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A Viagem à Lua (1902), de George Méliès


O cineasta francês Georges Méliès foi um dos pioneiros no uso da narrativa cinematográfica. Dentre sua longa filmografia (com mais de 500 filmes), o clássico A Viagem à Lua (Le Voyage dans la Lune, 1902) é um de seus filmes mais famosos, e a imagem do foguete atingindo o olho da lua é até hoje uma das cenas mais icônicas e reverenciadas da história do cinema. No livro 1001 Filmes que Você Deve Ver Antes de Morrer, editado por Steven Schneider, A Viagem à Lua ocupa a primeira posição!


Considerado um dos primeiros filmes de ficção científica da história, embora em O Sonho do Astrônomo (La Lune à un Metre, 1898), Méliès já tivesse recorrido a temática da lua.

Cena de  O Sonho do Astrônomo


O filme estreou em Paris em 01 de setembro de 1902, e foi inspirado na obra do escritor Julio Verne e foi o filme mais caro feito até então, as estimativas apontam que ele custou cerca de 30 mil Francos, uma fortuna para época (ainda mais para um curta-metragem). Com mais de 30 cenas, o filme demorou três meses para ser feito (em uma época em que os filmes eram feitos em poucos dias) e contava também com técnicas de animação, sendo um dos primeiros a misturar filmagens e animações.

Antes de ser cineasta, Méliès teve várias profissões, tendo inclusive trabalhado como cartunista. Forte opositor do movimento nacionalista francês da década de 1890, George Méliès transparecia sua crítica em seus quadrinhos, e muitos estudiosos acreditam que A Viagem à Lua seja uma crítica do diretor ao imperialismo colonialista, que desperdiçava recursos e tecnologia em missões inúteis por vaidade.

Caricatura de Méliès de 1890 (usando o pseudônimo de Géo Smile),
criticando a disputa colonial entre Portugal e Inglaterra

Na época, não era comum creditar os atores que atuavam nas produções, e em muitos filmes dos tempos do cinema mudo o nome de seu elenco está perdido. A Viagem à Lua também não tinha créditos, embora alguns registros deixados pelo diretor permitam que conheçamos alguns dos atores deste clássico.

O próprio Méliès atuou na obra. Ele apareceu como ator em cerca de 200 de seus 520 filmes. Em A Viagem à Lua ele interpretou o professor Barbenfouillis, além de emprestar seu próprio rosto para a lua. Jeanne d'Alcy, antiga dançarina do Folies Bergère, e com quem ele viria a se casar, também atua na obra, além de ter trabalhado também como figurinista.

Jeanne Dalcy em A Viagem à Lua

Bleuette Bernon, uma cantora do Cabaré L'Enfer interpretou a mulher sentada na lua crescente. Ela também interpretou a fada madrinha na versão de Méliès de Cinderela (Cendrillon, 1899).

Bleuette Bernon

François Lallement, um dos fuzileiros navais, era operador de câmera na Star Film Company, o estúdio de Méliès. Jules-Eugéne Legris, o líder do desfile, era um mágico que trabalhou no Théâtre Robert-Houdin, que pertenceu ao cineasta.

Ainda no elenco os atores Henri Delannoy e Victor André e Delpierre, Farjaux e Brunnet, cantores de operetas francesas. E as coristas do Théâtre du Châtelet como as estrelas e os acrobatas do Folies Bergère como os alienígenas selenitas.

Em 1908 o espanhol Segundo de Chomón fez Excursion dans la Lune, um remake (não autorizado do filme), copiando quase quadro a quadro do trabalho de Méliès.

Excursion dans la Lune, de Segundo de Chomón

Este não foi o primeiro baque que George Méliès sofreu com o filme. Ele havia investido muito dinheiro na produção, pois pretendia lançar uma cópia nos Estados Unidos, onde poderia obter uma grande bilheteria. Mas Thomas Edison secretamente já havia feito cópias do filme, lançando-as, sem autorização do diretor, nos EUA. O filme fez muito sucesso por lá, mas todo lucro ficou para Edison e suas cópias ilegais.

Edison faturou uma grande fortuna com A Viagem à Lua.

Já Méliès não viu um centavo do lucro das exibições norte-americanas, e anos mais tarde abandonaria o cinema, completamente falido. Na miséria, o cineasta passou a vender doces e brinquedos em uma estação de trem em Paris, no final da vida, para sobreviver.

George Méliès em sua lojinha, na década de 30

Considera perdida por muitos anos, a versão colorida (pintada a mão), foi encontrada em 1993 pela Filmoteca de Catalunya, porém em péssimo estado de conservação. Em 2002, entretanto, outra cópia colorida foi encontrada abandonada em um celeiro, na França. O filme também apresentava a versão mais completa da obra, com a maior duração conhecida. A película enfim foi restaurada em 2010, 109 anos depois de seu lançamento.


O filme recebeu trilha sonora da banda Air, e como era mudo, os diálogos distorcidos apresentados no discurso do professor, são na verdade uma gravação de uma palestra sobre cosmologia de Peter Cole, tocada de trás para a frente.

Assista A Viagem à Lua




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