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Gia Carangi: Da Fama a Miséria




Gia Carangi foi uma das maoires modelos da história, sendo um dos rostos mais fotografados no final da década de 1970 e início dos anos 1980. Porém, uma vida conturbada e cheia de excessos a levou a ruína, acabando com sua bem sucedida carreira no mundo da moda.


Gia Carangi na capa da Vogue

Gia Marie Carangi nasceu na Filadélfia, em 29 de janeiro de 1960. Sua mãe era uma dona de casa e seu pai, italiano, era dono de um restaurante, mas o casamento era conturbado, com muitas discussões e violência, o que fez com que sua mãe saísse da casa quando Gia tinha 11 anos de idade.

A menina ficou com o pai, e perdeu contanto com a mãe.  As pessoas que conheceram Gia culpam sua infância desestruturada pela instabilidade emocional e dependência química que veio a caracterizar sua vida adulta. Ela foi descrita como "carente e manipuladora" por parentes, que se lembravam dela como uma criança mimada e tímida e uma "menininha da mamãe" que não recebeu a atenção maternal que desejava.


Gia Carangi com a mãe

Gia tornou-se uma adolescente popular no ensino médio, e começou a frequentar casas noturnas da Filadélfia, que fez com que ela fosse descoberta por olheiros do mundo da moda. Foi então, que com 17 anos de idade, ela se mudou para Nova York, para investir na carreira de modelo.

Em questão de poucos meses, tornou-se uma das modelos favoritas de fotógrafos famosos, como Richard Avedon, Helmut Newton, Francesco Scavullo, Arthut Elgort, Marco Glaviano e Chris von Wangeheim. O sucesso de sua carreira foi meteórico, e em poucos meses ela já era considerada uma das maiores modelos do mundo.

Muitos historiadores a consideram a "primeira super modelo", porém isto não é bem verdade, já que antes dela, nomes como Jean Shrimpton, Suzy Parker e Janice Dickinson gozaram deste título, ou mesmo Lisa Fonssagrives, que brilhou nos anos de 1940 e 1950, antes sequer de o termo existir. Anos depois, Cindy Crawford foi apelidada de "Baby Gia" por sua semelhança com ela.

Aos 18 anos ela era um fenônemo, e tornou-se uma das frequentadoras da baladada casa noturna Studio 54, frequentada pelas pessoas mais famosas da época. Gia era famosa por usar cocaína e heroina publicamente na boate, ganhando o apelido de Irmã Morfina pelos frequentadores do local.



Gia Carangi e Sandy Linter no Studio 54

Como modelo, ela ganhava cerca de 100 mil dólares por anos, um salário milionário para o final da década de 1970. Gia viu surgir as grandes modelos dos anos 1980, como Linda Evangelista, Claudia Schiffer e Cindy Crawford, mas ainda pegava os melhores trabalhos. Ela era capa das principais revistas, e desfilava para os grandes estilistas, sendo uma das modelos de Versace.




Mas trabalhar com ela era uma experiência caótica. De repente, ela deixava uma sessão de fotos no meio subindo na garupa de algum desconhecido que passava em uma moto, usando as roupas da sessão e desaparecendo por dias. Ou então, entrava numa mercearia e destrinchava um frango assado comendo com as mãos, vestida com um Saint Laurent de luxo, para desespero dos representantes da grife que acompanhavam a sessão de fotos em locação externa. Certa vez, em fotos para um editorial de moda praia, Gia desceu nua da van da produção e começou a correr pela areia. Recusou-se a fotografar de biquiní e exigiu só posar com a parte de cima e nua embaixo, levando à loucura a editora de moda da Vogue,  Vera Wang.

Em 01 de março de 1980 morreu Wilhelmina Cooper, a sua descobridora, e dona da agência para o qual ela trabalhava. Gia tinha uma grande relação de amizade com Wilhemina, e tinha uma grande dependência emocional com sua empresária. Arrasada, ela começou a usar ainda mais drogas, tornando sua situação insustentável. Durante uma sessão de fotos para a Vogue, ela tinha tantas marcas de injeções (devido ao uso de heróina) em seus braços, que suas fotos tiveram que ser retocadas.

Demitida da Wilhemina Models, Gia assinou contrato com a Ford, mas foi demitida duas semanas depois de sua contratação. Tentando deixar as drogas, ela voltou para à Filadélfia, e foi morar com sua mãe e o padrasto.

Gia ficou 21 dias em uma clínica de desintoxicação, mas poucos dias depois ela foi presa após bater seu carro, sob influência de drogas e álcool. Gia ainda voltou para Nova York, para tentar retomar sua carreira de modelo, mas ninguém queria trabalhar com ela, devido a sua péssima fama.

O fotógrafo Francesco Scavullo, seu grande amigo, convenceu a Cosmopolitan para lhe dar uma nova capa de revista, em abril de 1982. Foi seu último grande trabalho como modelo.

Gia Carangi em sua última capa de revista

Em seu último trabalho como modelo, na Tunísia, foi demitida durante o ensaio, devido ao seu comportamento errático. Gia perdeu toda a sua fortuna, e passou os últimos anos de sua vida morando de favor na casa de amigos, pulando de casa em casa até ser expulsa em algum momento.

Ela então arrumou emprego como garçonete em uma cantina em um asilo, e tentou fazer uma nova desintoxicação, sem sucesso.

A decadente modelo descobriu em 1986 ser portadora do vírus da AIDS. Em pouco tempo, a doença a fez perder peso, dentes, cabelo, ter hemorragias internas e manchas e tumores em todo corpo provocadas pelo Sarcoma de Kaposi, e foi internada como indigente no hospital.

Em 18 de novembro de 1986 Gia faleceu em consequências do HIV, com apenas 26 anos de idade. Sua morte demorou muitos meses para ser notíciada, e ninguém do mundo da moda compareceu em seu funeral.

Última foto conhecida de Gia Carangi

Em 1993, uma biografia de Gia Carangi foi escrita pelo jornalista investigativo Stephen Fried: Thing of Beauty: The Tragedy of Supermodel Gia. Baseado nesse livro, a rede HBO lançou em 1998 o filme Gia: Fama e Destruição (Gia, 1998), estrelado por Angelina Jolie, em começo de carreira, no papel da modelo, pelo qual ela recebeu o Globo de Ouro. O filme foi responsável por fazer de Jolie uma grande estrela do cinema.


Angelina Jolie em Gia, Fama e Destruição

Em 1996, a atriz e roteirista Zoë Tamerlis, ela também uma viciada em cocaína e heroína que morreria em 1999, escreveu um roteiro para o cinema sobre a vida de Gia. Tal roteiro nunca foi transformado em filme, mas após a morte de Tamerlis o material documental dela, de Gia, de fotógrafos, familiares da modelo e de Sandy Linter foram incorporados no documentário An American Girl: The Self-Destruction of Gia, de 2003.

Gia nunca atuou no cinema, mas apareceu no clip Atomic, da banda Blondie, de 1980.



Gia Carangi no clip Atomic, da Blondie

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