O produtor perguntou para o ator recém contratado quanto valia uma atriz como aquela, e constrangido, Alexander respondeu "talvez 50 centavos por semana". Nesta época, um figurante, por exemplo, ganhava em torno de 12 dólares por semana.
E enquanto a carreira de Aleta não decolava, Ross também não emplacava em grandes papéis, passando despercebido nas produções em que atuava.
Porém, ele era um rapaz talentoso, e também era um bom cantor, e acabou chamando a atenção da colunista de fofocas de Hollywood Louella Parsons, que sempre o elogiava em suas colunas. Foi assim que o ator passou a receber cartsas de fãs, fazendo com que o estúdio prestasse mais atenção nele.
Ao lado de um elenco de astros, Ross Alexander foi colocado no elenco da super produção Sonho de uma Noite de Verão (A Midsummer Night's Dream, 1935).
No mesmo ano ele foi escalado para um importante papel no filme Capitão Blood (Captain Blood, 1935), protagonizado pelo astro Errol Fylnn. Haviam rumores de que Ross e Flynn tiveram um caso nos bastidores, acentuado principalmente após Flynn discutir com o diretor da Warner que queria que Ross depilasse as axilas, algo que Errol Flynn foi absolutamente contra.
Há uma cena em que o personagem de Ross, após ser chicoteado, recebe tratamento de Peter Blood (interpretado por Flynn), que cuida de suas costas com muito carinho. A cena é apontada por alguns como tendo um contexto homoerótico latente.
Segundo o autor Lou Lumenick, Errol Flynn e Franchot Tone estavam tão arrasados no funeral de Ross Alexander, que "passaram a noite juntos em memória do amor que compartilharam".
À medida que a carreira de Ross crescia, Aleta Freel estava cada vez mais infeliz. Sem trabalhos como atriz, e as constantes brigas com marido, o casamento tornava-se cada vez mais insuportável.
E após uma discussão com Ross Alexander, ela disse que iria para Nova York, onde havia tido oportunidades na Broadway. Ross teria respondido "pois volte, e pare de me atormentar". Foi então que a aspirante a atriz pegou uma arma que o casal tinha em casa, foi até a frente da residência e deu um tiro na cabeça.
Aleta foi levada ainda com vida para o hospital, mas morreu no dia seguinte, 07 de dezembro de 1935.
Como era de praxe em Hollywood, Ross avisou primeiro ao estúdio, antes de chamar a polícia ou o resgate, e um encarregado da Warner foi até a a residência, levando embora qualquer papel que pudesse comprometer o ator ou outros de seus contatados.
Entre os documentos estavam diversas cartas de John Golden, com quem Ross ainda matinha contato. Entretanto, o pai de Aleta não acreditou no suicídio, e expôs a relação conturbada do casal, incluindo os casos extraconjugais, por parte de Ross, com outros homens.
Ross Alexander foi levado a julgamento, e apesar de ter sido inocentado pelo juri, viu sua carreira ruir. O ator começou a beber, e chegou a ser preso, após brigar com o manobrista de uma boate, enquanto estava embriagado.
Após a morte de Aleta, Ross estrelou Here Comes Carter (1936), uma produção menor do estúdio, onde contracenava com a atriz Anne Nagel. E um dia após o termino das filmagens, Nager e Ross se casaram.
A Warner achou que o casamento era uma publicidade positiva, e o casal também atuou junto em Hot Money (1936). Mas o ator ainda era visto frequentando bares gays, e a Warner cada vez menos tinha interesse nele, devido ao enorme trabalho para abafar os burburinhos.
Ele também voltou a escrever cartas para John Golden, muitas delas interceptadas pelo estúdio (algo muito comum na época).
No natal de 1936 Ross convidou os pais de Anne Nagel para para passarem as festas com eles. E na ceia de natal, fez juras de amor e devoção a nova esposa. O mesmo se repetiu no reveillon.
Porém, no dia 02 de janeiro, após desmontar a árvore de natal com a esposa, o ator disse que iria para o seu quarto escrever poesia, e pediu que o chamassem para o jantar.
Pouco tempo depois, Anne Nagel e os seus empregados ouviram um tiro, e encontraram Ross Alexander morto no celeiro da propriedade. Ele havia dado um tiro na cabeça, treze meses após a morte de Aleta Freel.
Ross Alexander morreu em 02 de janeiro de 1937, aos 29 anos de idade.
Novamente a Warner foi até a sua casa, confiscou cartas, poesias e qualquer coisa que pudesse comprometer o ator. Rumores na época diziam que um homem, que ele havia ficado em um bar, estava chantageado o ator na época de sua morte.
Quando o ator morreu, ele havia acabado de filmar Amores de Opereta (Ready, Willing and Able, 1937), onde tinha um dos papéis principais, mas a Warner cortou seu nome do material de divulgação, e removeu o ator do trailer do filme.
Lee Dixon e Ross Alexander (tocando piano) em Amores de Opereta
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