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Relembrando Richard Basehart, o Almirante Nelson de Viagem ao Fundo do Mar


Richard Basehart era um excelente ator, inclusive muito elogiado pelo gênial Federico Fellini, porém nunca alcançou o estrelato em Hollywood. Foi na televisão, como o Almirante Harriman Nelson da série Viagem ao Fundo do Mar (Voyage to the Bottom of the Sea, 1964-1968), que ele se consagrou junto ao grande público. Dono de uma voz potente, também ficou conhecido como narrador e locutor de diversas produções.




John Richard Basehart nasceu em Ohio, em 31 de agosto de 1914. Bahehart era um dos quatro filhos de uma editora de um jornal local, que havia ficado viúva, e estava em dificuldades financeiras. Ao deixar a faculdade, começou a trabalhar como locutor de rádio, e depois tentou seguir os passos do pai no jornalismo, mas uma controvérsia em uma história publicada por ele o fez largar a profissão, e investir na carreira de ator.

Ele estreou nos palcos em 1932 ainda em sua cidade natal, e posteriormente foi para Nova York, onde desempenhos papéis variados dentro e fora da Broadway.  Em 1945 ele ganhou um prêmio de ator revelação, e começou a chamar a atenção dos produtores cinematográficos.

Richard Basehart estreou no cinema em O Destino se Repete (Repeat Performance, 1947), um filme noir feito por um estúdio menor. Em seguida, atuou em Mansão da Loucura (Cry Wolf, 1947), na Warner, e recebeu muitos elogios pelo seu terceiro filme, Demônio da Noite (He Walked By Night, 1948), onde interpretou um assassino sociopata que é incessantemente perseguido pela polícia. O filme foi rodado em estilo documental, e a crítica escreveu "Com este papel, Basehart se estabelece com uma das descobertas mais talentosas de Hollywood nos últimos anos. Ele ofusca o resto do elenco.





Esta foi a primeira de muitas performances do ator em papéis de homens atormentados e introvertidos, e que sofriam de angústia mental. Sua galeria de personagens incluiu o político francês Rosbepierre, um dos líderes da Revolução Francesa em A Sombra da Guilhotina (Reign of Terror, 1949), e um membro da família Hatfield em Roseanna (Roseanna McCoy, 1949).


Richard Basehart fazendo teste de figurino para A Sombra da Guilhotina


Em Horas Intermináveis (Fourteen Hours, 1951) o ator apresentou um desempenho notável no papel de um homem que ameaça se jogar de um prédio (o filme era baseado em um suicídio real, ocorrido em 1938). Boa parte do filme foi gravado com a câmera em close up no rosto do ator. Anos mais tarde, Basehart lembrou "é o sonho de qualquer ator, monopolizar as lentes da câmera. O papel exigia principalmente as expressões dos meus olhos, lábios e músculos faciais".



Richard Basehart em Horas Intermináveis


Evitando o estrelato convencional do cinema, o ator selecionava meticulosamente os seus papéis, o que lhe garantiu muito respeito junto a crítica, mas não o deixou rico como seus colegas astros. O ator apareceu ainda em filmes como Náufragos do Titanic (Titanic, 1953) e Os Bons Morrem Cedo (The Good Die Young, 1954).

Em 1950, enquanto filmava Horas Intermináveis, sua primeira esposa faleceu repentinamente de um câncer no cérebro. Baseahart ficou arrasado, e diminuiu sua presença nas telas. Mas durante as filmagens de Terrível Suspeita (The House on Telegraph Hill, 1951), ele conheceu a atriz italiana Valentina Cortese, com quem se casou ainda em 1951.


Valentina Cortese e Richard Basehart


Cansado de Hollywood, o ator mudou-se para à Itália, junto com sua nova esposa. Na Itália, Richard Basehart procurou o cineasta Federico Fellini, e lhe pediu emprego no filme A Estrada da Vida (La Strada, 1954).

Fellini disse "depois do que você fez em Horas Intermináveis, pode fazer o que quiser", e lhe deu o papel de Bobo, o acrobata e palhaço por quem Gelsomina (Giulietta Masina) fica encantada quando vai trabalhar no circo.


Richard Basehart e Giulietta Masina em A Estrada da Vida


Na Europa, Basehart filmou na Itália e na Espanha, e se destacou como o nobre fanfarrão em Cartouche, o Espadachim Aventureiro (Le Avventure di Cartouche, 1955), e voltou a trabalhar com Fellini em A Trapaça (Il Bidone, 1955), onde viveu um dos membros da gangue de vigaristas.





