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Acquanetta, a falsa latina, que escondia suas origens




Houve um tempo em Hollywood que filmes que apresentavam aventuras e fantasias em terras exóticas faziam sucesso junto ao público, e tinham como astros Maria Montez, Thurhan Bey, Jon Hall e Sabu. A exótica Acquanetta também foi outra que ilustrou estes filmes, que era produções baratas, mas que davam lucro, e eram chamados em Hollywood e "filmes pão com manteiga", devido ao baixo custo de produção.

Usando um único nome, ela recebeu o apelido de "O Vulcão Venezuelano", e normalmente interpretava personagens latinas sensuais.


Acquanetta

Ao longo dos anos, muitos artistas inventaram biografias para tornar sua origem mais interessante e atrativa para o público, e Acquanetta foi uma delas.

As revistas publicavam que seu nome era Burnu Acqunetta, uma jovem nascida em uma tribo indígena, filha de mãe nativa e pai venezuelano, e que Acquanetta, na língua de sua mãe, significava "águas profundas".

Seu pai teria morrido quando ela era bebê, e sua mãe casou novamente, e o padrasto a renegou e por isto, Acquanetta foi enviada para um orfanato. E por ter crescido como órfã, ela dizia que não possia documentação, quando um estúdio ou sindicato pedia seus papéis para registro.

Desta forma, sua história de vida tão incrível como alguns dos roteiros dos filmes que ela protagonizou, porém, ela era completamente falsa. Acquanetta na verdade se chamava Mildred Davenport, e nasceu na Carolina do Sul em 17 de julho de 1921.

Ainda criança, Mildred, os pais e os cinco irmãos se mudaram para Nova York, e moravam no bairro do Harlem. E ela não era latina, mas sim afro-americano, mas vivendo em um país onde a Segregação Racial era legal, e sabendo que não haviam muitas oportunidades para artistas pretos, ela preferiu mudar sua raça. Mildred chegou a ir morar um tempo na Venezuela, quando já era famosa, para tentar conseguir cidadania do país, para comprovar sua origem latina.

Seu irmão, Horance Davenport, entrou para a história como "o primeiro juiz afro-americano do Condado de Montgomery".


Acquanetta

Acquanetta começou sua carreira como modelo em Nova York, e em 1942 assinou contrato com a Universal Pictures. Ela estreou no cinema em um pequeno papel no filme As Mil e Uma Noites (Arabian Nights, 1942), interpretando uma das beldades do harén.


Acquanetta em As Mil e Uma Noites

Depois, ela atuou em Rhythm of the Islands (1943), e depois, foi promovida a protagonista no terror A Mulher Fera (Captive Wild Woman, 1944), onde virava uma "mulher macaco". Assim, Acquanetta entrou para o time dos monstros do terror da Universal.


Acquanetta em A Mulher Fera

No estúdio, ela também estrelou A Rainha da Selva (Jungle Woman, 1944), e ainda fez um papel coadjuvante no noir Olhos Vidrados (Dead Man's Eyes, 1944), e depois, foi dispensada da Universal.


Acquanetta em destaque no cartaz de A Rainha da Selva

Após deixar a Universal, ela assinou contrato com a Monogram Pictures, ficando dois anos contratada do estúdio, embora não tenha feito nenhum filme por lá.

Na RKO, ela fez seu único filme de grande orçamento, Tarzan e a Mulher Leopardo (Tarzan and the Leopard Woman, 1946), com Johnny Weissmuller como Tarzan e Acquanetta como a Mulher Leopardo.


Acquanetta em destaque no cartaz de Tarzan e a Mulher Leopardo

Pouco tempo depois, ela se casou com um milionário mexicano, e deixou de atuar. Mas o casamento durou muito pouco, e acabom em 1950. Mas por não ter apresentado documentos legais para a união, para manter sua identidade real em sigilo, ela não só não teve direito aos bens do marido após o divórcio, como perdeu metade dos bens que já tinha para o ex-marido.

As coisas pioraram ainda mais quando em 1952 seu primeiro filho faleceu de câncer, com apenas 5 anos de idade. E precisando de dinheiro (ela vez uma vaquinha para poder pagar pelo funeral da criança), Acquanetta retornou a Hollywood.

Ela ainda atuou em A Espada de Monte Cristo (The Sword of Monte Cristo, 1951), Continente Perdido (Lost Continent, 1951) e Esperto Contra Esperto (Callaway Went Thataway, 1951). Acquanetta ainda apareceria no cinema, como figurante, em Dá-me Tua Mão (Take the High Ground!, 1953).

Em 1955 ela se casou com Jack Ross, um vendedor de carros, e se mudou com ele para o Arizona. Jack era muito popular devido aos anúncios na televisão local, e Acquanetta eventualmente aparecia nas publicidades do marido, que chegou a concorrer ao governo do estado, na década de 1970. Ela também teve um programa na TV local, onde comentava os filmes que seriam exibidos.

Ela também voltou a mídia nos anos 70 quando cobriu o seu carro favorito com cimento, após descobrir uma traição. O casal proeminente do Arizona, era conhecido por grandes doações para teatros e hospitais, e juntos tiveram quatro filhos.



Acquanetta e Jack Ross

O casamento durou até 1980. E uma década depois, retornou ao cinema em seu último trabalho, no filme As Aventuras de Grizzly Adams (The Legend of Grizzly Adams, 1990).

Acquanetta faleceu, vítima do Mal de Alzheimer, em 16 de agosto de 2004, aos 83 anos de idade.

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