Em Depois do Baile (Après le Bal, 1897) a atriz Jeanne d’Alcy protagonizou a primeira cena de nudez do cinema, isto há mais de 120 anos atrás. O filme de cerca de um minuto, a duração das películas da época, mostra uma mulher se despindo e tomando banho com auxílio de uma criada.
d’Alcy era a esposa do diretor George Méliès, pioneiro dos efeitos especiais do cinema. Hoje Méliès tem seu lugar na história do cinema, e seu pioneirismo é reconhecido, mas Jeanne sofre com o ostracismo histórico, apesar de também ser uma importante pioneira da sétima arte.
Ela nasceu em 1865 e mudou-se para Paris em 1888 para tentar a carreira como atriz de teatro. Na capital francesa conheceu o mágico Robert-Houdin e com ele se casou, tornando-se sua assistente de palco. Houdin era o pseudônimo usado por Méliès na época que era prestidigitador.
Quando Méliès começou a produzir seus filmes, teve em Jeanne sua primeira estrela.
Jeanne nos filmes do marido, pioneiro dos efeitos especiais
Entre os feitos pioneiros da atriz estão ter protagonizado as primeiras versões de Fausto (Faust e Marguerite, 1898), Cleópatra (Cléopâtre, 1899) e Joana Darc (Jeanne d’Arc, 1900). Também interpretou a Fada Madrinha na primeira versão de Cinderela (Cendrillon, 1899). Além, claro, de ser a primeira atriz a se despir completamente diante das câmeras.
A atriz geralmente não era creditada nos filmes (algo comum no cinema mudo), e historiadores já identificaram sua presença em pelo menos 15 filmes. Incluindo o clássico Viagem à Lua (Le voyage dans la lune, 1902), filme que ela também foi responsável pelos figurinos.
Mas a ousadia da atriz nas telas na verdade foi mais um dos truques de Méliès. A atriz não ficou realmente nua diante das câmeras, e sim usou uma espécie de roupa de banho (muito curta pra época, é verdade) da cor da pele, simulando a nudez.
Méliès desistiu do cinema, em dificuldades financeiras abriu uma loja de doces e brinquedos em uma estação de trem em Paris, Jeanne trabalhou com ele, e ficou ao seu lado até o fim da vida. O cineasta faleceu em 1938, e Jeanne viveu até 1956 (falecendo os 91 anos). Em 1952 atuou em um filme tributo ao marido, dirigido por Georges Franju.
Em A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011), foi interpretada pela atriz Helen McCrory.
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