Giulietta Masina e Richard Basehart em A Trapaça



O casamento com Valetina Cortese não ia bem, e o ator voltou para os Estados Unidos, para fazer novos trabalhos. Valentina ficou na Itália, junto com o filho do casal, o também ator Jackie Basehart. Richard ligava para a esposa todos os dias, mas ela nunca atendeu ao telefone.


O casal se divorciou legalmente em 1960. De volta à América, o ator interpretou Ishmael em Moby Dick (Idem, 1956) e foi o Ivan, um dos Irmãos Karamazov (The Brothers Karamazov, 1958). E em 1957 recebeu uma indicação ao Bafta por seu desempenho em Para Que Os Outros Possam Viver (Time Limit, 1957).




Richard Basehart em Moby Dick


Yul Brynner e Richard Basehart em Os Irmão Karamazov



Na década de 1960 sua carreira decaiu, e Richard Basehart precisou recorrer a televisão para continuar trabalhando, apesar de ter atuado em filmes como Cinco Mulheres Marcadas (5 Branded Women, 1960), Retrato em Negro (Portrait in Black, 1960), Meu Reino Encantado (For the Love of Mike, 1960), Cinzas Sem Glória (Hitler, 1962), Os Reis do Sol (Kings of the Sun, 1963) e O Mundo Marcha Para o Fim (The Satana Bug, 1965).



Richard Basehart como Adolph Hitler em Cinzas Sem Glória


Em 1964 Richard Basehart começou a interpretar  o Almirante Harriman Nelson na série Viagem ao Fundo do Mar (Voyage to the Bottom of the Sea, 1964-1968), o primeiro dos bem sucedidos seriados criados pelo produtor Irwin Allen.

A série fez um enorme sucesso, e até os dias de hoje encanta uma legião de fãs. 



Richard Basehart e David Hedison em Viagem ao Fundo do Mar





Seu filho, Jackie Basehart (1951-2015), também atuou em um episódio da série, que marcou sua estreia como ator. Já Richard chegou a fazer uma participação especial (como dublador) em outra série famosa de Irwin Allen, Perdidos no Espaço (Lost in Space).


Com o fim de Viagem ao Fundo do Mar, em 1968, Richard Basehart teve dificuldades de retomar sua carreira no cinema, passando a fazer uma série de participações como ator convidado em séries de TV, além de atuar em muitos telefilmes.


No grande écran o ator atuou em Renegado Vingador (Chato's Land, 1972), Fim de Uma Alegria (Rage, 1972), A Mansão Condenada (Mansion of the Doomed, 1976) e A Ilha do Dr. Moreau (The Island of Dr. Moreau, 1977). Seu último trabalho no cinema foi em Muito Além do Jardim (Being There, 1979), ao lado de Peter Sellers.



Richard Basehart em A Ilha do Dr. Moreau


Peter Sellers e Richard Basehart em Muito Além do Jardim


Basehart continuou atuando em algumas séries, e fez muitos trabalhos com sua voz, tendo inclusive narrado a mini série Masada (Idem, 1981), estrelada por Peter O'Toole.

Em 1982 ele interpretou o bilionário Wilton Knight no piloto da série Supermáquina (Knight Rider, 1982), e também forneceu a narração ouvida na abertura do programa, até ele ser cancelado em 1986.



Richard Basehart em A Supermáquina


Seu último trabalho foi narrador do encerramento dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Um dia após a festa de encerramento, ele sofreu o primeiro de muitos derrames, que lhe tiraram a vida em 17 de setembro de 1984.

Richard Basehart ainda foi casado com Diana Lotery (eles se casaram em 1962 e ficaram juntos até a morte do ator). Com Diana ele teve dois filhos, incluindo a maquiadora Gayla Basehart.

Com Diana Lotery, ele fundou uma instituição de proteção aos animais, em 1971, após ver um cachorro ser jogado de um carro em movimento em uma estrada.



Actors and Others For Animals, a fundação criada por Richard Basehart em 1971




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2 Comentários

  1. Parabéns pela pesquisa sobre o saudoso ator Richard Basehart. Um de meus atores favoritos, principalmente sobre sua atuação no seriado "Viagem ao Fundo do Mar". Continue com o excelente trabalho em compartilhar essas preciosas biografias!

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  2. É sempre com prazer que leio teus artigos. Bem escritos, objetivos. Para que curte cinema e seriadis que podemos classificar como clássicos, é muito bom. Parabéns. E continue.

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