Por Diego Nunes
Brad Davis tornou-se astro após atuar em seu primeiro filme. Em 1978 ele protagonizou O Expresso da Meia-Noite (Midnight Express, 1978), que contava a história real de um turista norte-americano preso na Turquia por por de haxixe. Para conseguir escapar das torturas e más condições da prisão, ele precisa fugir no Expresso da Meia-Noite.
Por este papel, o ator foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor ator, e recebeu um Globo de Ouro de Ator revelação.
Brad Davis não era exatamente um estreante, já tendo feito alguns trabalhos na televisão, como a série Sybill (1976), onde fez par romântico com Sally Field e a aclamada série Raízes (Roots, 1977).
Brad Davis e Sally Field em Sybill
Robert Creel Davis nasceu na Flórida, em 06 de novembro de 1949. Brad e o irmão, o também ator Gene Davis, tiveram uma infância complicada. Seu pai era um renomado dentista cuja carreira declinou devido ao alcoolismo. O pai era violento, e junto com a mãe costumava espancar os filhos, que também foram abusados sexualmente por anos, tanto pelo pai como pela mãe.
Aos 16 anos de idade ele venceu um concurso de talentos musicais, e acabou arrumando um emprego no Thetre Atlanta, onde desenvolveu o gosto pela atuação. Ainda menor de idade, ele mudou-se com o irmão para Nova York, e começou a estudar teatro.
Em 1970 ele conseguiu seu primeiro papel na televisão, fazendo uma participação na novela The Young Rebels. Inicialmente ele usava o nome artístico de Bobby Davis, mas como já havia um ator com este nome, passou a assinar como Brad. Após muitos trabalhos na televisão, conseguiu sua grande chance no cinema, estrelando O Expresso da Meia-Noite (Midnight Express, 1978).
Brad então atuou em Amigo é Para Essas Coisas (A Small of Friends, 1980), e depois viveu o corredor americano Jackson Scholz em Carruagens de Fogo (Chariots of Fire, 1981), o vencedor do Oscar de Melhor Filme daquele ano.
Brad Davis em Carruagens de Fogo
Em 1982 ele aceitou o convite do diretor Rainer Werner Fassbinder para interpretar o personagem título em Querelle (Idem, 1982). Davis interpretava um belo marinheiro gay, que seduzia homens e mulheres. Seus agentes haviam aconselhado ao ator a não aceitar o papel, pois ele sofreria preconceitos na indústria de Hollywood, ainda mais porque o ator já havia interpretado personagens homossexuais no teatro, e isto não agradaria ao público do novo galã. Mesmo assim ele disse que queria trabalhar com Fassbinder, naquele que seria o último filme do diretor.
Para piorar a situação, o filme foi um grande fracasso de bilheteria.
Davis não era gay, mas mesmo assim ficou estigmatizado pelo papel. Em 1979 ele havia se casado com a diretora de elenco Susan Blestein, com quem teve um filho, o também ator Alex Blue Davis, mais conhecido como o Dr. Casey Parker em Greys Annatomy.
Alex Blue Davis em Greys Annatomy
Os convites para trabalhar cessaram bruscamente após Querelle. Davis conseguiu apenas algumas aparições em séries de televisão e papéis em filmes feitos diretamente para a televisão. Ele só conseguiria retornar ao cinema no thriller O Homem de Gelo (Cold Steel, 1987), ao lado da nova sensação de Hollywood, Sharon Stone.
Brad Davis e Sharon Stone
Mas sua carreira nunca mais seria a mesma. Ele ainda atuaria em telefilmes como O Plano Para Matar Hitler (The Plot to Kill Hitler, 1990) e Uma Cidade em Perigo (Hangfire, 1991), este último, lançado nas salas de cinema.
Em 1985 ele havia recebido boas críticas pelo papel principal na peça The Normal Heart (1985), escrita por Larry Kramer. A peça foi uma das primeiras produções a abordar o tema da AIDS, que estava explodindo pelo mundo, ainda com muita desinformação e preconceito.
Brad Davis em The Normal Heart
Foi também em 1985 que Davis foi diagnosticado com HIV. O ator havia adquirido a doença anos antes, devido ao seu vício em drogas injetáveis (ele largou o vício em 1981). Com uma carreira já decadente, e com medo de não conseguir mais trabalho para sustentar a família, ele manteve sua condição em segredo para continuar atuando.
Em 1991 ele foi convidado por Robert Altman para fazer uma participação especial no filme O Jogador (The Player, 1992), onde interpretava a si mesmo. O filme foi lançado após a morte do ator, em 08 de setembro de 1991.
Seu último filme, feito para a TV, The Habitation of Dragons (1992), também foi lançado após a sua morte, aos 41 anos de idade.
Após a sua morte, foi publicado um livro de memórias deixado pelo ator. Nele ele contava sobre os abusos sexuais sofridos na infância por ambos os pais, o vício em drogas e o temor que descobrissem sua doença. "Hollywood é uma indústria que promove inúmeros eventos de caridade para arrecadar fundos para à pesquisa da AIDS, mas, na verdade, se houver rumores de que um ator tem HIV, ele não recebe apoio. Ele não trabalha!", escreveu Davis.
Sofrendo com os efeitos do HIV, Brad Davis cometeu suicídio assistido, tomando uma dose letal de medicamentos.
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7 Comentários
Um grande ator, com uma história trágica. Interessante seu relato sobre a hipocrisia de Hollywood, com relação aos seus astros e estrelas.
ResponderExcluirExatamente isso, hipócritas! Todos fazem isso com grandes atores, cantores, etc...
ExcluirÓtimo ator, que pena a sua trágica existência!
ResponderExcluirAcabei de assistir o expresso da meia noite. Muito bom filme, e excelente atuação dele.
ResponderExcluirAtor brilhante que soube fazer as escolhas certas, trabalhar com Fassbinder, por exemplo, mesmo contra as opiniões de agentes e produtores, arriscou, mas sempre brilhante frente às câmeras e no palco, merecia mais oportunidades.
ResponderExcluirAcabei de assistir O Expresso da Meia-noite. Impactante, um clássico imperdível. A atuação talentosa dele é maravilhosa. Um pena uma morte tão trágica e cedo. Hollywood, as drogas,ele não suporto.
ResponderExcluirHá muitos anos assisti ao Expresso da Meia-Noite". Eu tinha 20 ou 21 anos e hoje tenho 63. Impactante. Soube somente agora, procurando informações sobre atores antigos, que ele tinha se suicidado por causa do HIV.
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